Cidade
da Praia – A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) discute esta
semana três aspectos da proposta para a mobilidade sobre os quais os
Estados-membros não chegaram ainda a consenso: custos de vistos, certificações
académicas e contribuições da Segurança Social.
Estes
três temas serão debatidos na próxima reunião da Comissão Técnica Conjunta para
a Mobilidade, que vai realizar-se online entre quarta e sexta-feira,
adiantou à Lusa o embaixador de Cabo Verde em Lisboa, país que tem a
presidência rotativa da organização.
Desta
reunião deverá sair a proposta final sobre a livre circulação de pessoas no
espaço da CPLP.
“Depois
haverá um Conselho de Ministros extraordinário, previsto para a segunda
quinzena de Março, mas ainda sem data precisa, que terá como principal ponto de
agenda a proposta de mobilidade, que se espera já seja a final”, explicou
Eurico Monteiro.
“Nós
podíamos ter uma solução, que era dizer: ‘não regulamos estas matérias e cada
Estado regula conforme entender’. Mas não queremos deixar isto assim e queremos
fazer um esforço de conseguir aquilo que é possível”, sublinhou.
Assim,
em relação aos títulos, ou vistos de mobilidade, o que está em causa, segundo o
diplomata, é que nos instrumentos multilaterais, foi aprovada a regra da
supressão das taxas, ou seja, que define que os títulos são gratuitos, só se
podendo cobrar o custo do impresso.
“Mas
alguns Estados-membros, com algumas dificuldades financeiras, têm alguma
relutância em abrir mão dessas taxas, e outros querem que se cumpra o
instrumento multilateral, que isentava [de custos] e outros querem um meio
termo, querem uma taxa, mas moderada”, explicou.
Já
no que respeita aos títulos académicos, o problema reside no facto de, em
alguns casos, as competências para a sua atribuição caberem às organizações
profissionais e não aos governos ou órgãos legislativos. “E isto é um
problema”, disse o embaixador.
O
diplomata apontou como exemplo o Brasil, onde as certificações profissionais
cabem às ordens profissionais e estas até têm “assento constitucional”.
“Há
uma disparidade de regimes jurídicos internos e nós temos de arranjar uma norma
conformadora. Porque nós gostaríamos que a mobilidade dos cidadãos pudesse
corresponder a mobilidade dos títulos académicos, para ter maior efectividade”,
comentou.
Já
em relação à Segurança Social, Eurico Monteiro acredita que o consenso “talvez
possa ser mais fácil”, ainda assim considera que é preciso “ter algum cuidado”.
O
diplomata aponta o exemplo de alguém que vive em Angola, onde desconta para a
Segurança Social e que depois faz a mobilidade e vem residir em Portugal.
“A
boa mobilidade diz que não deve começar de novo, perdendo aquilo que já tinha”,
sublinhou o diplomata cabo-verdiano.
Mas
para que esse cidadão não perca o que descontou até ali é preciso que se crie
“um esquema de exportabilidade desses créditos de Segurança Social”, sublinhou.
Além
disso, é necessário que as entidades do país onde residia e daquele para onde
vai viver se entendam, para se perceber como vai ser a pensão, no futuro, que
referências a seguir e como vai ser feito o cálculo. “É uma matéria de alguma
complexidade”, concluiu.
No
último Conselho de Ministros de Negócios Estrangeiros (MNE) da CPLP, que
decorreu também em formato virtual, a 09 de Dezembro, foi aprovado um projecto
de resolução sobre o acordo de mobilidade, cujo acordo final vai ser aprovado
na cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, prevista para Luanda, este
ano.
A
CPLP conta com nove Estados-membros, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. In “Inforpress”
– Cabo Verde com “Lusa”
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