Os estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirmaram-se “inequivocamente contrários” à pena de morte, numa declaração lida nas Nações Unidas e subscrita pelos nove membros, incluindo a Guiné Equatorial, onde esta ainda vigora
Na
declaração lida em português, nesta terça-feira (23), num painel sobre o tema,
no âmbito da 46.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das
Nações Unidas (ONU), em Genebra, os estados-membros da CPLP afirmam que “são firmes
e inequivocamente contrários” à aplicação da pena de morte.
Esta
posição contou com a concordância da Guiné Equatorial, o único dos nove países
onde vigora a pena de morte, apesar do compromisso de Malabo em abolir este
regime do seu código penal, aquando da adesão ao bloco lusófono, em 2014.
No
documento, os Estados-membros comprometem-se a “envidar esforços” para a
abolição universal da pena de morte.
“Os
mesmos devem envidar esforços para a abolição universal da pena de morte, em
conformidade com a resolução sobre direitos humanos e abolição da pena de morte
de 2003, compromisso reiterado em 2013, aquando da Cimeira de Maputo”, lê-se no
texto da declaração.
“Oito
dos nove Estados-membros da nossa Comunidade ratificaram o segundo protocolo
facultativo ao pacto internacional sobre os Direitos Civis e Políticos sobre a
abolição da pena de morte, o que muito nos regozija”, sublinham na declaração,
deixando assim presente que um dos nove países que integram a CPLP ainda mantém
a pena de morte em vigor, a Guiné Equatorial.
Por
outro lado, realçam a recente decisão de Angola de ratificar aquele instrumento
e apelam a todos os países para que acabem com a pena de morte.
“Felicitamos
Angola pela recente ratificação deste instrumento e apelamos a todos os países
que ainda mantêm a pena de morte para que adotem uma moratória à sua aplicação,
com vista a uma total abolição e para que ratifiquem este Protocolo
Facultativo”, afirmam na declaração na declaração.
Para
os Estados-membros da CPLP, “a pena de morte consubstancia uma violação dos
direitos humanos, na medida em que se trata de uma pena cruel, desumana e
degradante, incompatível com o princípio da dignidade da pessoa humana, com o
dever de respeito pelo direito à vida e com o da proibição da tortura”.
Além
disto, consideram que a pena de morte não comporta “eficácia ao nível da
prevenção geral ou especial do fenómeno criminal”.
“Não
tem um efeito dissuasor do crime. Trata-se também de um acto irreversível e que
ignora por completo um outro propósito primordial da justiça criminal, que é o
da reinserção social do infrator”, acrescentam.
“A
atual tendência no caminho para a abolição universal é encorajadora. Contudo,
estamos conscientes de que muito permanece ainda por fazer, tanto para a
eliminação da pena de morte como das outras violações de direitos humanos, que
lhe estão associadas e que afetam desproporcionalmente as pessoas mais pobres,
marginalizadas e em situação de maior vulnerabilidade”, concluem.
Desde
a sua independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial tem sido
considerada pelos grupos de direitos humanos como um dos países mais
repressivos do mundo, devido a alegações de detenção e tortura de dissidentes e
de fraude eleitoral.
Obiang,
que tem liderado o país desde 1979, é o Presidente em funções há mais tempo em
todo o mundo.
Além
da Guiné Equatorial integram a CPLP, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. In “África
21 Digital” - Brasil
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