Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Macau - Academia sénior terá português como curso principal no próximo ano

O programa de Língua Portuguesa oferecido durante quatro meses pela Academia do Cidadão Sénior teve reacções positivas dos 20 alunos participantes, pelo que a unidade do Instituto Politécnico decidiu convertê-lo num dos seus cursos principais, com arranque marcado para o próximo Verão e uma duração prevista de três anos. A directora substituta da Academia adiantou ainda ao Jornal Tribuna de Macau que, face às reduções orçamentais, haverá mais exposições virtuais e serão suprimidos alguns cursos desactualizados. Mas, segundo garantiu Lídia Tang, a qualidade dos cursos e os estudantes não serão afectados



Relançado em Outubro do ano passado, como programa a curto prazo, o curso de Língua Portuguesa da Academia do Cidadão Sénior do Instituto Politécnico de Macau (IPM) terminou no mês passado com boas reacções dos 20 alunos inscritos. Tendo em conta o “feedback” positivo, a Academia decidiu transformar o programa num dos seus cursos principais, já a partir do ano lectivo 2021/2022, adiantou a directora substituta da entidade, em declarações ao Jornal Tribuna de Macau.

“A maioria destes alunos disse gostar muito do curso de Língua Portuguesa. Por isso, vamos avançar com um curso principal com a duração de três anos. O número de vagas continuará a ser 20”, revelou Lídia Tang.

A responsável explicou que, tal como sucedeu no curso experimental de quatro meses, os estudantes vão ter aulas de duas horas por semana, num total de 32 horas por semestre, para aprender Português. Os três anos lectivos incluirão os níveis básico, intermédio e avançado, sucessivamente.

“As aulas vão começar em Agosto e irão decorrer no campus da Península. Vamos receber os programas de ensino em Junho, por isso, ainda não sei os conteúdos didácticos concretos. Mas, o curso vai continuar a focar-se no uso da Língua Portuguesa em situações do quotidiano e em palavras que podem ser usadas na comunicação quando viajarem”, esclareceu.

A evolução da pandemia, contexto em que não será fácil viajar para o estrangeiro, não parece ter abalado o interesse dos idosos pela Língua de Camões, pois demonstram curiosidade em conversar com pessoas que falam a língua em Macau, como os macaenses. “Alguns alunos já sabiam algumas palavras de Português quando trabalhavam e agora gostam de aprender um pouco mais”, acrescentou a directora substituta da Academia do Cidadão Sénior.

Segundo Lídia Tang, o curso de quatro meses que decorreu no campus da Academia na Taipa, teve como único docente um macaense antigo director de um estabelecimento de ensino. Sobre o eventual recrutamento de mais professores para o curso que integrará o leque dos principais ramos de formação, ressalvou que dependerá da avaliação do desenvolvimento do programa.

Apesar desta iniciativa ter despertado muito interesse entre idosos, a responsável admitiu que o orçamento actual não permitirá à Academia admitir demasiados alunos.

“Temos agora 72 turmas e as salas de aula mantêm-se muito cheias. A situação tornou-se mais grave, porque antes da pandemia uma sala podia acolher 30 alunos, mas agora 20 já é o máximo para manter o distanciamento”, sublinhou.

Redução orçamental obriga a ajustamentos

Por outro lado, a directora substituta da Academia do Cidadão Sénior assegurou que a COVID-19 não afectou a aprendizagem dos estudantes. Embora alguns tenham optado por não frequentar aulas durante um semestre por questões de saúde ou preocupações com os riscos de contágio, acabaram por receber “aulas de compensação” após o término do último ano lectivo.

No entanto, a Academia vai ter de lidar com uma redução no orçamento para o próximo ano lectivo. Preferindo não indicar uma percentagem para esses cortes, Lídia Tang reconheceu a necessidade de proceder a ajustamentos em várias vertentes no sentido de, por um lado, diminuir os custos e, por outro, garantir a qualidade dos cursos e que os alunos não sejam afectados.

“Vamos reduzir algumas despesas administrativas bem como adoptar formas mais económicas nalgumas actividades adicionais. Por exemplo, aproveitaremos mais a Internet, uma vez que o uso é gratuito. Temos a tradição de realizar exposições de caligrafia, pintura chinesa e pintura ocidental, mas temos de passar a organizá-las online em cooperação com universidades de idosos das cidades da Grande Baía. Assim conseguiremos poupar nos custos com a decoração do local de exposição. Vamos reforçar este modelo digital”, adiantou.

Mesmo assim, salientou que a vertente simbólica do programa da Academia, nomeadamente a realização anual da exposição das obras dos alunos graduados, será assegurada e prevê-se que decorra ainda fisicamente no IPM.

Seguindo o mesmo princípio, a Academia também irá aperfeiçoar os programas educativos, trabalho que inclui a eliminação de alguns cursos que já estejam desactualizados para dar lugar a outros. Por exemplo, será suprimido o curso de aprendizagem de técnicas básicas para uso do computador, porque muitos alunos já têm esses conhecimentos.

Além do Português, um dos novos cursos principais com arranque apontado para o novo ano lectivo será o de Photoshop. “O nosso plano é adicionar mais programas que envolvam a inteligência artificial, Photoshop, o uso de telemóvel e de aplicações móveis, bem como os serviços electrónicos”, adiantou Lídia Tang.

Segundo a responsável, a Academia só pode admitir um máximo de 480 alunos novos por ano, sendo que o campus da Taipa, que foi inaugurado em Novembro de 2019, vai acolher 300 estudantes no ano lectivo de 2021/2022.

Entre os programas principais, a Academia do Cidadão Sénior disponibiliza cursos de Multimédia, Mandarim, Inglês, Literatura Chinesa, Caligrafia Chinesa, Medicina Tradicional Chinesa para prevenção de doenças e massagem com pontos de acupunctura para manutenção de saúde. Entre os programas de curta duração, constam Tai Chi, nadar de bruços, danças de salão, telemóvel iPhone e a apreciação do Património Cultural Mundial. Rima Cui – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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