Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Macau - Localização da nova biblioteca central alvo de elogios

A decisão do Governo de instalar no antigo Hotel Estoril a nova Biblioteca Central mereceu vários elogios nomeadamente devido ao facto de ser uma localização central e com muito movimento. Dirigentes associativos deram algumas sugestões no sentido de fazer a melhor utilização possível daquele local. Ao Jornal Tribuna de Macau, o arquitecto Miguel Campina também aplaudiu a decisão do Executivo embora entenda que peca por “tardia”



O Executivo decidiu mudar a localização da nova Biblioteca Central do Edifício do Antigo Tribunal, conforme inicialmente estava pensado, para o antigo Hotel Estoril, sendo que a decisão mereceu elogios generalizados.

Ao Jornal Tribuna de Macau, Miguel Campina disse ver “com bons olhos a decisão” na medida em que o antigo hotel “é um espaço que tem outra amplitude, outra conectividade com áreas adjacentes que são mais propícias à localização de um equipamento desta natureza, porque tem a Praça [do Tap Seac] e muito mais desafogo e a possibilidade de não ter de ser construído em altura. Não fica tudo atravancado como estava previsto no Antigo Tribunal”.

Assim, esta “é uma boa escolha, embora tardia, manifestamente com muitas implicações”. “Não vale a pena bater mais no assunto porque já se sabia que tudo aquilo estava errado, quer o primeiro [plano] quer o segundo”, defendeu o arquitecto referindo-se não só à ideia de instalar a nova Biblioteca Central no Edifício do Antigo Tribunal a nova Biblioteca Central mas também à proposta para criar um Centro de Juvenil de Actividades Culturais, Recreativas e Desportivas do Tap Seac no antigo Hotel Estoril.

“Foi feita uma opção melhor, ainda que, evidentemente, com consequências e geradora de grande complexidade, perturbação, agitação e provavelmente desnecessária se as coisas tivessem sido pensadas com mais tempo e, sobretudo, com mais razão, inteligência e racionalidade. Não foram, por isso, agora têm muitas consequências para os indivíduos que estavam contratados para fazer os respectivos projectos”, sublinhou.

Questionado sobre se alguma das propostas apresentadas por uma das quatro equipas escolhidas para apresentar projectos lhe pareceu mais adequada, o arquitecto disse ser “prematuro” fazer comentários. “Das imagens que vi, que foram transmitidas, do ponto de vista da imagem arquitectónica têm todas alguma semelhança e, quanto ao programa, à forma como organizam os espaços interiores, não me parece que alguma delas tenha feito uma proposta desadequada”, apontou.

Porém, Miguel Campina considera que “merece comentário” o facto de, num primeiro momento, ter sido considerado o convite a Álvaro Siza Vieira para tomar conta do projecto.

De acordo com a imprensa em língua chinesa, o director da Associação de Bibliotecários e Gestores de Informação de Macau também considera que a nova localização é adequada. “O antigo Hotel Estoril e as suas imediações costumam acolher uma concentração de pessoas, por isso, quando entrar em funcionamento, a nova Biblioteca Central, vai ser muito utilizada”, disse Raymond Kwok Keung Wong.

No entanto, segundo o mesmo responsável, “é importante que a nova Biblioteca Central reserve alguns espaços para o seu desenvolvimento sustentável” e o design do espaço interior “deve ser flexível para poderem ser feitas alterações no futuro quando for preciso”.

O dirigente associativo considera que o facto da localização ter sido repensada e, eventualmente, alterada “significa que o Governo ouve a população e toma decisões consoante o que é correcto”.

Por outro lado, Raymond Kwok defende que as funções administrativas da futura Biblioteca e os trabalhos de processamento de livros devem ser executados na actual Biblioteca Central, também na Praça do Tap Seac, antecipando, porém, que isso implique uma remodelação do edifício.

Uma nova “zona cultural”

Chan Ka Leong, subdirector da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), enalteceu igualmente o local escolhido sobretudo porque a mudança permitirá diminuir o nível de dificuldade da construção e “vai ajudar a poupar custos”. Além disso, considera que a Biblioteca Central poderá ficar ligada a outros espaços nas imediações da Praça do Tap Seac como o Centro de Experimentação para Jovens e a Academia Jao Tsung-I, o que permitirá “construir uma zona cultural e um novo local simbólico de Macau”.

Por outro lado, o dirigente da UGAMM sugere que a nova Biblioteca Central seja “mais inteligente” e que, além das funções habituais de um espaço desta natureza, reserve mais áreas para contacto com a cultura.

Já o director da Associação de Promoção do Desenvolvimento de Distritos começou por referir que o facto do Governo ter mudado de decisão significa que ouviu as opiniões da população, assumindo responsabilidades. Uma vez que “o projecto não é urgente”, é preferível que esteja de acordo com o Plano Director com o objectivo de “usar bem o erário público”.

Chan Tak Seng sublinhou, por outro lado, que a localização da Biblioteca Central não pode depender apenas de factores culturais, até porque a construção de uma biblioteca de grande dimensão “vai aumentar, com certeza, a pressão sobre o trânsito”. “Se o Governo insistisse em usar o edifício do Antigo Tribunal, o problema da carência de lugares de estacionamento nas redondezas da San Ma Lo ficaria ainda mais grave. Além disso, há o facto da Biblioteca Sir Robert Ho Tung, em Santo Agostinho, ainda não estar saturada, por isso, a localização antes sugerida [Antigo Tribunal] não era ideal porque ali não é necessária uma biblioteca”, defendeu o dirigente associativo.

Assim sendo, reforçou que a nova localização traduziu-se numa escolha “responsável”, dado que o antigo Hotel Estoril está situado numa zona onde há muitas escolas, onde passam “muitos autocarros” mas que também é de fácil acesso a pé.

Secretária espera edifício “emblemático”

A Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura espera que a nova Biblioteca Central seja “um edifício emblemático de Macau”. Em declarações aos jornalistas, Ao Ieong U sublinhou que o governo decidiu que o terreno onde se encontra o antigo Hotel Estoril é “o mais adequado”, tendo em conta factores como as condições de transporte e a conservação cultural. Segundo destacou, a escolha recaiu numa zona com “atmosfera cultural, escolas e parques de estacionamento perto”, e com “muito movimento turístico”. Inês Almeida e Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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