A decisão do Governo de instalar no antigo Hotel Estoril
a nova Biblioteca Central mereceu vários elogios nomeadamente devido ao facto
de ser uma localização central e com muito movimento. Dirigentes associativos
deram algumas sugestões no sentido de fazer a melhor utilização possível
daquele local. Ao Jornal Tribuna de Macau, o arquitecto Miguel Campina também
aplaudiu a decisão do Executivo embora entenda que peca por “tardia”
O
Executivo decidiu mudar a localização da nova Biblioteca Central do Edifício do
Antigo Tribunal, conforme inicialmente estava pensado, para o antigo Hotel
Estoril, sendo que a decisão mereceu elogios generalizados.
Ao
Jornal Tribuna de Macau, Miguel Campina disse ver “com bons olhos a decisão” na
medida em que o antigo hotel “é um espaço que tem outra amplitude, outra
conectividade com áreas adjacentes que são mais propícias à localização de um
equipamento desta natureza, porque tem a Praça [do Tap Seac] e muito mais
desafogo e a possibilidade de não ter de ser construído em altura. Não fica
tudo atravancado como estava previsto no Antigo Tribunal”.
Assim,
esta “é uma boa escolha, embora tardia, manifestamente com muitas implicações”.
“Não vale a pena bater mais no assunto porque já se sabia que tudo aquilo
estava errado, quer o primeiro [plano] quer o segundo”, defendeu o arquitecto
referindo-se não só à ideia de instalar a nova Biblioteca Central no Edifício
do Antigo Tribunal a nova Biblioteca Central mas também à proposta para criar
um Centro de Juvenil de Actividades Culturais, Recreativas e Desportivas do Tap
Seac no antigo Hotel Estoril.
“Foi
feita uma opção melhor, ainda que, evidentemente, com consequências e geradora
de grande complexidade, perturbação, agitação e provavelmente desnecessária se
as coisas tivessem sido pensadas com mais tempo e, sobretudo, com mais razão,
inteligência e racionalidade. Não foram, por isso, agora têm muitas
consequências para os indivíduos que estavam contratados para fazer os
respectivos projectos”, sublinhou.
Questionado
sobre se alguma das propostas apresentadas por uma das quatro equipas
escolhidas para apresentar projectos lhe pareceu mais adequada, o arquitecto
disse ser “prematuro” fazer comentários. “Das imagens que vi, que foram
transmitidas, do ponto de vista da imagem arquitectónica têm todas alguma
semelhança e, quanto ao programa, à forma como organizam os espaços interiores,
não me parece que alguma delas tenha feito uma proposta desadequada”, apontou.
Porém,
Miguel Campina considera que “merece comentário” o facto de, num primeiro
momento, ter sido considerado o convite a Álvaro Siza Vieira para tomar conta
do projecto.
De
acordo com a imprensa em língua chinesa, o director da Associação de
Bibliotecários e Gestores de Informação de Macau também considera que a nova
localização é adequada. “O antigo Hotel Estoril e as suas imediações costumam
acolher uma concentração de pessoas, por isso, quando entrar em funcionamento,
a nova Biblioteca Central, vai ser muito utilizada”, disse Raymond Kwok Keung
Wong.
No
entanto, segundo o mesmo responsável, “é importante que a nova Biblioteca
Central reserve alguns espaços para o seu desenvolvimento sustentável” e o
design do espaço interior “deve ser flexível para poderem ser feitas alterações
no futuro quando for preciso”.
O
dirigente associativo considera que o facto da localização ter sido repensada
e, eventualmente, alterada “significa que o Governo ouve a população e toma
decisões consoante o que é correcto”.
Por
outro lado, Raymond Kwok defende que as funções administrativas da futura Biblioteca
e os trabalhos de processamento de livros devem ser executados na actual
Biblioteca Central, também na Praça do Tap Seac, antecipando, porém, que isso
implique uma remodelação do edifício.
Uma nova “zona cultural”
Chan
Ka Leong, subdirector da União Geral das Associações de Moradores de Macau
(UGAMM), enalteceu igualmente o local escolhido sobretudo porque a mudança
permitirá diminuir o nível de dificuldade da construção e “vai ajudar a poupar
custos”. Além disso, considera que a Biblioteca Central poderá ficar ligada a
outros espaços nas imediações da Praça do Tap Seac como o Centro de
Experimentação para Jovens e a Academia Jao Tsung-I, o que permitirá “construir
uma zona cultural e um novo local simbólico de Macau”.
Por
outro lado, o dirigente da UGAMM sugere que a nova Biblioteca Central seja
“mais inteligente” e que, além das funções habituais de um espaço desta
natureza, reserve mais áreas para contacto com a cultura.
Já
o director da Associação de Promoção do Desenvolvimento de Distritos começou
por referir que o facto do Governo ter mudado de decisão significa que ouviu as
opiniões da população, assumindo responsabilidades. Uma vez que “o projecto não
é urgente”, é preferível que esteja de acordo com o Plano Director com o
objectivo de “usar bem o erário público”.
Chan
Tak Seng sublinhou, por outro lado, que a localização da Biblioteca Central não
pode depender apenas de factores culturais, até porque a construção de uma
biblioteca de grande dimensão “vai aumentar, com certeza, a pressão sobre o
trânsito”. “Se o Governo insistisse em usar o edifício do Antigo Tribunal, o
problema da carência de lugares de estacionamento nas redondezas da San Ma Lo
ficaria ainda mais grave. Além disso, há o facto da Biblioteca Sir Robert Ho
Tung, em Santo Agostinho, ainda não estar saturada, por isso, a localização
antes sugerida [Antigo Tribunal] não era ideal porque ali não é necessária uma
biblioteca”, defendeu o dirigente associativo.
Assim
sendo, reforçou que a nova localização traduziu-se numa escolha “responsável”,
dado que o antigo Hotel Estoril está situado numa zona onde há muitas escolas,
onde passam “muitos autocarros” mas que também é de fácil acesso a pé.
Secretária espera edifício “emblemático”
A
Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura espera que a nova Biblioteca
Central seja “um edifício emblemático de Macau”. Em declarações aos
jornalistas, Ao Ieong U sublinhou que o governo decidiu que o terreno onde se
encontra o antigo Hotel Estoril é “o mais adequado”, tendo em conta factores
como as condições de transporte e a conservação cultural. Segundo destacou, a
escolha recaiu numa zona com “atmosfera cultural, escolas e parques de
estacionamento perto”, e com “muito movimento turístico”. Inês Almeida e
Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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