Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Nações Unidas - Sanções continuam sendo relevantes para a Guiné-Bissau

Num novo relatório sobre o país africano para o Conselho de Segurança, o secretário-geral, António Guterres, cita “preocupação e desapontamento” ao comentar as eleições presidenciais. Guterres defende a criação de grupo de especialistas para apoiar os esforços das autoridades e monitorizar “recursos do crime organizado”



O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o regime de sanções, estabelecido pelo Conselho de Segurança, em 2012, “continua sendo relevante” na Guiné-Bissau.

Na época, o órgão da ONU tomou a medida após um grupo autoproclamado “Comando Militar” realizar um golpe depondo o presidente interino, Raimundo Pereira, e o então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.

Dois governos

Num novo relatório, divulgado nesta segunda-feira, 31 de agosto, Guterres vê “motivo de decepção e preocupação” ao analisar eventos desde as eleições presidenciais de dezembro. Segundo ele, existem “desafios à ordem constitucional com a existência de dois primeiros-ministros e, temporariamente, dois governos paralelos".

Para o secretário-geral das Nações Unidas, “todos estes fatores supõem um risco para a estabilização da ordem constitucional na Guiné-Bissau.”

Em julho, o Conselho exortou as autoridades guineenses a tomar medidas concretas para garantir a paz, a segurança e a estabilidade. Com essas ações a expectativa era ajudar a resolver a crise política através do diálogo inclusivo com todas as partes interessadas.

O relatório defende que a manutenção das medidas punitivas declaradas há quase oito anos “pode desempenhar um papel de apoio nos esforços exigidos das autoridades” no país lusófono do oeste da África.

Resolução

As eleições de dezembro foram disputadas pelos ex-primeiros-ministros Domingos Simões Pereira, e Umaro Sissoco Embaló. As autoridades eleitorais do país declararam Embaló vencedor do pleito.

António Guterres afirma que é importante que o Conselho de Segurança considere manter o regime de sanções.

De acordo com o relatório, isso “também enviará uma mensagem clara ao povo da Guiné-Bissau de que o regime de sanções é aplicável a todos os perturbadores da ordem, independentemente da sua filiação política ou institucional.”

Com base em recomendações anteriores, Guterres destaca que dado o contexto político atual, o Conselho de Segurança pode estabelecer um painel de especialistas. 

Para ele, o grupo de peritos poderia “aprofundar a base de informações do Comitê de sanções a fim de promover uma maior conscientização do regime de sanções dentro do país.”

Medidas

Entre as funções do grupo estão: compreender melhor os fatores que levaram ao recente envolvimento das forças de defesa no processo político, identificar aqueles que atendem aos critérios para serem incluídos nas medidas direcionadas.

O documento aponta ainda que é preciso monitorizar os recursos do crime organizado “usados para apoiar indivíduos que buscam impedir a restauração da ordem constitucional”.

De acordo com Guterres, os peritos apoiariam o Comitê na revisão da lista de sanções, ajudariam ainda a avaliar a capacidade das autoridades locais de monitorizar o tráfico ilícito e as atividades criminosas transnacionais “considerando seu impacto potencial na paz e estabilidade no país e na subregião”. ONU News – Nações Unidas

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