Uma equipa de especialistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com o Instituto Pedro Nunes (IPN), desenvolveu uma tinta inovadora por adição de resíduos de cascas de ovos com capacidade de impermeabilização à passagem do gás radão.
«O
projeto ShellutionPlus procurou desenvolver cargas minerais biogénicas de forma
inovadora e sustentável para a formulação de tintas e de papel, conciliando os
desafios associados à gestão e processamento de um resíduo alimentar com o
desempenho técnico dos novos produtos desenvolvidos», começa por explicar
Teresa Vieira, professora no Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da
FCTUC.
O
que diferencia o carbonato de cálcio existente no ovo da galinha do que ocorre
na natureza e do sintético «é a nano porosidade que está presente na casca do
ovo, e que se mantém durante o processamento da tinta, contribuindo para
melhorar certas propriedades óticas e potenciar o efeito de barreira à passagem
do gás radão», complementa João Duarte, investigador do IPN, avançando que esta
nova composição de tintas está patenteada.
«No
caso da indústria papeleira demonstrou-se o potencial das cargas minerais
biogénicas para a melhoria das propriedades de resistência mecânica», afirmou
Paulo Ferreira, professor no Departamento de Engenharia Química (DEQ), que
coordenou o projeto na FCTUC, na vertente da aplicação em papel.
Todavia,
revelam os coordenadores do projeto, «não se avançou com a utilização deste
carbonato de cálcio à escala industrial porque a capacidade de produção de
casca de ovo em Portugal não é suficiente para satisfazer as necessidades das
empresas produtoras de papel».
Apesar
dos resultados promissores, esta inovação enfrenta ainda alguns desafios e
necessita de otimização. A quantidade insuficiente de produção da casca de ovo
é um problema, mas a questão da separação da parte orgânica e inorgânica está
também a tornar difícil a sua comercialização.
«Ainda
assim, no futuro o impacto deverá ser positivo, tanto para quem produz o
resíduo, que o consegue encaminhar e evitar a ida para o aterro, como também
para quem o recebe, uma vez que têm um produto melhorado em algumas
características e que advém de um resíduo, posicionando, desta forma, a
indústria na vanguarda da sustentabilidade», concluem.
O
“SHELLUTIONPLUS - Utilização de casca de ovo nanoporosa em cargas de tintas e
papel” foi coordenado pelo investigador João Duarte e pelos docentes da FCTUC
Paulo Ferreira e Teresa Vieira. Universidade de Coimbra - Portugal
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