O coordenador do Centro Internacional Português de Formação do IPM destacou ontem as vastas oportunidades que as instituições académicas dos países lusófonos vão encontrar no âmbito da Grande Baía, sobretudo em termos de inovação em áreas como serviços financeiros “verdes”, economia marítima, saúde e turismo. Joaquim Ramos de Carvalho descreveu a inclusão da Grande Baía no programa de circulação dos estudantes dos países lusófonos e o reconhecimento de qualificações como “mecanismos úteis” para ultrapassar os entraves no grande processo da integração
O
Instituto Politécnico de Macau (IPM) acolheu uma conferência sobre as
oportunidades de cooperação académica entre a China e os países de Língua
Portuguesa (PLP) no âmbito da Grande Baía, com Joaquim Ramos de Carvalho,
coordenador do Centro Internacional Português de Formação do IPM, como orador.
Antes
da conferência, Joaquim Ramos de Carvalho lembrou aos jornalistas que as Linhas
Gerais para o Planeamento e Desenvolvimento da Grande Baía publicadas em 2018
incluem muitas referências específicas aos PLP – não apenas sobre o comércio e
investimento, mas também inovação, aplicação de ideias científicas na indústria
e atracção de jovens talentos. Na sua visão, tal significa uma oportunidade
para as instituições académicas dos PLP, que podem, através da RAEM, participar
no desenvolvimento desta região que será uma das “mais dinâmicas” do mundo.
Para
o coordenador do Centro Internacional Português de Formação, os talentos,
incluindo os lusófonos, serão muito procurados no futuro com esta estratégia
nacional da China. “O plano da Grande Baía tem uma série de plataformas
previstas e instrumentos que visam facilitar isso especificamente para os PLP
através de Macau, de modo que eu acho que vai haver muito interesse dos jovens
e das instituições académicas dentro das instituições daquelas entidades que
procuram promover o empreendedorismo, a inovação, a internacionalização dos
graduados. Acho que vai haver um potencial enorme”, previu.
Com
o desenvolvimento da Grande Baía, o antigo vice-reitor da Universidade de
Coimbra acredita que a formação de quadros bilingues vai continuar a
expandir-se em Macau, pelo que haverá cada vez mais procura e oportunidades
para os que dominam Chinês e Português.
Na
sua perspectiva, as áreas com mais potencial de desenvolvimento na Grande Baía
serão os serviços de apoio ao comércio e investimento, financeiros, sobretudo
economia verde, economia marítima, saúde, turismo e lazer. “Há muitas
potencialidades que também vejo na área da saúde, por exemplo, na medicina
tradicional chinesa e na sua cooperação com a medicina ocidental”, detalhou.
“Há
muitas áreas em que Macau está muito bem posicionado dentro da Grande Baía. E
seguramente que do lado dos PLP, vai haver muito interesse nessas áreas”,
defendeu.
“Mecanismos úteis” para quebrar entraves
Por
outro lado, o orador da conferência recordou que as instituições académicas
estão a enfrentar desafios como “superar a situação da pandemia e meter as
pessoas com contextos em que podem comunicar e fazer circular a informação”.
“Prevejo que vai haver muita apetência de informação sobre a Grande Baía no
mundo académico dos PLP”, afirmou.
Mas,
neste aspecto, Joaquim Ramos de Carvalho disse ser preciso encontrar os canais
para as informações chegarem às “pessoas certas” nas instituições que têm
vontade de procurar novas oportunidades para cooperar com esta região.
O
académico também antevê dificuldades no processo de integração regional “como
aconteceu na Europa ou na América do Sul”, em relação a “colocar as
instituições académicas e as pessoas a comunicar”.
“Mas,
por isso sabemos também quais são os mecanismos que são úteis, como mobilidade
curta, mobilidade de estudantes e professores, mas também funcionários,
reconhecimento de formação que os estudantes possam fazer parte do curso ou
parte dos seus créditos do curso noutra instituição”, sustentou, apontando
estas medidas como mecanismos para superar as dificuldades.
Quanto
ao reconhecimento de qualificações, o responsável do IPM encarou como “um passo
em frente” o facto da Associação das Universidades de Língua Portuguesa ter
criado um programa de mobilidade dos estudantes dentro dos PLP. Mesmo assim,
alertou para a importância de “ver detalhes”, em particular, a hipótese de
incluir a área da Grande Baía no programa de circulação dos estudantes dos
países lusófonos. “Porque os problemas nessa área são sempre de detalhe, a
vontade de fazer é muito forte”, ressalvou.
Nesta
vertente, apelou a que “as pessoas sejam responsáveis pelos programas
académicos, pelos reconhecimentos das qualificações, pela conversão das notas”
e que, “essas pessoas juntas acordem métodos para que sejam atraentes para os
estudantes”. Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
Sem comentários:
Enviar um comentário