Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 30 de novembro de 2024

Moçambique - Jovem diz que mulheres vivem “terror diário” em áreas de conflitos

Rafaela Andrade participa no 10º Fórum Global da Aliança das Civilizações que decorre em Cascais, Portugal, o evento reúne milhares de pessoas de todo o mundo, incluindo mulheres africanas que lutam pela igualdade de género



Rafaela Andrade sempre se interessou por temas relacionados com direitos humanos, mas com o ressurgir da violência em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, a atenção desta jovem moçambicana virou-se especificamente para as mulheres.

De Cascais, Portugal, onde participa no 10º Fórum Global da Aliança para as Civilizações, ela contou que centenas de mulheres estão a viver um terror diário ao serem violentadas, de formas inimagináveis, ou porque têm de deixar os seus lares, fugir e tentar outras oportunidades”.

A jovem moçambicana explica que as mulheres são desproporcionalmente afetadas, não apenas por conflitos, mas também por uma situação generalizada de pobreza no país.

“São as menos educadas, as que têm menos acesso a recursos, ao financiamento, são as que têm suas vozes muitas das vezes caladas”. A ativista acrescenta que a igualdade já existe na lei moçambicana, mas falha na aplicação prática.

Jovens mulheres pela paz

Rafaela Andrade fez parte de um programa-piloto de 2023 para jovens mulheres e a construção da paz, promovido pela ONU Mulheres, em colaboração com a Aliança das Civilizações, o Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, e o Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef.

A jovem moçambicana refere que a participação no programa marcou uma viragem na forma como olha para a paz e qual o seu papel para manter a segurança de mulheres e raparigas.

“Levantar a voz ainda é um desafio enorme no país. Portanto, jovens como eu, que tivemos a oportunidade de ter essa abertura para o mundo, somos nós responsáveis por também fazer essas vozes ouvirem-se ao nível do país”, defende.

Mais de 600 milhões afetadas pela guerra

De acordo com a ONU, 612 milhões de mulheres e meninas são afetadas por guerras atualmente, equivalente a mais da metade do que há uma década. No caso de Moçambique, a Unfpa revela que mais de 2,5 mil mulheres e meninas precisam de cuidados básicos como resposta à violência sexual.

Quanto à mediação de paz, a participação de mulheres na tomada de decisões e na política está estagnada em países afetados por conflitos. Na última década, a percentagem de participação feminina em negociações de paz ficou abaixo de 10% em todos os processos e em menos de 20% em iniciativas lideradas ou apoiadas pelas Nações Unidas.

Mulheres à mesa de debate

É um cenário que Rafaela Andrade quer mudar, através da criação de uma associação que possa servir de base para projetos de capacitação de mulheres e raparigas, defendendo uma participação ativa das mulheres no espaço público moçambicano.

“Precisam estar na mesa do debate, precisam ser ouvidas, precisam que se entenda quais são as suas reais necessidades, não faladas por outrem, mas faladas por elas próprias”, explicou à ONU News.

Projetos intergeracionais

Para já, a jovem ainda está a dar os primeiros passos, para perceber a aplicação das leis e como podem ser melhoradas. Espera contar com a ajuda das mulheres mais jovens, mas não só. O objetivo é trazer ao diálogo diferentes gerações, incluindo mulheres e os decisores políticos.

Segundo Rafaela Andrade, são esses que um dia irão tomar a decisão sobre o que realmente deve ser feito em nível de país. Sara Rocha – Portugal ONU News


Cabo Verde - Freirianas Guerreiras com Delta Ramantxada lançam videoclipe de "Batuko É Nos Alma"

O grupo Freirianas Guerreiras, em colaboração com Delta Ramantxada, lançou o videoclipe da música "Batuko É Nos Alma", um tema vibrante que celebra o ritmo tradicional de Cabo Verde, o Batuco.


Esta música tem sido um importante contributo para a popularização do género, mantendo vivas as raízes culturais cabo-verdianas.

"Batuko É Nos Alma" traz uma forte mensagem de identidade cultural e força, através de uma performance energética e emocionante que reforça o poder do Batuco como um património musical de Cabo Verde. In “Dexam Sabi” – Cabo Verde 


Cabo Verde - Ruben Teixeira lança o seu mais recente single “Enganam”

Cidade da Praia - O cantor Ruben Teixeira lançou na passada quinta-feira, 28, o seu mais recente single, intitulado “Enganam”, música que retrata uma história de amor em que um indivíduo pobre tudo faz para uma mulher que não o valoriza.



Em declarações à Inforpress, disse que é por isso que o tema da música é “enganam” porque o homem fez de tudo para a mulher que no final o abandona.

Conhecido por suas músicas românticas, Ruben Teixeira disse que desta vez preferiu dar um outro drama a este novo single, mas sem sair do seu estilo romântico.

O artista explicou que “Enganam” é uma junção de kizomba e afrobeat pois, conforme disse trata-se de um kizomba “não tradicional” que inclui alguns ritmos do afro-beat.

Sobre o videoclipe, Ruben Teixeira considerou que vai abraçar todos os tipos de gostos, pois engloba vários sentimentos como drama, comédia e tristeza.

“Apesar de ser um tema meio triste, esta música possui uma melodia alegre”, revelou.

Ruben Teixeira acrescentou ainda, que este novo single marca a sua evolução na música.

“Esta música vai mostrar um Ruben mais maduro artisticamente, com um outro tipo de abordagem na interpretação e na composição”, divulgou.

Ruben Teixeira gravou o seu primeiro single em 2018, mas foi em 2019 que fez sucesso com a música “Amor Bandidu”. In “Inforpress” – Cabo Verde


Cabo Verde - Lucibela apresenta o álbum “Moda Antiga”

A cantora cabo-verdiana Lucibela, que lançou este mês o seu mais recente álbum, intitulado Moda Antiga, estará em Cabo Verde para dois concertos de apresentação do novo trabalho discográfico. A primeira actuação aconteceu no dia 29 deste mês, na ilha de São Vicente, e a segunda será no dia 6 de Dezembro, na cidade da Praia. Antes disso, no passado dia 15, a cantora esteve em concerto em Paris



Depois de lançar o seu primeiro álbum, Laço Umbilical, em 2018, e o segundo, Amdjer, em 2022, a cantora natural de São Nicolau regressa ao mercado com Moda Antiga, um disco composto por 11 faixas que homenageiam a riqueza da herança musical cabo-verdiana.

Com mornas e coladeiras, os seus estilos de eleição, Moda Antiga resgata os sons e estilos que definiram o passado musical das ilhas. Este terceiro álbum aprofunda o compromisso da artista com a autenticidade das raízes culturais cabo-verdianas, explorando e valorizando a essência da música tradicional.

O título Moda Antiga faz referência à ligação às raízes culturais e dá continuidade ao caminho iniciado com o seu álbum de estreia, Laço Umbilical.

Preservação das tradições

Moda Antiga pretende chamar a atenção para a importância da preservação das tradições musicais, num momento em que as tendências contemporâneas tendem a ditar outros rumos. O tema Lembra Tempo, escrito pela própria Lucibela, é um convite a essa conexão com o passado e uma celebração da pureza e verdade presentes nas músicas de outrora.

“Manter viva a cultura cabo-verdiana e valorizar essa identidade musical, oferecendo uma expressão fiel da beleza e simplicidade da música tradicional, é o propósito de Moda Antiga”, afirmou a cantora em entrevista ao Expresso das Ilhas.

Álbuns anteriores

Segundo Lucibela, todos os seus álbuns são especiais, mas mantém-se fiel à música tradicional. “Para mim, o mais importante é a música tradicional, porque, ao longo dos anos, ganhei uma grande paixão por ela. Actualmente, faço-a com todo o meu coração e amor, e não me vejo a enveredar por outro estilo, pelo menos para já.”

Apesar disso, a artista admite a possibilidade de explorar outros géneros musicais tradicionais no futuro: “Gostaria de gravar um funaná um dia, porque gosto muito. Tenho um carinho especial pelo meu primeiro álbum, porque foi ele que me lançou no mundo. Através dele comecei a fazer concertos. O meu segundo álbum também é muito especial, por ser dedicado a todas as mulheres, não só de Cabo Verde, mas de todo o mundo.”

Música tradicional

Lucibela deseja contribuir para a preservação e valorização da música tradicional cabo-verdiana: “Ainda sou jovem e tenho muito caminho pela frente. Estou a construir a minha carreira, mas quero ajudar a nossa música tradicional a manter a sua raiz e essência, sempre inovando e trazendo algo novo. Gostaria que as pessoas, sobretudo em Cabo Verde, valorizassem mais a nossa música.”

A cantora reconhece que houve progressos nos últimos tempos, com as rádios e televisões a transmitirem mais música tradicional, mas defende que há muito por fazer: “Deveriam organizar-se mais festivais e concertos dedicados exclusivamente à música tradicional, para que as pessoas se habituem a ouvir e valorizar esta parte importante da nossa cultura.”

Lucibela acredita que é necessário criar mais actividades em que os jovens possam ouvir música tradicional em massa, como acontece com outros estilos, como a kizomba ou o hip hop.

Aceitação no estrangeiro

Segundo Lucibela, a música tradicional cabo-verdiana é mais bem aceite no estrangeiro: “Lá fora, temos mais concertos, e a música tradicional é muito valorizada. Mesmo sem entenderem as letras, as pessoas apreciam a energia e a classe que esta música transmite.”

A cantora sublinha que a diáspora cabo-verdiana também dá muito valor à música tradicional. “Nos concertos fora do país, cada vez mais cabo-verdianos comparecem. Em Paris, recentemente, tive muitos mais cabo-verdianos presentes do que o habitual. Isso é gratificante, porque sinto que a música ajuda a matar as saudades da terra.”

Carreira e ambições

Sobre a sua carreira artística, Lucibela considera que está num bom caminho. “Comecei em 2018 com cerca de 30 concertos e, em 2019, fiz mais de 40. Com a pandemia, em 2020, tudo foi cancelado, mas agora as coisas estão a voltar ao normal. Fazer carreira leva tempo, e estou focada em dar o meu melhor e manter este ritmo.”

A sua maior ambição é construir uma carreira sólida na música tradicional cabo-verdiana: “Quero, um dia, aos 50 ou 60 anos, olhar para trás e sentir que fiz aquilo que sempre quis — cantar pelo mundo e divulgar a nossa música.” Dulcina Mendes – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

São Tomé e Príncipe - Cidadãos pedem justiça pelas vítimas do caso de 25 de Novembro

Dezenas de cidadãos manifestaram-se em São Tomé e Príncipe, para exigir justiça, no caso 25 de Novembro, quando quatro homens foram  mortos, com sinais de agressão e tortura, no quartel militar, depois de suposta tentativa de Golpe de Estado.


 

Uma manifestação que durou cerca de uma hora, encerrando-se na Praça Yon Gato, a poucos metros do gabinete do primeiro-ministro São-tomense, Patrice Trovoada.

“O Estado matou meu filho … nós queremos justiça, desses tropas que os mataram sem necessidade… queremos justiça”, apelou Elalia da Glória, mãe de uma das vítimas, na altura com 33 anos. 

Em causa, está o ataque ao quartel do Morro, em São Tomé e Príncipe, na noite de 24 de Novembro de 2022, depois do qual, três dos quatro assaltantes civis foram submetidos a maus-tratos e acabaram por morrer, nas instalações militares. In “O País” - Moçambique 


Macau - Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento atendeu 134 empresas interessadas em explorar mercado sino-lusófono

A Conduta do Comércio China-PLP, serviço promovido pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), deu resposta, entre Janeiro e Outubro de 2024, a 134 empresas do interior da China, dos países de língua portuguesa e de Macau interessadas em explorar o mercado sino-lusófono, das quais, 48 empresas realizaram pedido de informações relacionadas com o mercado brasileiro.



A nota divulgada pelo IPIM assinala que o Brasil é o maior parceiro comercial do interior da China, de entre os nove países de língua portuguesa e até da região da América Latina. Macau, enquanto plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e a lusofonia, “tem vindo a intensificar as suas interações económicas e comerciais com o Brasil”.

Entre os projectos relacionados com o Brasil a que a Conduta do Comércio China-PLP prestou apoio, destacaram-se a concretização de negócios de aquisição de couro por empresas do interior da China, num montante de milhões de dólares americanos, a importação de produtos de carne brasileiros por empresas de Macau, após missões empresariais ao Brasil, e o estabelecimento de intenção de compra de equipamentos fotovoltaicos chineses por empresas brasileiras.

O IPIM indica também que, na passada terça-feira, participou numa sessão de promoção online organizada pelo Banco do Brasil e, além disso, recebeu delegações empresariais dos estados brasileiros do Mato Grosso e do Ceará entre os dias 19 e 20 de Novembro. Durante esta visita, foi apresentado o ambiente de investimento e de negócios de Macau, sendo realizadas bolsas de contactos, para criar mais oportunidades de ligação entre empresas do interior da China, de Macau e do Brasil. In “Ponto Final” - Macau


“Brasil e China são os motores da Lusofonia” afirma o vice-diretor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa

Francisco Garcia, vice-diretor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, em Lisboa, faz a ponte com a São José, onde dá aulas no mestrado de Governance. Com as “lentes diferentes” de cá, vê que Lusofonia depende do Brasil e China. “O motor desse legado não pode ser Portugal”. Já Macau, conclui, “tem o peso da China por trás e é suficientemente neutro para fazer pontes com os países lusófonos, a União Europeia... até com os Estados Unidos”

– Faz a ponte internacional da Católica com a Universidade São José, mas tem projetos de investigação com Francisco Leandro, na Universidade de Macau. Como é que juntou essas pontes?

Francisco Garcia – Conhecemo-nos há mais 30 anos, somos amigos; e desafiou-me para vários projetos conjuntos: o primeiro tem a ver com a igualdade de género nos países lusófonos; outro é sobre a bacia do Atlântico Sul, visto dos prismas africano, da América do Sul e da Europa. Macau é muito interessante, porque em Lisboa falamos do Atlântico Norte com a pequena lupa da Europa, e sua ligação aos Estados Unidos. Noutros tempos falávamos muito no Triângulo Estratégico do Sul, a partir de Cabo Verde, Angola e Brasil; mas isso foi-se perdendo na geopolítica portuguesa. É importante recuperar isso, perceber os poderes que se manifestam no Atlântico Sul, e a importância que aí têm os países lusófonos.

– O bloco lusófono é o mais forte no Atlântico Sul?

F.G. – Exatamente; o que Adriano Moreira chamava de oceano moreno. Tenho mais afinidade com esse projeto, onde tratamos dos recursos em terra, mas também no mar, e da importância no Atlântico Sul. Temos ainda outro, onde abordamos a segurança energética, acesso e circulação de recursos. Os três têm apoio de uma grande editora académica – Palgrave Macmillan – que nos permite fazer a ligação entre universidades, sobretudo no mundo de base lusófona. É uma parte muito importante que me une ao Francisco, que lidera os projetos a partir da Universidade de Macau.

– Incluem a China nesses estudos?

F.G. – Não se vai discutir a sustentabilidade, ou a estratégia do Sul, sem a China. Macau ganha importância por causa disso; é o nosso elo de ligação. Portugal é um pequeno poder; consegue alguma projeção internacional porque faz parte da União Europeia; senão praticamente não existia geopoliticamente.

– E a Lusofonia?

F.G. – É mais-valia diplomática e comercial; elo de ligação. Nos últimos anos, o anátema do colonialismo tem sido muito amortizado e, nestes projetos, os colegas colaboram de forma aberta; há 15 anos era difícil. Macau dá-nos a vantagem de ter uma grande universidade, com recursos; e uma certa equidistância que torna a coisa mais interessante.

– Vê-se o mundo com outras lentes?

F.G. – É uma coisa que me assusta. Em Lisboa vou muitas vezes à televisão fazer comentários, mas só falamos do Médio Oriente e da Ucrânia. Vou a Singapura e ninguém fala disso; estou cá e os alunos não querem saber. Os problemas deles têm a ver com questões regionais, a ASEAN, a China no mundo… O mundo lá é pequeno; aqui tem outra perspetiva.

– A China no centro do mapa…

F.G. – Quando temos a China no meio, é outra realidade; tentamos conciliar as duas – ou várias – na interpretação do Atlântico, ou da igualdade do género. São múltiplas culturas, mas há uma matriz comum na Lusofonia. É muito interessante ver isso com lentes diferentes; a beleza da investigação é essa.

– Após o Covid, a China aposta na recuperação da globalização, também pela via lusófona. Portugal está aberto a este lado do mundo?

F.G. – Portugal está no fio da navalha – Edging Strategy – não sabe para que lado pender e tenta não pender para nenhum. E bem! Somos europeus, pertencemos à União Europeia e à NATO. Há muita pressão; até no conceito estratégico da NATO é mencionada a China, que a União Europeia vê como rival estratégico. Há sanções fortes, por exemplo, aos veículos elétricos; e estamos ansiosos por ver o que vem da nova Administração Trump.

– Pode a Europa voltar-se a Oriente, como fez com a Alemanha de Merkel?

F.G. – Somos importantes geopoliticamente por causa da União Europeia, mas devemos utilizar Macau e as ligações que ainda vão existindo. É central o respeito pelo passado histórico nessa ligação da China à Europa; e, sobretudo, à Lusofonia. A China tem relações com os países lusófonos que vêm das lutas da independência, agora centradas no investimento. Veja, por exemplo em Angola, a grande competição entre chineses e norte-americanos, que não percebem África; utilizam os portugueses e as empresas portuguesas. Os chineses fazem o mesmo; e Macau pode ser distintivo nisso. Temos dificuldade em fazer pontes com o Brasil, porque somos pequenos; mas sabemos fazer a ligação a África. Macau tem o peso da China por trás e é suficientemente neutro para fazer pontes com os países lusófonos, a União Europeia… até com os Estados Unidos.

– Esse interesse da China é uma oportunidade para Portugal?

F.G. – Tem de ser. Portugal concentra-se no eixo transatlântico, mas a prioridade norte-americana está no Índio-Pacífico; vão continuar a precisar da Europa, mas não é prioritária.

– Desde Obama…

F.G. – Sim, em 2010. Quem podem usar? Certamente não os ingleses; mas o soft power que ainda acreditamos ser possível. Tenho dúvidas sobre como isso pode ser implementado; mas usando Portugal, e as ligações a Macau, podem fazer a ponte.

– Na guerra comercial e tecnológica, Macau pode ser o que Viena foi durante a Guerra Fria?

F.G. – Pode; com muito melhor clima.

– Portugal tem essa consciência?

F.G. – Não! Em Portugal discutimos a pequena política. Falo com um presidente de Câmara para saber como levar investimento, mas o problema dele é a freguesia – tricas locais. Vivemos muito a portugalidade no nosso imaginário e a importância colonial da grande potência que não somos. Mesmo nas elites, embora haja algumas mais esclarecidas, viajadas, com noção das relações internacionais; a política portuguesa é muito paroquial. As gerações mais novas, graças ao Erasmus, começam a conhecer o mundo; mas tem de haver melhor aconselhamento das elites políticas sobre o nosso posicionamento estratégico.

– No contexto europeu, a ligação lusófona é mais-valia?

F.G. – Vivemos virados para Europa, com um olhar neocolonial para África. Falamos muito na Lusofonia; mas a CPLP é uma comunidade de ilusões, não tem nada de concreto. A única coisa que nos une é a língua, mas se não potenciarmos isso, com ajuda do Brasil, e do poder económico-financeiro da China – através de Macau – a Lusofonia pode perder-se. É uma língua importante em África, em várias organizações regionais e sub-regionais, na América Latina… Mas Portugal não tem capacidade… nem para rejeitar a Guiné-Equatorial na CPLP; veja a fraqueza. Temos uma diplomacia ativa, dinâmica, até com projeção; conseguimos cargos internacionais como os de António Guterres ou Durão Barroso; depois não tiramos proveito para o país.

– A Lusofonia está nas mãos do Brasil e da China?

F.G. – São motores contrários à política euro-atlântica; no fundo, BRICS. Mas veja, se aproveitarmos todo esse legado, de Afonso Albuquerque para a frente, incluindo Macau, Goa e Malaca…

– A Índia não tem a narrativa lusófona da China…

F.G. – Depende sobretudo da vontade política dos países, mas essa também se cria. O Brasil ainda não chegou lá; no dia em que chegar temos motor, dinâmica; com o aditivo da China… que tem forte presença em todas as ex-colónias portuguesas, e grande ligação ao Brasil, pode acontecer. Podemos dizer que o legado de Camões continua a ser a cultura portuguesa, mas o motor da Lusofonia não pode ser Portugal; não tem energia e potência para puxar este legado. O Brasil, e o apoio adicional da China, através de Macau, são muito importantes. A China pensa sempre no longo prazo, deve ter isso na sua ideia; pode ser que contribua para que essa dinâmica cresça. Paulo Rego – Macau in Plataforma


Macau - Universidade Nacional de Timor-Leste pede apoio ao Instituto Português do Oriente para certificar proficiência em língua portuguesa

A Universidade Nacional de Timor-Leste quer o apoio do Instituto Português do Oriente para começar a certificar a proficiência em língua portuguesa, disse o reitor da instituição

O reitor da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL), João Soares Martins, disse que uma delegação da instituição visitou o Instituto Português do Oriente (IPOR) para saber mais sobre a experiência do instituto na certificação do conhecimento de português. “Nós, na nossa universidade, no nosso Centro de Língua Portuguesa, queremos também ter essa capacidade”, explicou Soares Martins.


O dirigente sublinhou que a UNTL terá primeiro de “lutar para obter uma base legal”, algo que terá de passar por um decreto-lei do Governo de Timor-Leste, mas acrescentou que, mais tarde, o IPOR pode ajudar a universidade. “Queremos que eles partilhem a experiência deles e trabalhem connosco para elevar a capacidade do nosso Centro de Língua Portuguesa, para ter a capacidade de certificar a proficiência” em português, disse Soares Martins.

Também em Macau, a UNTL e a Universidade de Macau (UM) assinaram na segunda-feira um acordo de cooperação que prevê “mais oportunidades para a mobilidade dos professores e dos estudantes”, sublinhou o reitor.

A delegação timorense visitou na UM o Departamento de Português, o Laboratório de Referência do Estado para Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa e a Faculdade de Direito, onde foram formados alguns dos atuais docentes da UNTL. “Seria bom a Universidade de Macau poder fornecer algumas vagas para os nossos professores poderem continuar os seus cursos, tanto mestrado como doutoramento”, sublinhou Soares Martins.

O responsável falava à margem do segundo dia da 14.ª conferência anual do Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa (Forges), que terminou ontem.

A UNTL, a Universidade Católica Timorense São João Paulo II e a Universidade de Díli vão organizar de forma conjunta a 15.ª edição da reunião da Forges, entre 25 e 27 de novembro de 2025, referiu o dirigente. “Será uma grande honra e uma grande vantagem também para Timor-Leste poder receber esta conferência”, disse Soares Martins. “Estamos entusiasmados porque raramente temos eventos dos países lusófonos ou da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] em Díli”, referiu o reitor da UNTL. A conferência da Forjes conta com o apoio da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Na terça-feira, na abertura da conferência deste ano, organizada pela Universidade Politécnica de Macau, a presidente da Forges, Margarida Mano, anunciou que o evento vai decorrer em Angola, em 2026, e na Guiné–Bissau, em 2027. A antiga ministra da Educação portuguesa disse que a Universidade de Luanda vai acolher a reunião anual da Forges daqui a dois anos, com a conferência seguinte a cargo da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Galiza - AGAL lança Agalinhas, um projeto de vídeocontos para crianças

Como resposta aos estudos e inquéritos realizados nos últimos anos sobre o descenso no uso e conhecimento da língua galega na infância, a Associaçom Galega da Língua decide começar a criar recursos em galego orientados à infância para as crianças adquirirem competências na nossa língua e criarem um vínculo afetivo com ela. Para isto nasce o projeto Agalinhas



Agalinhas é um projeto realizado com o apoio da Deputación da Corunha, que consiste na criaçom dum canal no Youtube Kids, aberto para dar cabida a diferentes contos, o que servirá também para promover a literatura galega, dignificar o género da literatura infantil, e aumentar o hábito leitor nas crianças.

O primeiro livro é Falarás a Nossa Língua + Os Sonhos de Maré, escrito e narrado por Séchu Sende.

Cada vídeo será narrado por uma pessoa diferente, dando preferência a gente conhecida do âmbito cultural galego ou lusófono. Os contos som em galego, de autoria galega ou lusófona. Tanto na escolha das pessoas a ler os livros, como nas autorias dos livros e na sua temática é tida em conta a diversidade e a inclusividade. Como ponto extra, favorece-se a variedade de sotaques e variedades orais, bem internas da Galiza (gheada, sesseio…) como da lusofonia (brasileiro, português, angolano…).

Por agora, graças ao apoio da Deputación da Corunha, estám já agendados os dez primeiro contos.

Criaçom de unidades didáticas ao redor dos contos

Cada videoconto conta com uma unidade didática, disponível gratuitamente em formato pdf, com materiais para trabalhar sobre o conto adaptados às diferentes idades. Estas unidades poderám ser usadas por nais/pais, professorado e pessoal educativo para que as crianças podam desenvolver a sua capacidade de compreensom em galego, assim como a análise e o razoamento.

O facto de trabalhar a compreensom de vários sotaques e variedades da língua ajuda a sobrepassar mitos errados, como que certas pronúncias, como o sesseio, som menos válidas do que outras. Também se dignifica o género da literatura infantil, que é visto muitas vezes como menor. In “Portal Galego da Língua” - Galiza


Macau - Cinemateca Paixão acolhe workshop de pintura de azulejos portugueses

No âmbito do corrente Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que está a decorrer de 22 de Novembro a 13 de Dezembro, a Cinemateca Paixão será palco de um “Workshop de Pintura de Azulejos Portugueses”, onde os participantes poderão conhecer as técnicas tradicionais deste reconhecido património cultural imaterial, este sábado, dia 30 de Novembro. Outros eventos que fazem parte do Festival, incluem a “Projecção ao Ar Livre” com curtas-metragens locais, no dia 7 de Dezembro e um “Diálogo sobre a obra de Miguel Gomes” no dia 8 de Dezembro



O Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa solidifica-se como uma importante plataforma de intercâmbio cultural, promovendo um diálogo enriquecedor entre as distintas tradições cinematográficas das duas regiões. O evento, que está a decorrer de 22 de Novembro a 13 de Dezembro de 2023, integra o 6.º “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, e oferece um vasto conjunto de actividades que visam não apenas a exibição de obras cinematográficas, mas também a promoção da cultura e das artes.

Entre as actividades programadas, destaca-se o próximo “Workshop de Pintura de Azulejos Portugueses”, agendado para o dia 30 de Novembro. Esta sessão será estruturada em duas partes. A primeira destinada a pais e filhos, que terá lugar das 11h30 às 12h30, e outra para participantes individuais, das 15h00 às 16h00. O workshop será conduzido por um instrutor profissional que guiará os participantes na exploração da história e das técnicas tradicionais de pintura de azulejos portugueses. Os participantes terão a oportunidade de apreciar diferentes estilos de azulejos, além de aprender sobre os métodos de produção desta arte tão característica da cultura portuguesa e património cultural imaterial reconhecido pela UNESCO.

Após o workshop, o festival prossegue com uma série de actividades igualmente enriquecedoras. No dia 7 de Dezembro, terá lugar a “Projecção ao Ar Livre – Novas Forças Visuais em Macau”, que ocorrerá na revitalizada zona dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun. Este evento contará com a exibição de quatro curtas-metragens do programa “Macau – O Poder da Imagem”. A projecção será seguida por uma sessão de partilha com os realizadores, proporcionando assim um espaço de interação e diálogo com o público.

No dia 8 de Dezembro, o festival albergará o “Diálogo: O Fabuloso Miguel Gomes, Contador de Histórias”, mais uma vez na Cinemateca Paixão. Este evento promete ser uma reflexão sobre a narrativa cinematográfica, utilizando como base materiais inspirados em “As Mil e Uma Noites” e outros filmes do realizador português Miguel Gomes. Este diálogo será uma oportunidade para explorar como Gomes retrata as histórias de Portugal através da sua obra, promovendo uma compreensão mais profunda da sua visão artística.

A programação do festival ainda inclui várias sessões de cinema com base nas temáticas das diferentes secções. Por exemplo, a secção “Alegria de Dupla Exibição” foca-se nas obras de realizadores como Guan Hu e Miguel Gomes. Uma outra oportunidade para apreciar distinções e semelhanças nas abordagens cinematográficas entre os dois países.

Sobre os resultados mais recentes das actividades, a dinâmica do festival tem vindo a estimular a participação da comunidade, através de eventos como a “Visita de Pais e Filhos aos Galaxy Cinemas”, realizada no passado dia 23 de Dezembro, onde o intuito foi de dar aos mais novos a oportunidade de conhecer o funcionamento de uma sala de cinema, desde a venda de bilhetes até à projecção de filmes.

Por último, os participantes do festival têm ainda ao seu dispor um programa de promoção especial, designado “Cinemateca Paixão X Galaxy Cinemas”, que possibilita descontos nas entradas de cinema. Elói Carvalho – Macau in “Ponto Final”


Singapura - Cooperação com a China é “especialmente valiosa” num mundo incerto

Num mundo incerto e conturbado, a cooperação entre Singapura e a China é “especialmente valiosa”, para benefício das respectivas populações, disse o ministro sénior Lee Hsien Loong ao Presidente chinês, Xi Jinping, numa reunião em Pequim, na terça-feira. 

Xi, pelo seu lado, apelou ao reforço da relação bilateral, dizendo que ambos os países devem aprofundar a sua colaboração e “dar novos e maiores contributos para a paz e a prosperidade regionais”. Foi o primeiro encontro entre os dois estadistas desde que Lee assumiu as funções de ministro sénior, após deixar, em Maio, o cargo de Primeiro-Ministro. 

Lee Hsien Loong está numa visita oficial de seis dias à China para celebrar o 30º aniversário de Singapura e o principal projecto na China, o Parque Industrial de Suzhou (SIP), e para se reunir com os líderes chineses. Falando antes de um jantar oferecido por Xi, Lee observou que as tensões entre as principais potências se intensificaram e que os países estão a enfatizar a segurança nacional e a resiliência da cadeia de abastecimento, em vez da integração económica e da cooperação multilateral internacional.

“E torna ainda mais importante, num ambiente como este, que países com ideias semelhantes, tanto grandes como pequenos, trabalhem em conjunto para desenvolver a nossa cooperação da melhor forma possível, em benefício dos nossos povos”, disse Lee, citado pela imprensa da Cidade-Estado. O líder chinês apelou ainda a mais colaboração, uma vez que Singapura e a China elevaram a sua relação bilateral em 2023 e que os dois países assinalam 35 anos de relações diplomáticas em 2025. 

Nos seus 20 anos como Primeiro-Ministro de Singapura, visitou a China 14 vezes, o que fez dele um dos líderes estrangeiros que mais visitam o país. O Presidente chinês disse estar feliz por ver Lee novamente. “De qualquer modo, costumávamos encontrar-nos frequentemente no passado”, disse o Presidente, sorrindo. Ao dar as boas-vindas a Lee no seu novo cargo de ministro sénior, Xi fez-lhe um elogio: “Internacionalmente e na Ásia, é considerado um político veterano”. Quer se trate das conquistas alcançadas por Singapura ou da promoção da cooperação internacional ou regional, Lee fez contribuições importantes, disse Xi, felicitando-o também pela transição bem-sucedida de poder na liderança de Singapura. “É um velho amigo do povo chinês, um bom amigo, e tem um interesse e apoio a longo prazo na cooperação China-Singapura”, frisou Xi, que mais tarde recebeu o senhor e a senhora Lee para jantar. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


Brasil - Direitos humanos são coisas do passado

Uma abstenção do Brasil na Comissão de Direitos Humanos na ONU, há uma semana, em Genebra, me fez lembrar meus anos em Paris, quando havia no Brasil a ditadura militar.

Naquela época, enquanto fazia o mestrado em jornalismo e sociologia, morando no quarto andar de um hotel sem elevador na rue de la Sorbonne, o Hotel Montesquieu não mais existente, e circulando entre as ruas d´Assas, Saint Guillaume, Glacière e as do Quartier Latin, logo depois da revolta estudantil de 1968, os jornais franceses comentavam sempre a situação brasileira depois do Golpe militar de 64 e havia sempre manifestações e encontros na Mutualité de denúncias contra a ditadura.

Eram importantes, naqueles anos, os apoios do governo da França, dos países e jornais europeus contra os crimes e torturas que ocorriam no Brasil.

O recente filme de Walter Salles relembrando a prisão e morte, depois de torturas, de Rubens Paiva, mostra bem o clima político brasileiro na época e como o fim da ditadura dependia de denúncias e apoios internacionais.

Um documento de 1972 obtido e fotocopiado, uns vinte anos depois pelo companheiro Alípio Freire, no arquivo do DOPS, me citava como "responsável, na França, pelas críticas publicadas na imprensa europeia contra o governo brasileiro". Exagero, que poderia me custar caro, pois havia muito mais gente revelando no exterior os crimes da ditadura.

Por que essa introdução? Para lembrar que, sem as condenações pela ONU, por muitos países e pela imprensa internacional, a ditadura militar brasileira poderia ter se mantido no poder por muitos anos e não ter terminado em 1985.

Diante disso, é normal esperar que o governo do Brasil democrático de hoje retribua condenando, na ONU, outras ditaduras existentes, para que a pressão internacional consiga derrubá-las.

Entretanto, o governo brasileiro optou por se abster em uma resolução que condena o Irão pela repressão contra as mulheres, pela violência usada para silenciar manifestantes e pela onda de execuções de penas de morte por parte das autoridades em Teerão.

Como o Brasil tem liderança no Brics, sua abstenção foi seguida por 66 países. Essa decisão se complica, pois em abril o chefe do escritório do Brasil na ONU, Tovar da Silva Nunes, tinha reconhecido as consecutivas violações de direitos humanos do governo do Irão, mas agora justificou a abstenção alegando um "diálogo construtivo".

Ora, esse diálogo parece improdutivo ou inexistente, pois não existem notícias de viagens e encontros entre autoridades dos dois países em favor dos direitos humanos. Já em fins do ano passado a Anistia Internacional fazia um apelo, denunciando que a falta de pressão internacional contra o Irão permitirá uma nova onda de violência e atrocidades contra a população.

Segue um trecho do apelo da Anistia Internacional: “A falta de reação da comunidade internacional encorajou as autoridades iranianas a intensificarem o uso ilegal da força, incluindo força letal, contra os manifestantes e mataram mais de 200 pessoas, incluindo 30 crianças, desde o início das manifestações em 16 de setembro. O Conselho dos Direitos Humanos da ONU deve convocar imediatamente uma sessão especial sobre o Irão para evitar que novos crimes ao abrigo do direito internacional e outras violações dos direitos humanos, incluindo execuções ilegais e actos de tortura e outros maus-tratos, sejam cometidos contra todos aqueles que foram detidos arbitrariamente."

A recente entrada do Irão e outros países do Sul Global no Brics mudou a avaliação do Brasil em termos de direitos humanos e política internacional. Essa não é uma situação isolada, ela se insere numa nova avaliação de alguns setores ditos de esquerda, diante de uma nova análise da realidade mundial pela corrente pós-colonialista.

Nessa linha, o combate ao imperialismo norte-americano exige a participação dos chamados países do Sul Global com uma desvalorização da importância da laicidade, que permite a reunião com ditaduras teocráticas autoritárias. Na França, isso vem sendo chamado de islamização da esquerda, com a liderança de Jean Luc Mélenchon.

E se pode entender, dado o crescimento da população muçulmana nas cidades francesas suburbanas, com o aumento e valorização do voto dos filhos e netos dos imigrantes, a nova geração franco-muçulmana.

Assim como nos EUA e no Brasil a religião evangélica foi adotada pela extrema-direita, a ponto de terem sido eleitos Bolsonaro e Trump, uma parte da esquerda francesa, na falta dos operários, está adotando os imigrantes. Como a maioria dos imigrantes são muçulmanos, é necessário mudar a teoria, a linguagem e o estilo.

Essa realidade emergente é revolucionária no sentido de poder mudar o equilíbrio religioso no planeta, dependendo das opções da China e da Índia. Quem visita as redes sociais brasileiras de esquerda já pode ter percebido certas mudanças, quem ainda não percebeu deve ficar atento, pois não existem condenações ao Irão por questões de direitos humanos.

Hoje, os jornais franceses dão destaque à prisão do escritor franco-argelino Boualem Sansal, pelo governo argelino. Autor profícuo, seus últimos livros tratam justamente da questão da teocracia e islamismo político. Um de seus livros tem um título bem sugestivo - "Governar no nome de Alá. Islamização e sede de poder no mundo árabe." Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu “Dinheiro Sujo da Corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, “A Rebelião Romântica da Jovem Guarda”, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.


quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Portugal - Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis comemora 30 anos de existência

De 29 de novembro a 1 de dezembro decorre mais uma Feira Internacional de Minerais, Gemas e Fósseis, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, que este ano comemora a sua 30.ª edição. A Feira é organizada pelo Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).


  

A edição deste ano conta com uma homenagem à equipa que planificou e realizou a primeira feira, há 30 anos, e com quase duas dezenas de expositores de diferentes países e uma grande variedade de peças expostas. 

No certame podem encontrar-se gemas, cristais e uma enorme variedade de fósseis que registam diferentes idades e ambientes da história da Terra, pelos quais passou a evolução dos organismos, desde dinossauros e outros répteis antediluvianos, peixes petrificados, trilobites, amonites, fetos gigantes e até insetos preservados em âmbar. 

Esta edição conta com o apoio do Instituto do Ambiente Tecnologia e Vida (IATV), do Museu da Ciência, da FCTUC e do Núcleo de Estudantes.

Para mais informações consultar o sítio da DCT ou as redes sociais da  Feira. Universidade de Coimbra - Portugal


UCCLA - Lançamento do livro “Olhares” de Carlos Santa Rita Vieira

Vai ter lugar, no dia 5 de dezembro, às 18 horas, o lançamento do livro de poemas “Olhares” da autoria do Dr. Carlos Santa Rita Vieira, no auditório da UCCLA.



Com a chancela da Rosa de Porcelana Editora, a apresentação do livro será conduzida por Maria Cunha Bárrio Vieira e contará com a participação de Filomena Vicente, Maria Cristina Matos e Nivia Benrós Lima. Haverá um momento musical com Ana Azevedo, Armando Tito, Humberto Évora e João Mota.

O lançamento do livro terá transmissão, em direto, na página do Facebook da UCCLA através da ligação:

https://www.facebook.com/UniaodasCidadesCapitaisLinguaPortuguesa

Sinopse:

Obedecendo aos olhares que deita sobre o que o rodeia, este segundo livro de poemas de Carlos Santa Rita Vieira visa “completar” as histórias que desfilaram no seu primeiro livro, Momentos e Outras Histórias, publicado em 2022. 

Biografia do autor:

Carlos Henrique Simões de Santa Rita Vieira nasceu na ilha do Sal, em Cabo Verde, a 22 de janeiro de 1947. Frequentou o Liceu nas cidades do Mindelo e da Praia, mudando-se para Lisboa em outubro de 1964, onde concluiu o curso de Medicina, na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1970. 

Durante os primeiros dez anos de profissão, foi Assistente de Cirurgia nas Faculdades de Medicina e de Ciências Médicas de Lisboa, trabalhando nos Hospitais de Santa Maria e de Pulido Valente até 1986, data em que foi para o Hospital de Vila Franca de Xira e depois para o Hospital de Torres Vedras, onde foi diretor do Serviço de Cirurgia até 2017, ano em que se aposentou.

Publicou, pela Rosa de Porcelana Editora, “Momentos e Outras Histórias”, “Nos Confins da Mente” e “Olhares”, que ora vem a público.


Timor-Leste - Convite a Eurico Guterres indigna timorenses em véspera de celebração da independência

O convite do Presidente timorense, José Ramos-Horta, a Eurico Guterres, antigo líder da milícia Aitarak, para participar nas celebrações da independência, que se assinala quinta-feira, indignou a sociedade timorense, com o tema da reconciliação a voltar ao debate

O chefe de Estado explicou que o convite para participar no 49º aniversário da independência visa reforçar a reconciliação e a relação com a Indonésia, mas as associações envolvidas naquele processo afirmaram à Lusa que é preciso mais diálogo interno sobre o processo.

Eurico Guterres liderou a milícia Aitarak, responsável por vários ataques em Timor-Leste e pela destruição de Díli, após o referendo de 1999 que determinou o fim da ocupação da Indonésia e a restauração da independência, a 20 de maio de 2022.

Condenado em 2002 a 10 anos de prisão pelo Tribunal Ad Hoc de Direitos Humanos, Eurico Guterres esteve apenas detido na Indonésia entre 2006 e 2008, porque o Supremo Tribunal daquele país anulou a sentença. “Nós não concordamos. Fizemos uma carta ao Presidente da República a dizer que é preciso, primeiro, fazer a reconciliação entre nós, aqui em Timor-Leste”, afirmou Martinho Rodrigues Pereira, diretor executivo da Associação dos Ex-Prisioneiros Políticos.

Martinho Rodrigues Pereira lembrou que as “milícias utilizaram a força e a violência contra as pessoas e o Presidente tem de perceber isso”. “Os timorenses ainda não estão preparados para aceitar o regresso de Eurico Guterres”, afirmou o diretor executivo da Associação dos Ex-Prisioneiros Políticos, lembrando que o antigo líder da milícia Aitarak está na lista dos crimes graves.

Domingos Pinto de Araújo Moniz, diretor executivo da Associação de Vítimas para o período entre 1974-1999, afirmou que os “timorenses não estão preparados para aceitar” o regresso de Eurico Guterres, nem dos mais de 300 elementos que constam na lista dos crimes graves. “Houve protestos sobre a possível presença. Informamos os nossos associados sobre o convite e muitos não concordaram, porque muitos foram vítimas da milícia Aitarak”, explicou Domingos Pinto de Araújo Moniz.

Aquele responsável salientou também que o “processo de reconciliação precisa de tempo”, explicando que em 2025 vai iniciar um programa de diálogo com a população sobre reconciliação, que pretende chegar a todos os sucos (conjunto de aldeias) do país. “É preciso que todo o povo perceba a reconciliação”, disse, salientando que muitos timorenses, até agora, “não aceitam a reconciliação”. “É normal”, acrescentou.

Ontem, citado na imprensa timorense, Eurico Guterres disse que não estaria presente nas celebrações do 49º aniversário da independência de Timor-Leste, que se assinala quinta-feira, com os principais festejos a realizarem-se no enclave de Oecussi. “Parece que ele sentiu que não era bem-vindo. O Presidente é que o convidou não foi o povo de Timor-Leste”, concluiu Domingos Pinto de Araújo Moniz. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Macau - Dança folclórica portuguesa e pastéis de nata podem integrar lista do património cultural intangível

O Instituto Cultural (IC) apresentou uma lista de 12 manifestações recomendadas para integrar a lista do património cultural intangível, que vai estar em consulta pública entre 4 de Dezembro e 2 de Janeiro do próximo ano. Desta lista faz parte, por exemplo, a dança folclórica portuguesa e a confecção de pastéis de nata



Foi apresentada, pelo Instituto Cultural (IC), uma lista de 12 novas manifestações recomendadas para inscrição na lista do património cultural intangível. Esta lista, que estará em consulta pública entre 4 de Dezembro e 2 de Janeiro de 2025, inclui a dança folclórica portuguesa e a confecção de pastéis de nata, por exemplo.

Crença e costumes de Tou Tei

O primeiro item na lista são os costumes de Tou Tei. Esta crença tem por base a “fé dos chineses antigos de que todas as coisas têm espírito, bem como na sua dependência, proximidade e reverência pela terra”, diz o documento do IC. Em Macau, estes costumes contam com um grande número de seguidores e existem actualmente cerca de dez templos dedicados exclusivamente ao Deus da Terra no território. O Festival de Tou Tei “é um evento festivo influente e cheio de características regionais de Macau, tendo um importante valor histórico e social, bem como valor em termos de cultura e de investigação”, salientam as autoridades.

Dança do Dragão

Outra das 12 manifestações recomendadas pelo IC para ir para a lista do património cultural intangível é a Dança do Dragão. Esta dança “transformou-se numa actividade importante desempenhada durante feiras ligadas a templos e festivais tradicionais, principalmente com o intuito de pedir protecção e segurança, bem como para proporcionar um ambiente de bom augúrio e alegria”, detalha o IC, acrescentando que, “nos dias de hoje, a Dança do Dragão continua a ser uma parte característica nos principais festivais culturais chineses em Macau, sendo muito popular entre os residentes e os turistas”.

Dança do Leão

Logo a seguir na lista surge a Dança do Leão, “uma arte performativa que integra artes marciais, dança e música”. A Dança do Leão tem sido transmitida e desenvolvida por associações desportivas civis, sendo realizadas aulas de interesse sobre a arte da Dança do Leão entre a comunidade, para promover o conhecimento e a cultura sobre esta dança, especialmente entre os jovens, nota o IC. O organismo diz ainda que “esta arte é um importante elo cultural para aprofundar ainda mais a proximidade entre Macau e as comunidades chinesas no estrangeiro, promovendo a sua identidade cultural e a união social entre grupos relevantes”.

A dança folclórica portuguesa

O IC também quer incluir na lista do património cultural intangível a dança folclórica portuguesa. O IC diz que, “no início dos anos 70 e 80 do século passado este tipo de dança tornou-se mais popular e desenvolveu-se também em actividades de outras comunidades locais”. A dança “adquiriu continuamente características de Macau, e actualmente envolve artistas das comunidades portuguesa, macaense, chinesa, entre outras”, sublinham as autoridades, que acrescentam que esta manifestação “reflecte o valor da multiculturalidade de Macau, bem como a integração e amizade entre as culturas chinesa e portuguesa, sendo uma manifestação cultural relevante sobre a cultura típica de Macau”.

Festival da Primavera

O Festival da Primavera também poderá ser integrado na lista e o IC explica que esta celebração concentra, de forma representativa, “a essência da cultura tradicional chinesa”. O organismo acrescenta que “o Festival da Primavera, sendo o festival mais grandioso, significativo e importante do ano em Macau, constitui uma importante manifestação da permanência e do desenvolvimento da cultura tradicional chinesa em Macau”.

Festival de Barcos-Dragão

O Tung Ng, Festival de Barcos-Dragão, é outra das manifestações em destaque. Trata-se de “um um festival folclórico cuja função é prestar reverência aos antepassados, realizar o culto a divindades para afastar maus espíritos e doenças, bem como fazer orações de bênção e de protecção contra espíritos malignos”. Estas celebrações têm “uma longa história” em Macau, continuando a ser transmitidos e ensinados, o que reflecte “um espírito nacional único e uma rica cultura que Macau continua a celebrar”.

Regata de Barcos-Dragão

A Regata de Barcos-Dragão é uma prática que faz parte do festival com o mesmo nome. Macau, que se localiza no Delta do Rio das Pérolas, tem as condições geográficas “ideais” para a realização desta competição, o que tornou esta celebração “um evento anual de grande importância no território”. “Como um dos eventos desportivos de Macau com uma escala relativamente significativa e com um impacto social especialmente relevante, a Regata de Barcos-Dragão constitui, sobretudo, uma importante representação da transmissão e continuidade da cultura tradicional chinesa no território”, salienta o documento do IC.

Tai Chi

Outra das manifestações a serem incluídas na lista de património cultural intangível são as artes marciais de Tai Chi, uma arte marcial tradicional caracterizada por movimentos circulares realizados de forma relaxada. O Tai Chi chegou a Macau no início do século XX e, segundo o IC, desde a década de 1980 que o interesse por esta arte marcial na região tem aumentado significativamente.

Pastéis de nata

O IC também quer incluir na lista do património cultural intangível a confecção de pastéis de nata locais, que evoluíram a partir dos portugueses. “Os pastéis de nata de Macau são muito populares, tendo-se tornado num doce emblemático. Actualmente, as lojas e os restaurantes que confeccionam e vendem pastéis de nata estão espalhados por toda a cidade”, assinala o organismo, acrescentando que “esta manifestação do património intangível local pode ser considerada como uma importante ponte de ligação da cultura gastronómica de Macau à do mundo, possuindo grande valor como referência cultural”.

Biscoitos de amêndoa

A confecção de biscoitos de amêndoa também pode entrar na lista uma vez que é “uma iguaria emblemática de Macau e uma lembrança apreciada”, o que faz com que se tornem “cada vez mais populares, tanto em Macau como internacionalmente”. “Nos últimos anos, a combinação dos métodos tradicionais com técnicas modernas, tanto em quantidade e qualidade, como em variedade de sabores, consolidou os biscoitos de amêndoa como um símbolo da cultura gastronómica de Macau”, refere o documento.

Bolos de casamento

O IC destaca também nesta lista os bolos de casamentos tradicionais chineses. O organismo assinala que, mesmo que a forma das cerimónias de casamento estejam a alterar-se, “os componentes do casamento tradicional chinês continuam bem preservadas, e os bolos de casamento tradicional chinês continuam a ser um dos elementos mais sofisticados das cerimónias, essencial e básico dos casamentos da população de Macau”. “A procura da sociedade por este produto continua consistente e a transmissão da arte da sua confecção mantém-se bem assegurada”, garante o IC.

Massas Jook-Sing

O último item na lista de sugestões do IC para integrar o património cultural intangível é a confecção de massas de Jook-Sing. Estas massas “são um alimento de massa característico de Macau e um elemento gastronómico muito apreciado pelos turistas, cuja técnica de confecção é a sua essência e representa o modo tradicional de confecção de massas de Macau, sendo de importante significado histórico, cultural e de valor económico significativo para o estudo da cultura do consumo de massas e da cultura culinária de Guangdong, de Hong Kong e de Macau”, descreve o IC. In “Ponto Final” - Macau


terça-feira, 26 de novembro de 2024

Hong Kong – Museu homenageia “enorme contributo” de lusodescendentes

O Museu de História de Hong Kong vai inaugurar uma exposição sobre o “enorme contributo” dos lusodescendentes e que demonstra que a comunidade continua viva, disse à Lusa o presidente do Club Lusitano. Patrick Rozario sublinhou que os lusodescendentes são a primeira comunidade minoritária do território a merecer uma mostra permanente rotativa, no âmbito da renovação do museu, lançada em 2017, mas que sofreu atrasos devido à pandemia.



“Em parte porque éramos a maior comunidade estrangeira em Hong Kong depois dos britânicos, mas penso que também demos um enorme contributo para o desenvolvimento” do território, disse o presidente da maior instituição da comunidade.

Os macaenses e membros da então numerosa comunidade portuguesa em Xangai, no leste da China, começaram a chegar a Hong Kong logo depois da fundação da então colónia britânica, em 1841, sublinha o museu. A comunidade eurasiática “aproveitou o talento para as línguas e o estatuto único de ‘nem chinês nem ocidental’ para servir de ponte entre os mercadores e funcionários do governo britânico e os chineses”.

Os lusodescendentes “construíram a sociedade cívica, igrejas e escolas” e destacaram-se em áreas como a impressão, a farmacêutica, o direito e o desporto, disse Patrick Rozario.

Entre os objectos da exposição, o coordenador do projecto, Francisco da Roza, destacou o casaco vermelho que o presidente do Comité Olímpico de Hong Kong, Arnaldo de Oliveira Sales, usava nas Olimpíadas de 1972, em Munique, quando conseguiu negociar com terroristas palestinianos a libertação da delegação do território, que tinha ficado encurralada durante o rapto de 11 atletas israelitas.

O Departamento de Serviços Culturais e de Lazer do território disse à Lusa que a mostra “Estórias Lusas” vai “apresentar as tradições e cultura distintivas” da comunidade através de programas multimédia audiovisuais e interactivos e de “mais de 250 peças de famílias e organizações portuguesas”.

O trabalho de recolha permitiu aos lusodescendentes trabalhar com o museu e serem eles a contar a própria história, sublinhou Patrick Rozario.

Francisco da Roza deu como exemplo uma homenagem aos soldados lusodescendentes que morreram na Batalha de Hong Kong, em Dezembro de 1941, quando o Japão ocupou a então colónia britânica.

O declínio da comunidade começou em 1967, quando o território sentia, inclusive através de atentados bombistas, o impacto da Revolução Cultural na China, e a emigração continuou depois da crise mundial do petróleo, em 1973.

O investigador nonagenário disse à Lusa que foi aos Estados Unidos e ao Canadá recolher artefactos, documentos e fotografias entre a diáspora da comunidade eurasiática.

Patrick Rozario disse que a exposição pode mostrar que a comunidade, apesar de profundamente integrada, não desapareceu. “Estamos a mostrar que ainda estamos aqui hoje, ainda fazemos parte da sociedade de Hong Kong e continuaremos a contribuir”, referiu o presidente do Club Lusitano.

A presença da comunidade permanece em áreas como a justiça, através de Roberto Alexandre Vieira Ribeiro, um dos três juízes permanentes do Tribunal Superior de Hong Kong, ou a educação, com a Escola Primária Po Leung Kuk Camões Tan Siu Lin.

Por outro lado, disse Rozario, a mostra pode “ajudar as gerações futuras com a sua identidade”. “Muitos de nós anglicizámo-nos ao longo do tempo e perdemos a língua [portuguesa]. É importante que compreendamos quem somos e de onde viemos”, sublinhou o dirigente. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”


Moçambique - Xavier Bila vence Concurso de Curta-Metragem com “18 de Março”

O filme “18 de Março”, de Xavier Bila, é o grande vencedor do Concurso de Curta-Metragem, organizado pelo Centro Cultural Moçambicano-Alemão 2024. “Tristânia”, dirigido por Lutergado Lampião, ficou em segundo lugar na oitava edição do concurso.



De acordo com uma nota de imprensa do Centro Cultural Moçambicano-Alemão, Elisio Bajane, Ivandro Mahocha e Stélio António, membros do corpo de júri, deliberaram que a película “18 de Março” merece classificação de “Melhor filme” e o “Melhor argumento”, ocupando, dessa forma, a primeira e a terceira posição. “Tristânia” arrecadou a segunda posição, na categoria de “Melhor Realizador”.

No concurso, estiveram em avaliação “Narrativa e Argumento”, “Aspectos Técnicos”, “Actuação”, “Realização”, “Criatividade e Inovação”, “Aderência ao Tema”, “Tempo e Ritmo”, “Relevância Cultural ou Social” e “Impacto Geral”.

A classificação, com efeito, foi de 775 para o “Melhor filme”, 769 “Melhor Realização” e 752 pontos para o “Melhor Argumento”.

De acordo com a sinopse, o filme de Xavier Bila retrata uma história baseada em factos reais, na qual, “no seu regresso da missão de contenção de uma marcha pública, onde ele e seus colegas agiram com violência contra os manifestantes”.

Um agente da polícia, prossegue o resumo da película, é confrontado pela sua filha com uma revelação chocante, que toma o centro da narrativa.

Por sua vez, a proposta de Lutergado Lampião é um enredo que decorre num vale perdido chamado Tristânia, governado por um tirano implacável chamado Lord Mafuta, sob o seu domínio, o exercício de cidadania era um conceito desconhecido.

“A população vivia constantemente sob o peso do medo e opressão, neste regime qualquer sinal de revolta era rapidamente esmagado, a constante presença dos seus soldados nas ruas era lembrança da sua força brutal, no meio a este caos, Nhembete, uma jovem determinada e seus dois parceiros Muzila e Luana decidem despertar a população e começar uma revolução”, lê-se na sinopse.

Após a submissão de candidaturas através de sinopses, de 10 a 28 de Junho, a Afrocinemakers, produtora parceira da presente edição, orientou, na Galeria do CCMA workshops técnicos, para os 35 candidatos que tinham sido admitidos ao concurso na presente edição.

Na sequência, os participantes produziram e enviaram os vinte filmes que foram objecto de avaliação para que se encontrasse o vencedor deste concurso que já premiou mais de 20 cineastas moçambicanos.

O contributo deste concurso é notável, de tal modo que vários produtores que tiveram neste a primeira oportunidade de mostrar o seu trabalho ao grande público e, na sequência, passaram a grandes produções, tal é o caso, por exemplo, dos Afrocinemakers e Gigliola Zacara.

A novidade deste ano é que os filmes produzidos no contexto do Concurso de Curta-Metragem estarão disponíveis na plataforma de streaming moçambicana NetKanema. Já lá estão disponíveis as curtas desde a 4ª edição, não apenas os vencedores.

Com efeito, a tónica generalizada dos filmes é de uma abordagem holística, que transcende a discussão imediatamente política das temáticas “Democracia e cidadania”, o que reflecte uma percepção mais aberta sobre os assuntos supracitados.

O CCMA justifica as temáticas pelo facto de, 2024, ter sido amplamente reconhecido como o maior ano eleitoral dos últimos 50 anos, e possivelmente de toda a história moderna. Pois, mais de 70 países realizarão eleições nacionais ao longo do ano.

Só a nível regional, para além de Moçambique, a África do Sul e Botswana que já foram as urnas, Namíbia irá no próximo 27 de Novembro. A nível internacional, destacam-se algumas das nações mais populosas do mundo, como Índia, Estados Unidos, Rússia e México.

E à luz deste facto, o CCMA, que igualmente compreende que a arte tem uma função reflexiva, acredita que desta forma contribui para uma participação mais consciente nestes processos. Assim como, possibilita a visibilidade de novos cineastas e propostas estéticas para a cena moçambicana. In “O País” - Moçambique