O primeiro-ministro são-tomense defendeu a revisão do acordo ortográfico da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para tornar a língua portuguesa mais simplificada e dinâmica e para integrar novas palavras oriundas da diversidade cultural lusófona
Questionado
pela Lusa sobre a necessidade de rectificações ao Acordo Ortográfico de 1990,
defendida pela Assembleia Parlamentar da CPLP, por constatar que o documento
“continua a gerar muita controvérsia e confusão” nos Estados membros da
organização lusófona, Patrice Trovoada sublinhou que a “língua é dinâmica” e
que “é normal que se faça algumas correcções”.
O
primeiro-ministro são-tomense falava à margem do acto solene de comemoração do
Dia Mundial da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP defendeu ainda que “tem
sido bem acolhido pelos jovens” deve ser ratificado pelos Estados membros da
CPLP.
“A
língua que é a semente que nos reúne todos e que é a base que nós devemos
desenvolver é a língua portuguesa, só que ela tem que acompanhar o mundo, ela
tem que ser dinâmica, ela tem que se adaptar, ela tem que ser simplificada,
[ser] de maior facilidade de acesso e nessa dinâmica, acho que sim, temos todos
que ratificar, temos que corrigir e temos sempre que ter em mente que a língua
só pode evoluir com a contribuição de todos porque no fundo é o património de
nós todos”, referiu o chefe do Governo são-tomense.
“A
evolução é fundamental, a simplificação é fundamental e sabemos que não vamos
parar por aí. Daqui há mais alguns anos teremos que fazer adaptação, teremos
que integrar palavras que são oriundas também dessa diversidade que nós temos
para assumi-las como sendo palavras portuguesas, então é preciso ver as coisas
de maneira dinâmica”, acrescentou o primeiro-ministro são-tomense.
Patrice
Trovoada adiantou que os novos manuais escolares de São Tomé e Príncipe que
estão em fase de revisão já terão em conta o acordo ortográfico, mas considerou
que por se tratar de um investimento, o fundamental é a forma como tudo tem que
estar suportado “para permitir as adaptações” porque “a revisão custa muito
dinheiro”, mas a tecnologia vai ajudar a acertar os passos quanto a isso, mas é
preciso fazer a adaptação “o mais rapidamente possível”.
A
reunião da Assembleia Parlamentar da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(AP-CPLP), que decorreu na capital angolana em Abril, deliberou “em consenso
que há necessidade de fazer rectificações ao Acordo para que o mesmo possa ser
ratificado proximamente”.
Na
ocasião o presidente da Comissão 3 – Língua, Educação, Ciência e Cultura da
(AP-CPLP), Paulo de Carvalho, admitiu que quanto mais cedo se fizerem as
rectificações “mais cedo os executivos e parlamentos dos Estados que ainda não
ratificaram vão fazê-lo”.
Unificar
normas ortográficas a nível do bloco lusófono estão entre os principais
propósitos deste tratado internacional assinado há 33 anos e que tarda em ser
ratificado por todos os países da CPLP, que levantam questões de natureza
sociocultural dos respectivos povos.
Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove países que compõem a CPLP. In “Expresso
das Ilhas” – Cabo Verde com “Lusa”
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