Mindelo
– O violinista franco-polaco Martin Rose, amigo da falecida cantora
cabo-verdiana Cesária Évora, lançou no mercado o seu primeiro álbum a solo,
“Inspiração de nha Sina”, CD que homenageia a morna e a sua amiga Cize.
Em
declarações à Inforpress, Martin Rose explicou que o álbum de 12 faixas
musicais traz uma mistura de mornas e coladeiras antigas que exprime a
importância que a morna teve na sua vida.
“Foi
através da morna que conheci esse país maravilhoso que é Cabo Verde, o seu povo
e a sua cultura. Foi nesse país que fiz grandes amizades, portanto dedico este
álbum à morna e à Cesária que tem sido uma grande inspiração na minha vida,”
disse o violinista que se apelida de ˈmussim de Soncenteˈ (rapazinho de São
Vicente) por saber falar e escrever em crioulo de São Vicente.
O
artista revelou que Cesária Évora “desde o princípio” o tratou como um amigo,
porque foi “sempre bem recebido na sua casa e quando se encontravam na Europa,
durante as tournées”. Por isso, incluiu no álbum a música ‘Cize’, feito por
Morgadinho numa vénia à cantora.
Segundo
Martin Rose, o trabalho discográfico tem mornas de “grandes figuras” desse
género como B.Leza, Eugénio Tavares, Manuel de Novas, Morgadinho entre outros.
O
CD foi gravado maioritariamente em Lisboa e também em São Vicente e, conforme
Martin Rose, é a concretização de uma ideia que teve quando começou a tocar com
músicos de Cabo Verde.
Nele,
participaram ainda Bau, que fez o acompanhamento e solo de violão, viola e
cavaquinho, Carlos Martos, no arranjo de piano, Zé Paris, no baixo, e Tey
Santos, na bateria.
“A
maioria das músicas deste CD já foi gravada por vários cantores entre os quais
Cesária e Bana. Há outras que estavam quase que esquecidas como a coladeira de
Ti Goy de nome ˈFalsiaˈ que foi interpretada por Djack Monteiro na década de
60”, adiantou o franco-polaco.
Segundo
o violinista, a morna teve a sua “honra, a sua glória e a sua decadência”. Mas,
o reconhecimento por parte da Unesco é uma forma de “não se esquecer nem
abandonar este património construído pela história de um povo e que faz parte
da sua identidade”.
Neste
sentido, referiu que o álbum é também uma tentativa de “enaltecer” “a beleza da
morna e seus compositores, do seu jeito com o seu violino e sentimento”.
A
mesma fonte manifestou a vontade de presentear os cabo-verdianos pessoalmente
com as suas mornas ao violino, mas devido à situação sanitária provocada pela
covid-19 decidiu lançá-lo, por enquanto, nas plataformas digitais. Mesmo assim
disse esperar que o público possa “viajar ao som dessas melodias”.
“Essa
mistura de violino clássico com instrumentos tradicionais de Cabo Verde é
bastante original. Adoraria se este trabalho contribuísse para fazer as pessoas
viver a morna e chamar a atenção do público, jovem e não só, sobre esse grande
valor que a música tradicional cabo-verdiana tem”, afiançou Martim Rose que
futuramente pensa gravar outro CD de música cabo-verdiana, mas com voz.
Na
sua página de promoção do CD, diz que o “projecto reúne dois mundos
habitualmente distintos. O da música folclórica, ou seja do mundo, tocada por
grandes músicos habituados aos palcos internacionais e o da música clássica que
confere ao som do violino do franco-polaco Martin uma pureza e expressividade
inegável”, lê-se na página.
Diz
ainda que o álbum revela “uma fusão de culturas que demonstra a universalidade
da música como forma de transmitir sentimentos”. In “Inforpress”
– Cabo Verde
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