Neste ano 2021 cumprem-se 40 anos desde que o galego passou a ser considerada língua co-oficial na Galiza, passando a ter um status legal que permitiria sair dos espaços informais e íntimos aos que fora relegada pola ditadura franquista. Para analisar este período, iremos realizar ao longo de todo o ano umha série de entrevistas a diferentes agentes sociais para darem-nos a sua avaliaçom a respeito do processo, e também abrir possíveis novas vias de intervençom de cara ao futuro. Desta volta entrevistamos o doutor em Economia e politólogo Miguel Anxo Bastos Boubeta.
Qual foi a melhor iniciativa nestes quarenta anos para
melhorar o status do galego?
Sem
dúvida a televisom e rádio da Galiza e o aparecimento de imprensa periódica em
língua galega.
Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a
situação na atualidade fosse melhor?
Voltaria
ao momento de adoçom da atual normativa e incidiria em uma norma
ortograficamente mais próxima à comum com a lusofonia. As mudanças de norma
podem ser custar caras no momento de fazê-las, mas a gente cedo se acostuma e
com o tempo adapta-se. Só há que ver a norma catalã e como é aceite hoje.
Sempre digo que se os turcos puderam abandonar o alfabeto árabe e adotar o
ocidental, nós poderíamos também, e hoje em dia seria perfeitamente aceitado. A
própria oficialidade do galego trouxe resistências, e se estas puderam ser
superadas nom aconteceria diferente com a ortografia.
Se a Galiza fosse um país lusófono, em que medida
afetaria às suas relações económicas?
Afetaria
sobretudo à indústria cultural e à academia. Mas sem dúvida reforçaria laços
económicos com Portugal, Brasil e com os futuros mercados emergentes na África.
Eu nom sou utilitarista, mas colocaria as nossas empresas e os nossos
trabalhadores em uma situaçom privilegiada, pois dominariam várias línguas
mundiais com o mesmo esforço que agora. O castelhano nom vai desaparecer da
Galiza, gostemos ou nom, e todos o sabemos usar. É por tanto muito difícil que
se perca. Nom acho que exista país no mundo com esta potencialidade idiomática.
O monolinguismo em galego poderia ser uma opçom, mas de triunfar seria em longo
prazo, nunca agora.
Que haveria que mudar a partir de agora para tentar
minimizar e reverter a perda de falantes?
Tentar
falá-lo onde se possa, inclusive com gente que nom o fale habitualmente. Desde
o momento em que alguém o fala embora seja com uma só pessoa o idioma nom vai
desaparecer.
Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas
normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades
internacionais?
Sim.
Em curto prazo convém visibilizar, embora seja de forma esporádica, que existem
duas versons ortográficas, mas sempre incidindo em que é a mesma língua. Com o
tempo ir-se-á adotando a internacional por pura economia linguística. Nom é
necessário forçar a sua adoçom mas fazê-la presente cada vez em mais âmbitos. Portal
Galego da Língua - Galiza
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