O programa de Língua Portuguesa oferecido durante quatro
meses pela Academia do Cidadão Sénior teve reacções positivas dos 20 alunos
participantes, pelo que a unidade do Instituto Politécnico decidiu convertê-lo
num dos seus cursos principais, com arranque marcado para o próximo Verão e uma
duração prevista de três anos. A directora substituta da Academia adiantou
ainda ao Jornal Tribuna de Macau que, face às reduções orçamentais, haverá mais
exposições virtuais e serão suprimidos alguns cursos desactualizados. Mas,
segundo garantiu Lídia Tang, a qualidade dos cursos e os estudantes não serão
afectados
Relançado
em Outubro do ano passado, como programa a curto prazo, o curso de Língua
Portuguesa da Academia do Cidadão Sénior do Instituto Politécnico de Macau
(IPM) terminou no mês passado com boas reacções dos 20 alunos inscritos. Tendo
em conta o “feedback” positivo, a Academia decidiu transformar o
programa num dos seus cursos principais, já a partir do ano lectivo 2021/2022,
adiantou a directora substituta da entidade, em declarações ao Jornal Tribuna
de Macau.
“A
maioria destes alunos disse gostar muito do curso de Língua Portuguesa. Por
isso, vamos avançar com um curso principal com a duração de três anos. O número
de vagas continuará a ser 20”, revelou Lídia Tang.
A
responsável explicou que, tal como sucedeu no curso experimental de quatro
meses, os estudantes vão ter aulas de duas horas por semana, num total de 32
horas por semestre, para aprender Português. Os três anos lectivos incluirão os
níveis básico, intermédio e avançado, sucessivamente.
“As
aulas vão começar em Agosto e irão decorrer no campus da Península. Vamos
receber os programas de ensino em Junho, por isso, ainda não sei os conteúdos
didácticos concretos. Mas, o curso vai continuar a focar-se no uso da Língua
Portuguesa em situações do quotidiano e em palavras que podem ser usadas na
comunicação quando viajarem”, esclareceu.
A
evolução da pandemia, contexto em que não será fácil viajar para o estrangeiro,
não parece ter abalado o interesse dos idosos pela Língua de Camões, pois
demonstram curiosidade em conversar com pessoas que falam a língua em Macau,
como os macaenses. “Alguns alunos já sabiam algumas palavras de Português
quando trabalhavam e agora gostam de aprender um pouco mais”, acrescentou a
directora substituta da Academia do Cidadão Sénior.
Segundo
Lídia Tang, o curso de quatro meses que decorreu no campus da Academia na
Taipa, teve como único docente um macaense antigo director de um
estabelecimento de ensino. Sobre o eventual recrutamento de mais professores
para o curso que integrará o leque dos principais ramos de formação, ressalvou
que dependerá da avaliação do desenvolvimento do programa.
Apesar
desta iniciativa ter despertado muito interesse entre idosos, a responsável
admitiu que o orçamento actual não permitirá à Academia admitir demasiados
alunos.
“Temos
agora 72 turmas e as salas de aula mantêm-se muito cheias. A situação tornou-se
mais grave, porque antes da pandemia uma sala podia acolher 30 alunos, mas
agora 20 já é o máximo para manter o distanciamento”, sublinhou.
Redução orçamental obriga a ajustamentos
Por
outro lado, a directora substituta da Academia do Cidadão Sénior assegurou que
a COVID-19 não afectou a aprendizagem dos estudantes. Embora alguns tenham
optado por não frequentar aulas durante um semestre por questões de saúde ou
preocupações com os riscos de contágio, acabaram por receber “aulas de
compensação” após o término do último ano lectivo.
No
entanto, a Academia vai ter de lidar com uma redução no orçamento para o
próximo ano lectivo. Preferindo não indicar uma percentagem para esses cortes,
Lídia Tang reconheceu a necessidade de proceder a ajustamentos em várias
vertentes no sentido de, por um lado, diminuir os custos e, por outro, garantir
a qualidade dos cursos e que os alunos não sejam afectados.
“Vamos
reduzir algumas despesas administrativas bem como adoptar formas mais
económicas nalgumas actividades adicionais. Por exemplo, aproveitaremos mais a
Internet, uma vez que o uso é gratuito. Temos a tradição de realizar exposições
de caligrafia, pintura chinesa e pintura ocidental, mas temos de passar a
organizá-las online em cooperação com universidades de idosos das
cidades da Grande Baía. Assim conseguiremos poupar nos custos com a decoração
do local de exposição. Vamos reforçar este modelo digital”, adiantou.
Mesmo
assim, salientou que a vertente simbólica do programa da Academia, nomeadamente
a realização anual da exposição das obras dos alunos graduados, será assegurada
e prevê-se que decorra ainda fisicamente no IPM.
Seguindo
o mesmo princípio, a Academia também irá aperfeiçoar os programas educativos,
trabalho que inclui a eliminação de alguns cursos que já estejam
desactualizados para dar lugar a outros. Por exemplo, será suprimido o curso de
aprendizagem de técnicas básicas para uso do computador, porque muitos alunos
já têm esses conhecimentos.
Além
do Português, um dos novos cursos principais com arranque apontado para o novo
ano lectivo será o de Photoshop. “O nosso plano é adicionar mais programas que
envolvam a inteligência artificial, Photoshop, o uso de telemóvel e de
aplicações móveis, bem como os serviços electrónicos”, adiantou Lídia Tang.
Segundo
a responsável, a Academia só pode admitir um máximo de 480 alunos novos por
ano, sendo que o campus da Taipa, que foi inaugurado em Novembro de 2019, vai
acolher 300 estudantes no ano lectivo de 2021/2022.
Entre
os programas principais, a Academia do Cidadão Sénior disponibiliza cursos de
Multimédia, Mandarim, Inglês, Literatura Chinesa, Caligrafia Chinesa, Medicina
Tradicional Chinesa para prevenção de doenças e massagem com pontos de
acupunctura para manutenção de saúde. Entre os programas de curta duração,
constam Tai Chi, nadar de bruços, danças de salão, telemóvel iPhone e a
apreciação do Património Cultural Mundial. Rima Cui – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau”
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