A portuguesa Anabela Viralhadas, que vive na Califórnia
desde 2016, lançou a série ‘online’ “Cooking with Bela” para ensinar
culinária tradicional aos americanos interessados em aprender a fazer pratos típicos
de Portugal
“A
quarentena chegou e eu estava a sentir as pessoas muito tristes”, disse à Lusa
Anabela Viralhadas, explicando que foi por isso que teve a ideia de começar a
dar aulas de cozinha usando a plataforma Zoom. “Muita gente aderiu logo, porque
gostam muito da minha comida”, acrescentou.
O
público-alvo é sobretudo o americano e inclui pessoas com alguma ligação à
comunidade portuguesa, que não têm grandes conhecimentos de cozinha. “Tenho
muitas que dizem que a sogra é portuguesa e gostavam de lhe fazer uma
surpresa”, explicou, ou em que “o marido é português e não sabem fazer nada”.
Desde
maio, Anabela Viralhadas já ensinou a fazer pão, feijoada à portuguesa,
sangria, pão de ló, pão com chouriço, serradura e queijadas de leite, entre
outros pratos típicos.
“Ver
um sorriso na cara de uma senhora de 60 anos que pela primeira vez conseguiu
fazer pão na vida dela é fantástico”, admitiu a portuguesa, que vive em
Brentwood, norte da Califórnia. “Acho que as famílias americanas são muito
desconectadas nesse sentido”, frisou.
A
maior dificuldade que sentiu foi a adaptação dos ingredientes. “Houve um
desafio muito grande que era traduzir as receitas portuguesas para a qualidade
dos produtos em vários países, o que não é fácil”, explicou.
“Aqui
a farinha é pesadíssima em relação à farinha portuguesa e o açúcar é três vezes
mais doce”, apontou, frisando que a manteiga e o leite também não são iguais.
Para fazer as receitas normais, “e dar a conhecer a cultura portuguesa”, foi
preciso experimentar e ajustar constantemente.
Nem
sempre essa adaptação é possível, reconheceu. “Há uma coisa que não consegui:
adorava a minha tarte de maçã em Portugal e aqui é difícil arranjar maçã
reineta”.
Após
a experiência dos últimos meses, Anabela Viralhadas está a começar a alargar o
seu plano e a pesquisar alternativas sem glúten e vegetarianas, que irá abordar
no futuro. Pretende também criar um formato individual.
“Agora
estou com uma ideia nova de dar aulas particulares, porque notei que as pessoas
ficam com vergonha de dizer que não sabem quando estão 20 pessoas numa classe
de Zoom”, adiantou a portuguesa, notando que pode ser difícil para alguém com
muito poucos conhecimentos acompanhar uma aula de grupo. “O que eu gosto mesmo
é ensinar àquela pessoa que não sabe nada. O meu alvo são essas pessoas”,
vincou.
Com
as aulas a crescerem em popularidade junto do público norte-americano, Anabela
começou também a ter alunos de outras partes do mundo, incluindo África do Sul
e mesmo Portugal.
“Estou
também a ter público português”, afirmou, o que a deverá levar a traduzir o seu
‘site’ e blogue, atualmente em inglês. “Mesmo portugueses de Portugal estão
super interessados nas minhas coisas”, assegurou, algo que considerou notável e
não planeado.
A
periodicidade das aulas “Cooking with Bela” deverá passar a ser repartida entre
grupos e particulares, com a portuguesa a apontar para três vezes por semana.
Antes
da pandemia de covid-19 obrigar ao confinamento, Anabela estava a estudar
contabilidade, um plano que agora está em suspenso. As aulas de culinária
marcaram uma mudança na sua vida que foi inesperada.
“Gosto
muito de conviver e tive sempre muitas amigas que gostavam da minha comida,
dava festas, fazia comida para toda a gente e tentava explicar e ensinar”,
contou. “A minha paixão pela cozinha esteve sempre em mim”, concluiu. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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