Começou como o passatempo de um grupo de amigos, mas 25
anos depois o Clube de Râguebi de Macau tem uma formação com mais de 100
crianças. Hoje a associação celebra o aniversário do primeiro jogo, um empate
12-12 com a secção do râguebi Hong Kong Football Club
Foi
no campo que actualmente está a cargo dos Operários, nas Portas do Cerco, que
há 25 anos o que o Clube de Râguebi de Macau se estreou em competição. Na
altura, o Governo português disponibilizou o recinto, remodelado, e a formação
de que fazia parte Luís Herédia não desiludiu, alcançou um empate por 12-12
contra a secção do râguebi Hong Kong Football Club.
“Foi
um empate 12-12 contra a secção do râguebi Hong Kong Football Club. Na altura,
eles jogavam juntos há muito tempo, e alguns eram atletas muito experientes,
podemos dizer que já eram veteranos. Nós tínhamos uma equipa formada há pouco
tempo”, recordou Luís Herédia, um dos fundadores do clube e jogadores do
primeiro encontro. Contudo, o percurso para o primeiro jogo não foi fácil e
esteve longe de ser preparado nas melhores condições.
A
ideia de formar um clube de râguebi em Macau começou a nascer com um grupo de
amigos e aficionados do desporto, que pretendia ir apoiar a selecção de
Portugal nas participações do Torneio de Sevens, em Hong Kong.
Só
que o que poderia ter sido uma “claque” acabou por evoluir para algo mais:
“Desde 1994 que a selecção portuguesa era convidada para ir ao Torneio Sevens
de Hong Kong. Era um torneio que se realizava há uns anos e era um dos maiores
do mundo”, contou Herédia. “Nós éramos alguns portugueses que estávamos em
Macau e tínhamos praticado a modalidade em Portugal. Por isso, começámos a
pensar em criar uma espécie de Clube dos Amigos do Râguebi para apoiar
Portugal”, acrescentou. “Só que quando começamos a materializar a ideia,
verificamos que tínhamos um grupo com muitas pessoas que tinham jogador
râguebi, que ainda estavam em idade de jogar e que tínhamos um grupo para
formar uma equipa”, recordou.
Aos
portugueses e amigos locais juntaram-se vários emigrantes anglo-saxónicos,
naturais de países com uma cultura mais desenvolvida deste desporto. Só que
para jogar era preciso encontrar um adversário….
Treinos em asfalto
Com
uma rede de contactos em Hong Kong, foi da região que se aproximava a passos
largos de regressar à administração chinesa que chegou o primeiro adversário,
ligado ao Hong Kong Football Club. “Como tínhamos contactos em Hong Kong,
falámos com pessoas que conhecíamos para trazerem uma equipa para o primeiro
jogo.
Eles
perceberam muito bem a nossa situação, e colocaram-nos em contacto com esta
equipa mais próxima do nosso nível…”, apontou Herédia, um dos jogadores. “E
pelos vistos acertaram na muche com a equipa [secção do râguebi Hong Kong
Football Club] que enviaram porque terminámos empatados”, lembrou.
Com
o adversário escolhido, ficava a faltar um recinto para desempenhar o encontro.
A questão foi resolvida com o contributo da administração portuguesa. “Antes de
irmos com a ideia ao Instituto do Desporto que gostaríamos de fazer este jogo,
o campo nas Portas do Cerco estava em muito mau estado. Só que eles tiveram o
cuidado de fazer reparações e quando jogámos não podemos dizer que o campo
estivesse novo, mas estava muito bem preparado, com os postes e todos os
equipamentos necessários”, relatou.
Já
os treinos para o desafio foram um desafio mais complicado, com parte a ser
feita em superfícies de alcatrão. “Treinávamos em asfalto num campo
polivalente, que era no Hyatt, e corríamos na rua. Nem sequer tínhamos tido
ocasião de treinar como deve ser”, apontou.
Jantar de comemoração
O
primeiro encontrou tornou-se um marco para o Clube de Râguebi de Macau e a
partir desse momento foram realizados muitos jogos, com vitórias, derrotas e
empates, como acontece no desporto. Mas o dia 10 de Fevereiro de 1996 não foi
esquecido e esta noite vai ser celebrado com um jantar, em que vão estar
presentes alguns membros da equipa original, como Anacleto Cabaça, Álvaro
Duarte, Miguel Madaleno e Paulo Sá.
A
história do Clube de Râguebi de Macau também não ficou parada e hoje, com 25
anos, houve sempre actividades e hoje são vários os jovens, mais de 100, que
participam nos escalões de formação, através de um segundo clube.
E
os desafios também não acabaram, com o principal a ser, como acontece com
outros tipos de desporto em Macau, o acesso a locais para os treinos e jogos.
No
caminho de 25 anos, um dos aspectos que mais deixa Luís Herédia, fundador do
clube, satisfeito passa por uma maior adesão à modalidade dos locais, que
contrasta com o início em que os praticantes eram mais portugueses e anglo-saxónicos.
“Temos bastantes locais e foi sempre um dos nossos objectivos, que houvesse
mais locais a praticar. E hoje quando se vai aos treinos já há dias em que são
bastantes mais locais que portugueses ou imigrantes”, admite. Mesmo assim, o
clube não pára, nem com a pandemia: “Há sempre muito para fazer e não vamos
parar”, promete. João Filipe – Macau in “Hoje
Macau”
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