Os Dóci Papiaçám di Macau estão de volta. Este sábado e domingo, pelas 20h, sobe ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Macau o espectáculo intitulado “Unga Istrêla ta vem”. O enredo tem a ver com uma disputa entre duas professoras e uma ‘junket’ que tenta rentabilizar a situação. Em palco estará um dos maiores elencos de sempre do espectáculo, adiantou Miguel de Senna Fernandes ao Ponto Final. Sobre o pedido das autoridades para verem o guião de antemão, o fundador do grupo indicou que não houve qualquer interferência e afirmou: “A sociedade moderna tem de ter capacidade de aceitar o humor”
Está
de regresso o espectáculo de teatro em patuá dos Dóci Papiaçám di Macau. Este
fim-de-semana, dias 11 e 12 de Maio, pelas 20h, “Unga Istrêla ta vem” sobe ao
palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Macau.
Este
ano, a história gira em torno de uma disputa entre duas professoras e de uma
aposta organizada por uma ‘junket’ na miséria, explica ao Ponto Final Miguel de
Senna Fernandes, fundador e encenador do grupo de teatro: Délia, uma professora
humilde e envergonhada que tem um defeito na fala, é acossada por Elvira, uma
professora conhecida e ‘bully’. Um despique entre as duas é aproveitado por
Giselda, a tal ‘junket’ que precisa de dinheiro rápido, dada a situação actual
de fragilidade dos promotores de jogo em Macau. “A aposta está no sangue da
população de Macau”, comenta o encenador.
Este
ano, há 21 actores em palco: “É um dos maiores elencos de sempre”. Entre os
actores, o destaque vai para a forte presença juvenil em palco. Há cinco
crianças, entre os 9 e 11 anos. “Elas portam-se lindamente, eu fico
absolutamente maravilhado com aquilo que elas fazem”, diz Miguel de Senna
Fernandes.
A
música, tal como nos espectáculos anteriores, estará também em destaque. Ainda
não é um musical, mas para lá caminha, confidencia Senna Fernandes. Este ano, a
peça vai incorporar seis temas da autoria do próprio fundador dos Dóci. Os
vídeos humorísticos apresentados no intervalo, realizados por Sérgio Perez,
também se mantêm este ano.
“Não há razões para temer o humor dos Dóci Papiaçám”
Em
Março, depois da apresentação do programa do Festival de Artes de Macau – no
qual o espectáculo dos Dóci Papiaçám di Macau está integrado – ficou a saber-se
que, este ano, as autoridades exigiram ver os guiões dos espectáculos em
antemão. Na altura, Miguel de Senna Fernandes mostrou-se descontente com a
situação, assinalando que esta era uma situação inédita desde que começaram a
apresentar o teatro em patuá.
Agora,
o encenador indicou que, depois disso, a comissão de avaliação dos espectáculos
não disse mais nada e, portanto, não exigiu nenhuma alteração à peça dos Dóci.
“Compreendo
que os espectáculos são subsidiados pelo Governo e que o Governo quer
minimamente saber quais são os conteúdos. Eu compreendo isto. [Porém], a
entidade competente que convida tem de saber de antemão o que é que pode
esperar”, diz, acrescentando: “A questão de fundo é a capacidade de humor e de
aceitar o humor. Qualquer sociedade precisa de humor. A sociedade moderna tem
de ter capacidade de aceitar o humor”. Em conclusão, atirou: “Não há razões
para temer o humor dos Dóci Papiaçám”. André Vinagre – Macau in “Ponto
Final”
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