Projeto internacional visa melhorar a identificação bacteriana e o diagnóstico de infeções através de uma metodologia rápida, fácil e mais barata
Luísa
Peixe e Ângela Novais, respetivamente, líder e investigadora do grupo
BacT_Drugs Lab da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO-FFUP),
sediada na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), acabam de
garantir um importante financiamento de agências internacionais para
desenvolver, validar e implementar, a uma escala internacional, a
espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). Trata-se de
uma técnica inovadora que promete revolucionar a forma como é feita a
identificação diagnóstico de infeções por bactérias multirresistentes.
Este
projeto, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates através do programa
Grand Challenges 2022, tem como objetivo principal implementar a metodologia
num laboratório pediátrico de microbiologia no Bangladesh. A rápida
identificação dos principais patogénicos em hemoculturas é um dos objetivos
prioritários, possibilitando resultados mais rápidos no apoio ao diagnóstico,
tratamento e controlo da infeção.
O
apoio agora concedido pela European Society of Clinical Microbiology and
Infectious Diseases (ESCMID) tem como objetivo validar a utilização da
metodologia para a identificação precisa e mais rápida de estirpes de
Escherichia coli multirresistentes.
O
projeto, que integra a equipa FFUP/UCIBIO, decorre de uma parceria a London
School of Hygiene and Tropical Medicine no Reino Unido, e a Child Health
Research Foundation, do Bangladesh, contando ainda com a colaboração da
Perkin-Elmer na cedência de equipamentos de FT-IR aos parceiros envolvidos.
Conta
com parceiros de institutos de Saúde Pública de referência na Europa,
nomeadamente o Statens Serum Institute (Copenhaga, Dinamarca) e o National
Institute for Public Health and the Environment (Bilthoven, Holanda) com a
finalidade de implementar nestes centros uma metodologia rápida e eficiente
para a deteção de surtos e para o controlo da infeção por E. coli
multirresistentes.
Espectroscopia de FTIR: uma técnica para acelerar o
diagnóstico de infeção por bactérias
Alvo
de investigação por Luísa Peixe e Ângela Novais, desde há alguns anos, a
aplicação de espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR)
permite identificar bactérias, como se tratasse de impressões digitais. Através
do espectro dos microrganismos, é possível compará-lo com outros previamente
identificados e encontrar uma identidade. Este processo permite acelerar o
diagnóstico e, consequentemente, o tratamento.
Existem
tecnologias alternativas, mas quererem recursos especializados e a resposta não
é tão rápida. A proposta da equipa FFUP/UCIBIO, através da aplicação da técnica
de espectroscopia da FTIR, permite uma redução significativa do tempo de
resposta para o diagnóstico (atualmente vários dias), proporcionando informação
relevante em menos de 24 horas.
O
trabalho desenvolvido até agora permitiu já identificar surtos relevantes em
hospitais portugueses, o primeiro dos quais relacionado com uma Klebsiella
pneumoniae multirresistente que afetou vários pacientes no Hospital Santos
Silva em Gaia, em 2015. Atualmente, a metodologia está a ser implementada em
tempo real no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos.
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