Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Brasil – Biomédico lidera pesquisa que muda radicalmente a forma de combater as células de cancro

Um biomédico brasileiro está a liderar uma investigação que muda radicalmente a forma de combater as células de cancro


A luta contra o cancro é sempre uma batalha contra células que começam a multiplicar-se desordenadamente, gerando tumores e outros danos no organismo. Matar essas células doentes é o objetivo dos tratamentos mais conhecidos.
Quando diagnosticada no início ou quando a doença é menos agressiva, a possibilidade de sucesso é imensa, mas o cancro é desafiador quando se espalha e resiste às terapias conhecidas. E é para esses casos que uma abordagem inovadora vem avançando com a ajuda de um cientista brasileiro. Para frear a doença, os investigadores fazem o oposto dos tratamentos convencionais: aceleram tanto a multiplicação das células que elas acabam estressadas e mortas.
O biomédico Matheus dos Santos Dias fez doutoramento na USP, pós-doutorado no Instituto Butantan e, há cinco anos, continua as suas pesquisas no Instituto Holandês do Cancro em Amsterdão.
Imagens de microscópio mostram como células de cancro normalmente se multiplicam. Do outro lado, as células que receberam a combinação de medicamentos. Elas até tentam, mas já não conseguem multiplicar-se.
Os testes em pacientes nos Países Baixos devem começar no início do ano que vem. Segundo Matheus, o caminho ainda é longo, mas ele e muitos médicos já vislumbram um horizonte promissor adiante. In “Milénio Stadium” - Canadá



Brasil - Cooperação tecnológica com a China precisa de aposta em línguas

Um dirigente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) assumiu ontem que a cooperação tecnológica com a China “é fundamental” para o Brasil, mas que é necessário reforçar o estudo das línguas portuguesa e chinesa

“Temos muito interesse em aumentar as relações tecnológicas com a China e para isso nós precisamos de uma comunicação mais efetiva”, disse o vice-reitor para a Graduação da Unicamp, Ivan Felizardo Contrera Toro, à Lusa, à margem do 3.º Fórum dos reitores das instituições do ensino superior da China e dos países de língua portuguesa, que se realizou em Macau.

Apesar da Unicamp, no sudeste brasileiro, oferecer cursos de língua chinesa e receber alunos da China para programas de português, “há muito que melhorar, que acrescentar e expandir essa relação”, notou o responsável.

Dos 20 mil alunos de graduação e 16 mil de estudos pós-graduados da Universidade Estadual de Campinas, “muito poucos” têm a possibilidade de ir para a China, acrescentou, salientando que também “muito poucos alunos chineses vão para o Brasil”. É este intercâmbio de estudantes e professores, em áreas como “línguas, educação e tecnologia”, que o memorando de entendimento, agora assinado entre a universidade brasileira e a Universidade da Cidade de Macau, pretende reforçar. “Ainda temos algumas etapas legais a fazer, mas será de extrema importância para a minha universidade e espero também que para o intercâmbio entre a língua portuguesa e chinesa no Brasil e na China”, referiu.

No que diz respeito à cooperação na área da tecnologia, o dirigente afirmou que tem sido feito trabalho nas áreas da Indústria Química, Informática, “principalmente Inteligência Artificial”. Mas Toro, que é cirurgião torácico, disse acreditar que na área médica, onde ainda não há trabalho conjunto, há “um futuro muito grande a percorrer”, seja “no trabalho com robôs de ajuda médica, que a China está desenvolvendo”, ou na conceção de medicação. “A China é um país que tem um desenvolvimento extremamente importante, mas principalmente nós podemos caminhar muito no desenvolvimento sustentável, numa cultura de relações que levem à paz. O Brasil e a China têm um papel muito grande e esse papel tem que ser iniciado pelas universidades”, disse, salientando que o trabalho de Brasília com Pequim no setor tecnológico “é fundamental”.

O vice-reitor da Unicamp afirmou ainda que Macau desempenha “um papel enorme” na aproximação entre Brasil e China, sendo a organização de eventos como este Fórum “extremamente importante” para a universidade. “A oportunidade de existir um pedaço da China que tenha a língua portuguesa como uma das línguas principais é fundamental e vai ser de grande valia para nós”, disse aos jornalistas.

Pequim estabeleceu em 2003 Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau. Além da China, o organismo integra nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”



Venezuela - Parlamento cria grupos de amizade com Portugal e Guiné-Bissau

A Assembleia Nacional da Venezuela anunciou a criação de grupos parlamentares de amizade com seis países, incluindo Portugal e Guiné-Bissau. O parlamento venezuelano estabeleceu grupos de ligação ao Egipto, Senegal, Jordânia e Cazaquistão, todos presididos por deputados do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder, indicou em comunicado.

Os grupos vão trabalhar para fortalecer e consolidar as relações “diplomáticas e cooperativas” com aquelas nações, referiu a Assembleia. O parlamento já estabeleceu grupos de amizade com Nepal, Quirguistão, Iraque, Bahrein, Azerbaijão, Laos, Líbano, Timor-Leste, Quénia, Gâmbia, Malásia e a União Africana.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais a 28 de julho, com o Conselho Nacional Eleitoral a atribuir a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

O regime de Caracas disse estar em curso um golpe de Estado, mantendo nas ruas milhares de polícias e militares para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.

A organização não-governamental venezuelana Foro Penal (FP) indicou que 1953 pessoas estão detidas por motivos políticos na Venezuela, o maior número registado no século XXI. Entre os detidos, 1711 são homens, 242 mulheres, 69 adolescentes, incluindo 1792 civis e 161 militares, acrescentou. In “Ponto Final” - Macau



Moçambique – Cidade de Maputo já se prepara para “sete dias difíceis”

Num movimento de uma manhã atípica, Edgar Chaúque tenta comprar o máximo de alimentos que pode para enfrentar os “sete dias difíceis” que se esperam em Moçambique com a previsão de novas manifestações contra os resultados eleitorais.


“Com o último anúncio do Venâncio Mondlane, decidimos ir comprar o que falta para que não nos arrependamos nos próximos dias”, explica à Lusa o moçambicano de 46 anos, momentos após comprar alguns produtos num dos principais supermercados de Kachamanculo, nos subúrbios de capital moçambicana.
Num frenesim atípico para uma manhã de quarta-feira em Maputo, como Edgar, dezenas de pessoas têm estado a comprar produtos, com engarrafamento em algumas avenidas, face a uma eventual paralisação, com receio de um cenário semelhante ao dos primeiros três dias de manifestações convocadas por Mondlane em protesto contra a alegada fraude nas eleições de 9 de Outubro.
“Está todo o mundo a correr porque não sabemos o que vai acontecer (…) sete dias é difícil. A parte difícil de tudo isto são as crianças que não poderão ir à escola. Eles estão nas últimas semanas e têm as últimas avaliações, mas todos nós, no fundo, queremos liberdade democrática, sem violência”, declara Cármen João, a escassos metros do seu carro já cheio de produtos alimentares.
Os últimos dias de manifestações convocadas por Mondlane, na semana passada, culminaram com violentos confrontos entre a polícia moçambicana e apoiantes do político em vários pontos do país, com destaque para Maputo, que, à margem das confrontações que ocorreram sobretudo na periferia, esteve quase uma cidade-fantasma, com o comércio paralisado.
Na terça-feira, numa das suas concorridas ‘lives’ vistas por milhares na rede social Facebook, Mondlane apelou para uma greve geral de uma semana a partir de quinta-feira, manifestações nas sedes distritais da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e marchas para Maputo em 7 de Novembro, contestando os resultados apresentados pela CNE, que deram a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, com 70,67% dos votos.
No princípio, Mondlane convocou uma “paralisação geral”, mas, após o assassínio de Elvino Dias, seu advogado, e Paulo Guambe, mandatário do partido Podemos, que o apoia, chamou os seus apoiantes para as ruas, dando-se, assim, início a confrontos entre manifestantes e a polícia em vários pontos do país, com mortos, feridos e detidos, além de lojas fechadas.
Embora na rua as opiniões sobre a contestação aos resultados continuem divididas, para alguns o que está em causa actualmente em Moçambique ultrapassa “ideologias políticas”: trata-se de uma “luta do povo moçambicano”.
“Eu estou pronto para sete dias difíceis, querendo como não, temos de segurar. A Frelimo tem de sair”, diz à Lusa Nelson Rafael Paunde, um jovem lavador de carros na avenida Carlos Morgado, simpatizante assumido de Mondlane.
Não muito longe de Kachamanculo, no mercado de Xipamanene, no bairro do Alto Maé, Carlos Baptista, outro lavador de carros na rua, diz não estar tão pronto como Nelson, embora admita que votou no “VM7 da política moçambicana”, uma alcunha política que lhe foi atribuída pelos seus simpatizantes numa comparação ao português Cristiano Ronaldo (CR7) no futebol.
“Eu votei em Venâncio, mas agora estou a ver que ele está a estragar as coisas (…) Sete dias? Vamos morrer à fome. Não estou pronto. Eu vivo da rua e ficar sete dias paralisado vai obrigar-me a roubar”, diz à Lusa Carlos Baptista.
Enquanto na rua as opiniões permanecem divididas, a tensão está estampada no rosto da maioria em cada esquina de Maputo, com a indefinição sobre o que vai acontecer nos próximos dias como a única coisa que é consensual: “Independentemente de partidos políticos, isto é uma batalha de todo povo moçambicano”, conclui Edgar Chauque.
O Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais, estima que até agora morreram 10 pessoas, dezenas ficaram feridas e cerca de 500 foram detidas, no contexto dos protestos e confrontos durante a greve e manifestações de quinta e sexta-feira, que se sucederam a iguais confrontos violentos em 21 de Outubro, também convocados por Mondlane.
A Renamo diz que vai divulgar contagem paralela e que venceu em duas províncias
A Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal força da oposição, prepara a divulgação dos resultados da contagem paralela das eleições gerais, em que se declara vencedora em duas províncias, declarou o seu mandatário. Geraldo Carvalho disse que, após a divulgação dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições, que ainda carecem de validação do Conselho Constitucional, a Renamo “manteve-se calma” enquanto trabalha nos dados da contagem paralela, lembrando que não é “a favor dos resultados veiculados” pelos órgãos oficiais. “Adianto a dizer que consta que em duas províncias a Renamo leva vantagem no que diz respeito à eleição de governador de província e de assembleias provinciais”, disse, referindo que o partido aguarda igualmente pelo pronunciamento do CC. “Esperamos que o Conselho Constitucional desta vez faça o seu papel como deve ser, lembrando-se do que são as suas obrigações”, apontou. Estevão Chavisso – Moçambique “Agência Lusa” in “Jornal Tribuna de Macau”