Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Macau - Conferência sobre as oportunidades de cooperação académica entre a China e os países de Língua Portuguesa no âmbito da Grande Baía

O coordenador do Centro Internacional Português de Formação do IPM destacou ontem as vastas oportunidades que as instituições académicas dos países lusófonos vão encontrar no âmbito da Grande Baía, sobretudo em termos de inovação em áreas como serviços financeiros “verdes”, economia marítima, saúde e turismo. Joaquim Ramos de Carvalho descreveu a inclusão da Grande Baía no programa de circulação dos estudantes dos países lusófonos e o reconhecimento de qualificações como “mecanismos úteis” para ultrapassar os entraves no grande processo da integração


O Instituto Politécnico de Macau (IPM) acolheu uma conferência sobre as oportunidades de cooperação académica entre a China e os países de Língua Portuguesa (PLP) no âmbito da Grande Baía, com Joaquim Ramos de Carvalho, coordenador do Centro Internacional Português de Formação do IPM, como orador.

Antes da conferência, Joaquim Ramos de Carvalho lembrou aos jornalistas que as Linhas Gerais para o Planeamento e Desenvolvimento da Grande Baía publicadas em 2018 incluem muitas referências específicas aos PLP – não apenas sobre o comércio e investimento, mas também inovação, aplicação de ideias científicas na indústria e atracção de jovens talentos. Na sua visão, tal significa uma oportunidade para as instituições académicas dos PLP, que podem, através da RAEM, participar no desenvolvimento desta região que será uma das “mais dinâmicas” do mundo.

Para o coordenador do Centro Internacional Português de Formação, os talentos, incluindo os lusófonos, serão muito procurados no futuro com esta estratégia nacional da China. “O plano da Grande Baía tem uma série de plataformas previstas e instrumentos que visam facilitar isso especificamente para os PLP através de Macau, de modo que eu acho que vai haver muito interesse dos jovens e das instituições académicas dentro das instituições daquelas entidades que procuram promover o empreendedorismo, a inovação, a internacionalização dos graduados. Acho que vai haver um potencial enorme”, previu.

Com o desenvolvimento da Grande Baía, o antigo vice-reitor da Universidade de Coimbra acredita que a formação de quadros bilingues vai continuar a expandir-se em Macau, pelo que haverá cada vez mais procura e oportunidades para os que dominam Chinês e Português.

Na sua perspectiva, as áreas com mais potencial de desenvolvimento na Grande Baía serão os serviços de apoio ao comércio e investimento, financeiros, sobretudo economia verde, economia marítima, saúde, turismo e lazer. “Há muitas potencialidades que também vejo na área da saúde, por exemplo, na medicina tradicional chinesa e na sua cooperação com a medicina ocidental”, detalhou.

“Há muitas áreas em que Macau está muito bem posicionado dentro da Grande Baía. E seguramente que do lado dos PLP, vai haver muito interesse nessas áreas”, defendeu.

“Mecanismos úteis” para quebrar entraves

Por outro lado, o orador da conferência recordou que as instituições académicas estão a enfrentar desafios como “superar a situação da pandemia e meter as pessoas com contextos em que podem comunicar e fazer circular a informação”. “Prevejo que vai haver muita apetência de informação sobre a Grande Baía no mundo académico dos PLP”, afirmou.

Mas, neste aspecto, Joaquim Ramos de Carvalho disse ser preciso encontrar os canais para as informações chegarem às “pessoas certas” nas instituições que têm vontade de procurar novas oportunidades para cooperar com esta região.

O académico também antevê dificuldades no processo de integração regional “como aconteceu na Europa ou na América do Sul”, em relação a “colocar as instituições académicas e as pessoas a comunicar”.

“Mas, por isso sabemos também quais são os mecanismos que são úteis, como mobilidade curta, mobilidade de estudantes e professores, mas também funcionários, reconhecimento de formação que os estudantes possam fazer parte do curso ou parte dos seus créditos do curso noutra instituição”, sustentou, apontando estas medidas como mecanismos para superar as dificuldades.

Quanto ao reconhecimento de qualificações, o responsável do IPM encarou como “um passo em frente” o facto da Associação das Universidades de Língua Portuguesa ter criado um programa de mobilidade dos estudantes dentro dos PLP. Mesmo assim, alertou para a importância de “ver detalhes”, em particular, a hipótese de incluir a área da Grande Baía no programa de circulação dos estudantes dos países lusófonos. “Porque os problemas nessa área são sempre de detalhe, a vontade de fazer é muito forte”, ressalvou.

Nesta vertente, apelou a que “as pessoas sejam responsáveis pelos programas académicos, pelos reconhecimentos das qualificações, pela conversão das notas” e que, “essas pessoas juntas acordem métodos para que sejam atraentes para os estudantes”. Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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