Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Macau – Resultados da consulta pública sobre Manifestações a Inscrever na Lista do Património Cultural Intangível


Quase 80% dos participantes no processo de recolha de opiniões sobre Manifestações a Inscrever na Lista do Património Cultural Intangível concordam com a inclusão da Gastronomia Macaense por considerarem que constitui um elemento único da cultura do território. No caso do Teatro em Patuá, a taxa de concordância é de 77% por se considerar que representa a relação cultural entre o Oriente e o Ocidente. As procissões religiosas também contam com ampla aceitação



Foi ontem publicado o relatório final da consulta pública sobre as Manifestações a Inscrever na Lista do Património Cultural Intangível, tendo sido recolhidas 1168 opiniões. As 12 manifestações incluíam a Ópera Cantonense, Preparação do Chá de Ervas, Escultura de Imagens Sagradas em Madeira, Naamyam Cantonense (Canções Narrativas), Música Ritual Taoista, Festival do Dragão Embriagado, Crença e Costumes de A-Má, Crença e Costumes de Na Tcha, Gastronomia Macaense, Teatro em Patuá, Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e Procissão de Nossa Senhora de Fátima.

Relativamente à Gastronomia Macaense foram recolhidas 1029 opiniões, entre as quais 818 (79,5%) concordam com a sua inclusão no Inventário do Património Cultural Intangível. Há ainda 211 pessoas contra, representando 20,5% do total.

Quem concorda aponta como principais motivos o facto de “constituir um elemento único da cultura de Macau, com valor histórico, que reflecte também as relações estreitas entre Macau e Portugal, sendo representativo da relação cultural entre a China e o Ocidente”.

Entre aqueles que discordam, 30,3% consideram que “a Gastronomia Macaense não se reveste de especial carácter” e 16,9% acreditam que “não é relevante para Macau”.

O Teatro em Patuá obteve resultados semelhantes. Durante a consulta foram recolhidas 993 opiniões, entre as quais 765 (77%) são favoráveis e 228 contra a inclusão (23%).

Os motivos apresentados para a concordância “residem no facto de o Teatro em Patuá possuir características culturais únicas de Macau”. “O patuá é também um dialecto que evoluiu ao longo da história, sendo representativo da relação cultural entre o Oriente e o Ocidente”, refere o documento divulgado pelo Instituto Cultural (IC).

Quem discorda afirma que “o Teatro em Patuá não é popular na sociedade” (24%), “o Teatro em Patuá não satisfaz as condições do Património Cultural Intangível” (16,4%) e “é uma língua monótona e não corresponde aos meus gostos pessoais, porque não sei falar português” (13,5%). No entanto, 11,5% dos que discordam não conhecem o Teatro em Patuá.

No que respeita à Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, o Instituto Cultural aponta que foram recolhidas 1023 opiniões, entre as quais 790 (77,2%) a favor e 233 (22,8%) contra. As principais razões de concordância prendem-se com o facto de a Procissão ser “representativa da cultura tradicional de Macau” e um evento “que atrai a participação de um grande número de devotos e cidadãos”.

No entanto, quem discorda da inclusão acredita que “a crença e respectivas celebrações religiosas não deve fazer parte do Património Cultural” (23,4%) ou que “não se reveste de especial carácter” (21,5%).

A lista inclui ainda a Procissão de Nossa Senhora de Fátima que motivou 1020 opiniões. Entre estas, 797 pessoas, ou seja, 78,1%, concordam e 223 (21,9%) discordam.

Os principais argumentos a favor da inclusão são o facto de a Procissão representar “um elemento da cultura religiosa tradicional de Macau”. “Sendo uma tradição anual, o seu ambiente consegue atrair a participação de um grande número de devotos e cidadãos”.

Os argumentos contra incluem: “A crença e respectivas celebrações religiosas não devem fazer parte do Património Cultural (22,6%)”, “Não se reveste de especial carácter” (22,6%) e “A Procissão de Nossa Senhora de Fátima não é popular na sociedade” (18,3%).

Atentos à protecção

O IC acredita que as opiniões recolhidas demonstram que alguns inquiridos estão atentos à protecção dos elementos do Património Cultural Intangível, “em particular no que diz respeito aos respectivos procedimentos de protecção e continuidade”.

“Além da inclusão na lista das manifestações do Património Cultural Intangível, alguns dos inquiridos também perguntaram se existem planos para que as manifestações possam ser transmitidas no futuro”, lê-se no relatório.

Outros inquiridos sugeriram que se reforce a divulgação dos elementos de Património Cultural Intangível já inscritos, disponibilizando-se mais locais para exposições sobre as manifestações intangíveis. “Simultaneamente, também foi expressa a vontade de que mais manifestações do Património Cultural Intangível possam ser inscritas, acelerando a protecção deste importante tipo de legado cultural”.

A consulta pública decorreu entre 13 de Março e 11 de Abril deste ano. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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