A
biotecnológica portuguesa Immunethep estava pronta para avançar com os ensaios
clínicos da sua vacina contra a covid-19 em setembro, mas a espera pelo
financiamento por parte do Estado tem impossibilitado seguir com o processo.
“Neste
momento, tudo aquilo que podíamos fazer de ensaios não clínicos está feito. Já
provámos a eficácia da vacina no modelo animal, já provámos a ausência de
toxicidade. O próximo passo seria avançar para ensaios clínicos. O que aconteceu
com quase todas as vacinas é que houve um forte apoio do Governo. Apesar dos
contactos que houve, do interesse e de algumas reuniões, ainda estamos à
espera”, disse à agência Lusa o diretor executivo da Immunethep, Bruno Santos.
Segundo
o responsável da biotecnológica sediada em Cantanhede, no distrito de Coimbra,
caso já houvesse garantias de financiamento por parte do Governo, a empresa já
poderia estar “a pedir autorização dos ensaios clínicos ao Infarmed para
começarem” este mês.
“Não
tendo o financiamento, poderemos perder alguns meses”, disse, realçando que são
necessários cerca de 20 milhões de euros para a fase de ensaios clínicos.
Para
Bruno Santos, a forma mais fácil e rápida de financiar o processo passaria
“pela compra antecipada de vacinas, tal como foi feito nos Estados Unidos e na
Alemanha”.
Já
a possibilidade colocada pelo Governo passou pela candidatura a fundos
europeus, tendo a empresa fundada em 2014 concorrido a uma linha de
financiamento.
“Caso
conseguíssemos 80% de financiamento, temos uma série de investidores que se
mostraram interessados e conseguiríamos cobrir os outros 20%, mas o valor a ser
apoiado pode não ser esse”, notou.
No
entanto, o prazo de decisão para a candidatura submetida apenas termina a 31 de
dezembro, explicou.
“Com
todas as incertezas que temos, que são reais, não consigo estabelecer um prazo.
Estou dependente de todas as variáveis, mas perderemos aqui alguns meses num
período que seria crítico”, salientou.
Para
Bruno Santos, depois de todo o desenvolvimento feito pela empresa, que
apresentou uma solução que “ainda é válida e que ainda pode ser útil”, é “um
bocadinho frustrante” estar dependente apenas da questão do financiamento.
Mesmo
numa altura em que muitos dos países ocidentais têm já grande parte da
população vacinada, o cofundador da Immunethep salienta que a vacina continua a
ser viável.
“Tem
características que a tornam interessante para países em desenvolvimento, pela
facilidade de administração, que não precisa de ser por um profissional de
saúde, não precisa de uma cadeia de frio e como trabalha o vírus como um todo
tem uma cobertura maior das variantes, tornando-a mesmo assim útil para
Portugal e para os países desenvolvidos, já que as novas variantes fazem baixar
a eficácia de vacinas como a Pfizer ou a Moderna”, realçou.
A
covid-19 provocou pelo menos 4539682 mortes em todo o mundo, entre mais de 218,91
milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia.
Em
Portugal, desde março de 2020, morreram 17757 pessoas e foram contabilizados 1039492
casos de infecção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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