Cidade
da Praia - A presidente do Museu de Educação, Clara Marques, lançou hoje um
repto a todos os partidos políticos para que na próxima legislatura a
oficialização da língua cabo-verdiana e o seu ensino nas escolas seja uma
prioridade.
“Deixo
um repto no sentido de, na próxima legislatura, que seja uma das prioridades do
Governo fazer de tudo com que a língua cabo-verdiana seja oficializada, seja
ensinada nas escolas, que se criem condições pedagógicas, materiais e
didácticos, no sentido de podermos realmente começar a ter paridade entre a
língua cabo-verdiana e a língua portuguesa”, desafiou Clara Marques.
Clara
Marques falava em declarações à Inforpress, no âmbito de uma palestra “Língua
Materna: O que queremos? O que podemos fazer?”, realizada pelo Museu de Educação
e destinado aos alunos e professores da Escola Secundária “Cónego Jacinto”.
Esta
palestra, que serve para comemorar o Dia da Língua Materna, que se assinala no
dia 21, é, segundo a mesma fonte, uma forma de consciencializar os estudantes a
darem, cada vez, mais importância a língua materna e a reflectirem sobre o
trajecto feito desde 1978 até a data de hoje.
Conforme
explicou, antes da independência de Cabo Verde era proibido o ensino do crioulo
nas escolas, mas, depois da independência havia uma “grande expectativa” de que
a língua cabo-verdiana iria ter um estatuto diferente.
Isto
porque, precisou Clara Marques, depois de 78 foram criadas várias condições
para este reconhecimento, foram realizados vários fóruns sobre a língua
cabo-verdiana, com destaque para o colóquio de Mindelo, a comunidade
linguística tem feito muita produção literária, foi criado o ALUPEC.
Entretanto,
o passo “mais importante” que é a sua oficialização não foi dada, criticou.
“Já
é altura de se fazer esse reconhecimento, ou seja, aprovar, oficializar a
língua cabo-verdiana. Começamos com uma experiência interessante a nível da
educação, há quatro anos, com várias escolas, aquilo correu bem, mas, no
entanto, nesses quatro anos nada se falou, ou seja, dá-se três ou quatro passos
e torna-se a ir para trás”, disse, sustentado que dessa forma jamais terão a
língua materna como língua oficial.
Clara
Marques apelou à vontade política do próximo Governo que vai liderar o País e
exortou a comunidade linguística a impulsionar a criação do Dia Nacional da
Língua Cabo-verdiana, para que este dia sirva para reflexão e para valorização
da língua materna, que é a identidade do povo cabo-verdiano.
Na
mesma linha, a linguista Adelaide Monteiro, que pede a oficialização e o ensino
da língua cabo-verdiana, informou que hoje em dia há muitos instrumentos que
permitem com que as pessoas possam conhecer a língua e ainda ensinar o crioulo,
desde gramática, dicionário, e muitos outros livros de autores cabo-verdiano. In “Inforpress”
– Cabo Verde
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