Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Macau - Amigos de Moçambique apostam no “dinamismo” dos mais jovens

Uma única lista vai ser apresentada nas eleições da Associação dos Amigos de Moçambique, que se realizam no sábado. Ângelo Rafael prepara-se assim para ser reconduzido na presidência para novo mandato de dois anos, num elenco em que há uma aposta na geração mais nova “para dar mais dinamismo”

A Associação dos Amigos de Moçambique tem o seu acto eleitoral agendado para sábado, 25 de Maio, às 15h30, na sua sede. Apresenta-se a sufrágio uma única lista, o que significa que o actual presidente da Direcção, Ângelo Rafael, deverá ser reconduzido no cargo para mais dois anos de mandato.

A lista apresenta algumas alterações, a principal das quais é a saída da vice-presidência de Tiago Azevedo e a entrada para o seu lugar de um aluno moçambicano que estuda no território, Mahomed Aquil Ibraim. Por outro lado, Carlos Barreto, vice-presidente durante 15 anos e desde 2021 como secretário, passará para suplente do Conselho Fiscal.

“As alterações verificadas têm a ver com pessoas que sempre deram bastante à associação, mas que agora se reformaram na sua vida profissional e estão a residir fora do território, ou então têm menos tempo disponível para continuar a exercer cargos de maior exigência”, explicou Ângelo Rafael ao Jornal Tribuna de Macau.

O presidente, que assumiu a função depois da saída de Macau de Helena Brandão, diz que o objectivo para o próximo biénio é “continuar a fazer aquilo que temos feito, mas fazê-lo ainda melhor”, acrescentando que a Associação dos Amigos de Moçambique se encontra actualmente num processo de transição. “É a passagem da velha guarda para as gerações mais novas e isso, sem que alguns dos mais experientes saiam, possibilitará um maior dinamismo”, observou.

É neste contexto que a equipa directiva sugeriu para vice-presidente Mahomed Aquil Ibraim. “Vai certamente ser uma grande ajuda e um elo de ligação com os estudantes que, na verdade, são uma parte significativa dos membros ou dos associados”, frisa Ângelo Rafael.

De entre as actividades programadas para este ano, o maior destaque vai para o Festival da Lusofonia, em Outubro, evento que reúne todas as associações ligadas aos países de língua portuguesa, e que constitui uma festa popular de grande adesão do público durante três dias.

Talvez pela importância do evento, e apesar de ainda faltarem cerca de cinco meses, a associação começa já a preparar a sua participação, escolhendo o tema que servirá de “pano de fundo” à barraquinha.

Caminhos-de-ferro na Lusofonia

O dirigente associativo levantou o véu daquilo que poderá vir a ser o destaque deste ano. “Na próxima assembleia-geral iremos chegar à decisão final, mas a ideia é este ano evidenciar os caminhos-de-ferro do país”. Se se concretizar o tema dos caminhos-de-ferro, a associação poderá colocar no seu stand um brinquedo-locomotiva “para que as crianças possam ir lá brincar”.

Os caminhos-de-ferro têm sido muito importantes para o desenvolvimento do país. Carlos Barreto, ainda secretário da associação, disse ao JTM que Moçambique do século XIX e início do XX, enquanto colónia, “estava pouco desenvolvido”. Por outro lado, “as vizinhas colónias, sob a bandeira do império britânico, eram exploradas e o império precisava de aceder a essa riqueza, especialmente da África do Sul”.

O dirigente diz que “os ingleses se aproveitaram da situação e criaram companhias para concretizar o desenvolvimento, instalando linhas férreas de acesso à África do Sul, Rodésia, construindo os corredores da Beira e de Nacala, para além de Lourenço Marques”, com caminhos-de-ferro ligados a portos de águas profundas. “Com o passar dos anos, essas infra-estruturas facilitaram a exploração dos recursos naturais e a rede ferroviária foi expandida e modernizada para atender às necessidades de transporte do país”, conclui.

Será esta história que deverá estar em destaque no Festival da Lusofonia, exposta e documentada em vídeos e fotografias.

Entre outras actividades a desenvolver, há uma já para o próprio dia das eleições, com a associação a participar no torneio de futebol de cinco alusivo ao Dia de África, organizado pela Associação da Guiné-Bissau. A prova, cuja confirmação depende das condições climatéricas, contará com formações representativas de outros núcleos lusófonos e será realizada no rinque do Parque de Hac-Sá.

Para o fim-de-semana de 8, 9 e 10 de Junho, o grupo estará igualmente empenhado numa feira com exposição de produtos oriundos dos países lusófonos, no Albergue da Santa Casa. “A ideia é tentar organizar mais eventos e envolver mais os estudantes, para tirar partido da sua dinâmica natural”, salienta o presidente da direcção, de 35 anos, a viver no território há 10, tendo aqui feito o seu mestrado.

No que diz respeito a uma das actividades de gastronomia de maior impacto nos últimos anos, o jantar comemorativo do Dia da Independência de Moçambique, que se celebra a 25 de Junho, não terá este ano nenhum chef vindo de Moçambique. “Vamos fazer um jantar-convívio simples para assinalar da data”, confessa Ângelo Rafael. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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