Decorreu sem acidentes o primeiro dia da vacinação geral contra a covid-19 para residentes da RAEM. Alguns dos cidadãos frisaram que se inscreveram por motivos de segurança. O coordenador do plano de vacinação indicou que há cerca de mil novas marcações por dia
Não
havia fila quando ontem de manhã o Centro de Saúde da Areia Preta iniciou a
vacinação contra a covid-19 para residentes. Chan, de 59 anos, foi um dos
residentes que se inscreveu para receber a vacina ontem. Quis ser vacinado para
se sentir protegido. “É uma segurança para mim. Os meus filhos apoiam a
vacinação e pedi ao meu filho para me ajudar com a marcação”, descreveu na zona
de observação do centro de saúde. Pouco depois de ter levado a primeira dose da
vacina e assegurando que não teve reacções adversas, tinha já pedido ao filho
para marcar a segunda, que deverá tomar dentro de um mês.
“A
vacinação foi como uma injecção normal e as enfermeiras explicaram bem [o
processo] e perguntaram se tinha febre ou outros reacções alérgicas. O processo
foi rápido e não ultrapassou cinco minutos. Quem não estiver atento nem repara
que a injecção já terminou”, descreveu Chan.
Lou,
funcionária num casino, olha para a vacinação como uma forma de cuidar de si e
dos outros. “É por segurança. Não só sou responsável por mim, mas também pela
sociedade. Como a vacina foi feita pela China, quando as vacinas ficaram
disponíveis, fiz de imediato marcação”, descreveu aos jornalistas.
Tai
Wa Ho, coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, disse que 15 mil
residentes tinham feito marcação para a vacinação, tendo já sido vacinadas
3.700 que integram o grupo prioritário. O responsável estimava que seriam
vacinadas nos próximos dias mais de três mil pessoas. Para hoje, recordava-se
de existirem cerca de 1.000 marcações. “O volume aumenta por segundo,
diariamente há mais de mil marcações”, descreveu. Actualmente, está apenas
disponível a vacina da farmacêutica Sinopharm.
Avaliação à chegada
O
coordenador indicou que a vacina da Sinopharm é sugerida para pessoas com
idades entre 18 anos a 60 anos, mas quem tem idade superior também pode ser
vacinado, se for saudável, não tiver doenças agudas e após avaliação de saúde.
“Para já, vários indivíduos com mais de 60 anos marcaram a vacinação, incluindo
funcionários da linha frente e residentes. Fazerem a marcação com sucesso na
internet não significa que serão vacinados, é precisa uma avaliação de saúde
quando chegam ao posto”, observou Tai Wai Ho.
Os
residentes com mais de 60 anos são sujeitos a uma avaliação mais pormenorizada.
“Se tiverem febre ou hipertensão no dia de vacinação, não recomendamos a
injecção naquele momento e pedimos para regressarem ao posto mais tarde”, notou
o coordenador da vacinação.
Outra
residente que se deslocou ontem ao centro de saúde para ser vacinada foi Au. A
mulher de quase 60 anos não se mostrou receosa. “A vacinação é necessária,
porque sou funcionária da linha frente, sou zeladora de uma escola e contacto
com muitos alunos”, disse. Au acrescentou que não teve dores e que não tinha
muitas pessoas à frente porque chegou cedo, tendo contado com a ajuda dos
colegas para fazer marcação online para as oito e meia da manhã.
Tai
Wa Ho indicou que a maioria das pessoas escolheu ser vacinada no Centro de
Saúde da Areia Preta, porque ser a zona de maior densidade populacional, mas
garantiu que os Serviços de Saúde oferecem vagas suficientes e que se houver
necessidade no futuro serão aumentadas.
Como
forma de prevenção, os utentes ficam sob observação na meia hora seguinte à
vacinação. “Para já não recebemos denúncias dos governadores e do Chefe do
Executivo sobre reacções adversas”, disse.
Sem efeitos secundários severos
Durante
a manhã de ontem foram vacinadas mais de mil pessoas, nos diversos postos da
cidade, de entre um total de 2.600 marcações feitas para o dia de arranque da
vacinação para residentes em geral. “Até ao meio dia, já 1.200 [pessoas]
receberam vacina sem qualquer problema. Claro que um ou outro efeito
secundário, como fadiga ou dores no local de injecção, mas não há nenhum caso
severo que precise de acompanhamento”, referiu Alvis Lo Iek Long, da direcção
do Centro Hospitalar Conde de São Januário, em conferência de imprensa. As
autoridades de saúde indicaram que mediante necessidade da população, quando o
processo de vacinação “amadurecer”, poderão ser acrescentados postos. Ainda não
há data para a 3ª fase de vacinação, dirigida a trabalhadores não residentes e
estudantes de fora.
Alvis
Lo Iek Long disse que é preciso ponderar “a situação da vacinação dos
residentes locais” antes de avançar para a próxima fase. Actualmente não há
indicações no sentido de que a vacinação possa substituir algumas medidas de
passagem fronteiriça. “Estamos em discussão com as autoridades do Interior da
China, estamos atentos à situação dessas regiões. Vamos discutir se há esta
possibilidade, mas até este momento ainda não há um plano concreto, depende da
viabilidade dos pontos de vista entre as partes”, descreveu o médico. Salomé
Fernandes e Nunu Wu – Macau in “Hoje Macau”
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