A Ordem dos Médicos da Guiné-Bissau (OMGB) aconselha os sócios que não sejam especialistas a só praticarem diferentes tipos de cirurgia nos hospitais do país apenas mediante uma autorização da justiça e das autoridades administrativas, em casos de urgência
O aconselhamento
da OMGB consta de um comunicado de imprensa, a que a Lusa teve hoje acesso,
assinado pelo bastonário da classe, Agostinho M'barco N'dumbe.
No
documento, a ordem afirma ter tomado aquela decisão "dada à pressão
exercida" sobre os associados, Lassana Ntchassó, médico, e Arlindo Quadê,
enfermeiro, ambos sob investigação judicial, acusados de suspeita de
negligência médica.
Ntchassó
e Quadê estiveram detidos durante cinco dias nas celas da Polícia Judiciária em
Bissau e, na segunda-feira, um juiz ordenou a sua libertação.
Estão
a ser investigados pela justiça depois de Bernardo Catchura, líder do Movimento
de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI), ter morrido aos seus cuidados.
"Tendo
em conta as circunstâncias da evolução da investigação do caso, a OMGB vem
apelar os seus sócios que atuam e que não são especialistas nas valências de
cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia, ortopedia, e traumatologia,
oftalmologia, pediatria, maxilofacial e otorrinolaringologia, a suspensão de
todos os atos cirúrgicos", refere-se no comunicado.
O
documento assinala que qualquer ato médico-cirúrgico que necessite de uma
daquelas valências deve ser previamente comunicado à Procuradoria-Geral da
República, autoridades administrativas, autoridade judicial e Polícia de Ordem
Pública.
Aquelas
entidades é que deverão gerir a urgência da situação para só depois permitir se
o médico pode ou não atuar, realça-se no comunicado do bastonário da Ordem dos
Médicos da Guiné-Bissau.
"A
Ordem dos Médicos da Guiné-Bissau não se responsabiliza em caso de óbito
surgido por falta de especialistas na cirurgia", sublinha o bastonário.
A
organização pede a compreensão da população guineense, com a ressalva de que a
decisão decorre da "circunstância em curso".
Num
outro comunicado, a que a Lusa teve também acesso, um coletivo de técnicos que
trabalham na unidade de cirurgia do hospital nacional Simão Mendes ameaça
paralisar os trabalhos caso não haja melhorias de condições de serviço e ainda
o pagamento de sete meses de subsídios em atraso.
A
morte do ativista mereceu a reação da sociedade civil, que organizou
manifestações em frente ao hospital nacional exigindo a melhoria das condições
naquela unidade de Saúde.
O
médico que assitiu Bernardo Catchura disse que o ativista morreu na sequência
de complicações derivadas de uma oclusão intestinal, antes de ser submetido a
cirurgia. In “Notícias ao Minuto” – Portugal com “Lusa”
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