Concurso
para financiar movimentos associativos é uma boa iniciativa, os apoios são
bem-vindos, mas as associações de Macau lidam com falta de informação e um
histórico de inactividade de Portugal no que diz respeito a apoios vindos de
Lisboa
Uma
iniciativa que merece muitos elogios, mas olhada com algum cepticismo devido a
muitos anos de inactividade. É desta forma que as associações locais ouvidas
pelo HM encaram o concurso promovido pelo Estado Português para financiar os
movimentos associativos das comunidades portuguesas.
A
abertura de candidaturas, para que as associações que servem as comunidades
portuguesas, decorre entre 1 de Outubro de 31 de Dezembro de 2020 e este ano,
ao contrário do anterior, a iniciativa foi promovida pelo Consulado nas redes
sociais.
A
promoção não passou despercebida às associações locais, que elogiam a
iniciativa, apesar de já terem aprendido a viver sem apoios vindos de Portugal.
É este o cenário traçado por Amélia António, presidente da Casa de Portugal, e
Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses.
“Considero
que pode ser um apoio muito importante, até porque há associações que não
conseguem outros apoios. Até para nós [Casa de Portugal] haver esta
possibilidade é importante porque os apoios podem sempre tapar buracos no
orçamento”, considerou Amélia António.
A
importância não se prende apenas com a questão financeira, é também política,
principalmente quando a associação depende do financiamento de instituições
ligadas ao Governo da RAEM. “É muito desagradável estar num sítio onde se está
completamente dependente das ajudas locais e do país onde se está, e ao mesmo
tempo que não sem tem ajuda nenhuma do país de origem”, vincou. “Cria situações
delicadas, principalmente quando se pede ajuda. Às vezes ouvem-se coisas de que
não se gosta”, acrescentou.
Falta de informação
Por
sua vez, Miguel de Senna Fernandes apontou o facto de haver pouca informação
sobre este concurso junto das associações locais, o que faz com que persistam
ainda muitas dúvidas. “A intenção é boa, e é sempre de louvar quando o
Ministério dos Negócios Estrangeiros toma uma iniciativa a pensar na diáspora,
mas era bom que nos dessem mais informação sobre o programa. Só espero que não
seja apenas uma manifestação de boas intenções” disse o presidente da ADM.
Já
sobre o facto de as associações locais terem aprendido a viver sem contar com
apoios de Portugal e deste apoio ser tardio, Miguel de Senna Fernandes
mostra-se resignado. “É uma boa iniciativa. Mas nós já parámos de nos queixar
há muito tempo [por não haver apoios de Portugal] porque sabemos como as coisas
são”, admitiu. “Eles têm tantos problemas internos que não têm tempo para a
diáspora. É esta a ideia que tenho. E não me engano muito se considerar que
outras associações congéneres pensam o mesmo sobre o Governo de Portugal”,
atirou.
Neste
momento, os representantes das duas associações admitem que a informação que
possuem ainda é escassa e ainda não se debruçaram sobre este dossier, até
porque têm outros problemas e a entrega das candidaturas só começa a partir do
mês de Outubro. No entanto, ambos mostraram a intenção de se candidatarem.
Segunda vez
Criado
pelo Governo de Portugal, em 2017, o primeiro concurso para atribuir apoios às
associações sem fins lucrativos e ligadas às comunidades portuguesas foi
lançado no ano passado, também entre 1 de Outubro de 31 de Dezembro.
Segundo
a informação publicada no portal das Comunidades Portuguesas foram distribuídos
cerca de 560 mil euros a 95 projectos, alguns dos quais pertencentes às mesmas
associações, como foi o caso da Associação Portuguesa Cultural e Social de
Pontault-Combault e a Cap Magellan, situadas em França.
Na
lista de candidaturas apoiadas e rejeitadas não há qualquer associação com
ligações a Macau. Andreia Silva e João Filipe – Macau in “Hoje
Macau”
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