Os
Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) chegaram no
passado dia 18 a consenso sobre a proposta final sobre mobilidade dos cidadãos
no espaço lusófono, anunciou o embaixador de Cabo Verde, país que detém a
presidência da organização.
Segundo
o embaixador Eurico Monteiro, a VI Reunião Técnica Conjunta sobre Mobilidade na
CPLP, que começou na quarta-feira por videoconferência e que tinha uma duração
prevista de três dias, terminou “com o consenso de todos os Estados” sobre o
texto final da proposta de mobilidade que deverá ser aprovada no próximo
Conselho de Ministros extraordinário, a realizar no final de março, mas ainda
sem data definida.
Em
causa estavam três pontos de divergência entre os países lusófonos.
Dois
dos assuntos – a certificação das ordens académicas e profissionais e as
contribuições dos cidadãos para a Segurança Social – vão ser determinados pelos
regulamentos internos dos Estados.
Já
em relação às taxas e emolumentos dos títulos de mobilidade, os Estados-membros
decidiram, por consenso, definir um “teto máximo”, adiantou o diplomata
cabo-verdiano.
“Nós
podíamos ter uma solução, que era dizer: ‘não regulamos estas matérias e cada
Estado regula conforme entender’. Mas não queremos deixar isto assim e queremos
fazer um esforço de conseguir aquilo que é possível”, tinha dito, em
declarações anteriores à Lusa, Eurico Monteiro.
Em
relação aos títulos, ou vistos, de mobilidade, nos instrumentos multilaterais
foi aprovada a regra da supressão das taxas, ou seja, estes documentos deverão
ser gratuitos, só se podendo cobrar o custo do impresso. No entanto, alguns
Estados-membros, “com algumas dificuldades financeiras”, expressaram relutância
em abdicar desses valores.
O
consenso a que se chegou foi o de definir um valor máximo.
Já
no que respeita aos títulos académicos, o problema residia no facto de, em
alguns casos, as competências para a sua atribuição caberem às organizações
profissionais e não aos governos ou órgãos legislativos.
O
diplomata apontou como exemplo o Brasil, onde as certificações profissionais
cabem às ordens profissionais e estas até têm “assento constitucional”.
“Há
uma disparidade de regimes jurídicos internos e nós temos de arranjar uma norma
conformadora. Porque nós gostaríamos que a mobilidade dos cidadãos pudesse
corresponder a mobilidade dos títulos académicos, para ter maior efetividade”,
comentou.
Já
em relação à Segurança Social, o diplomata apontou o exemplo de alguém que vive
em Angola, onde desconta para a Segurança Social e que depois faz a mobilidade
e vem residir em Portugal.
“A
boa mobilidade diz que não deve começar de novo, perdendo aquilo que já tinha”,
sublinhou o diplomata cabo-verdiano.
Mas
para que esse cidadão não perca o que descontou até ali é preciso que se crie
“um esquema de exportabilidade desses créditos de Segurança Social”, sublinhou.
Além
disso, é necessário que as entidades do país onde residia e daquele para onde
vai viver se entendam, para se perceber como vai ser a pensão, no futuro, que
referências a seguir e como vai ser feito o cálculo. “É uma matéria de alguma
complexidade”, concluiu.
No
último Conselho de Ministros de Negócios Estrangeiros (MNE) da CPLP, que
decorreu também em formato virtual, a 09 de dezembro, foi aprovado um projeto
de resolução sobre o acordo de mobilidade, cujo acordo final vai ser aprovado
na cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, prevista para Luanda, este
ano.
A
CPLP conta com nove Estados-membros, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário