Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Angola - Obra literária sobre Direito Fundamental é apresentada pela juíza do Tribunal Constitucional

O lançamento da obra literária com cariz científico “O Direito Fundamental à Retribuição Enquanto Afirmação da Dignidade da Pessoa Humana”, da autoria da juíza conselheira Maria de Fátima Baptista Silva, será apresentado na próxima sexta-feira, 12, na Faculdade de Direito da universidade Agostinho Neto, em Luanda, sob chancela da editora WhereAngola 


A obra, segundo a nota de imprensa a que O País teve acesso, resulta da sua investigação e do rigor sobre um tema aparentemente consensual, mas que constantemente provoca tensão entre os diversos personagens, públicos ou privados, que actuam na definição e garantia do direito à retribuição.

Neste trabalho de cariz científico, a autora aborda o direito à retribuição e a relação com a dignidade da pessoa humana, apresentando reflexões que contribuem para o debate académico. A autora, académica e Juíza Conselheira do Tribunal Constitucional, oferece ao público uma análise rigorosa e actualizada da temática, na medida em que, em termos simples, o Direito à Retribuição é o direito que todo trabalhador tem de receber uma compensação justa pelo trabalho que realiza.

“Assim, um trabalho científico como este, de reflexão crítica em ambiente universitário, onde a autora manteve e mantém uma ação constante com a realidade jurisdicional sobre matérias de Direito do Trabalho e, mais recentemente, sobre Direito Constitucional, enquanto juíza conselheira do Tribunal Constitucional de Angola”, lê-se no documento.

O prefácio do livro é assinado pelo professor Pedro Trovão do Rosário, que considera a obra “essencial e que perdurará muito para além da nossa existência”. Durante a sessão, a apresentação do livro estará a cargo da advogada e docente universitária Helena Prata e a veneranda juíza presidente do Tribunal Constitucional, Laurinda Cardoso, irá tecer algumas considerações biográficas da autora. In “O País” - Angola



Macau - Aeroporto Internacional comprometido a contribuir para internacionalização da cidade

O Aeroporto Internacional de Macau comemora este ano o 30.º aniversário da sua operação. A CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau afirma ter vindo a optimizar as suas instalações e a qualidade dos serviços e que, no futuro, vai alinhar-se com os planos estratégicos do Governo para posicionar Macau como um Centro Mundial de Turismo e Lazer.


Ma Iao Hang, presidente do Conselho de Administração da CAM, salienta que o aeroporto vai participar, de forma proactiva, no desenvolvimento da Grande Baía e na iniciativa “Uma Faixa Uma Rota”, promovendo a diversificação económica e a internacionalização da cidade. “Com inovação contínua e compromisso com a excelência, o Aeroporto Internacional de Macau continuará a crescer, contribuindo para a diversificação económica e internacionalização de Macau”, frisou Ma Iao Hang, no seu discurso durante a recepção comemorativa do 30.º aniversário do aeroporto, realizada ontem com a presença de cerca de 400 convidados.

O secretário para Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam, por sua vez, assinalou a importância do aeroporto, enquanto uma “porta essencial para a integração de Macau no desenvolvimento regional e na cooperação internacional”, bem como um “motor do desenvolvimento sócio-económico” para o território. Raymond Tam indicou que o Governo empenha-se, actualmente, na construção de um ‘Hub’ de Transporte Aéreo Internacional de Macau na margem oeste do Rio das Pérolas, no desenvolvimento ordenado do projecto de aterro e expansão do aeroporto e do projecto relativo ao terminal de carga “Upstream” em Hengqin.

Segundo o secretário, estas instalações, em articulação com o projecto de cooperação aeroportuária entre Zhuhai e Macau, irão construir um novo panorama logístico e de mobilidade, caracterizado pela “ligação ininterrupta Macau–Zhuhai”, reforçando a competitividade de Macau enquanto ‘hub’ aéreo regional.

O vice-administrador da Administração da Aviação Civil da China, Ma Bing, enfatizou que o sector da aviação civil de Macau tem contribuído para a criação da plataforma de cooperação e comércio entre a China e os países lusófonos, garantindo o apoio contínuo para o desenvolvimento da indústria do território. Catarina Chan – Macau in “Ponto Final”


Macau quer manter-se como plataforma de captação de turistas entre Portugal e China

Helena de Senna Fernandes quer que a cidade continue a ser uma plataforma de captação de turistas entre Portugal e a China. A Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo anunciou que voltou a escolher Macau – que acolheu este congresso pela sexta vez – como Destino Preferido da associação em 2026, o que permitirá um reforço da parceria


A directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) quer que a cidade continue a ser uma plataforma de captação de turistas entre Portugal e a China. “O trabalho desenvolvido nos últimos anos em parceria com a APAVT, para mostrar Macau e para abrir portas aos operadores turísticos e dinamizar os fluxos turísticos, é para continuar”, disse ontem Maria Helena de Senna Fernandes.

A responsável falava no encerramento do 50.º congresso da Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorreu em Macau entre terça-feira e ontem. “Hoje encerramos [um ciclo], mas vamos continuar com outros trabalhos, sendo que a designação de Macau como Destino Preferido [internacional da APAVT] para 2026 providencia o enquadramento para mantermos viva esta ligação”, lembrou.

A directora da DST acrescentou, no encerramento, que “uma outra ideia fundamental” da região é que os operadores e agentes de viagens levem em mente a vantagem que têm em “aceder ao mercado do interior da China, tirando partido da plataforma proporcionada por Macau para criar itinerários e destinos”. Os portugueses não têm necessidade de visto prévio para o interior da China até estadas de 30 dias.

“A parceria com a APAVT nos últimos três anos realmente tem sido uma das principais estratégias da nossa direção para dinamizar o mercado português, sendo que existiram uma série de iniciativas em conjunto, sobretudo, para reatar ligações com os operadores turísticos portugueses”, tinha também afirmado na quarta-feira.

Maria Helena de Senna Fernandes abordou os números obtidos, que, diz, “mostram bem esse caminho”. “Até outubro, o número de visitantes, tanto de Portugal como da Europa em geral, registou um aumento anual na ordem dos dois dígitos, recuperando para cerca de 80% dos valores do período pré-pandemia”, referiu.

A APAVT anunciou que voltou a escolher Macau – que acolheu este congresso pela sexta vez – como Destino Preferido da associação em 2026, o que permitirá um reforço da parceria. O Destino Preferido da APAVT é um programa que inclui as áreas de comunicação e marketing, e que ajuda, desta forma, o destino eleito a promover-se noutros mercados.

“Macau e a APAVT decidiram que não devem parar. É por isso que vos transmito com muita alegria que decidimos, Macau e a APAVT, que Macau seja o destino preferido internacional da APAVT ao longo de 2026”, afirmou o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira no território. “Não posso estar mais feliz. Sabem da minha condição de último mandato. Cumpro um sonho que é voltar a Macau e voltar a trabalhar com Macau. (…) O Congresso tem sido, no meu entender, memorável do ponto de vista dos temas, mas também tem sido memorável do ponto de vista do número, é o maior de sempre, e tem sido memorável do ponto de vista da capacidade de acolhimento”, reforçou Pedro Costa Ferreira.

O Destino Preferido da APAVT é um programa “muito amplo”, que tem duas partes fundamentais, a comunicação e marketing, e que ajuda, desta forma, o destino eleito a promover-se. “Significa que em todas as nossas presenças, teremos Macau junto connosco e, portanto, temos essa comunicação, acrescentou o presidente da associação, lembrando que desta forma há um reforço de uma relação com muitos anos. “O regresso do Congresso à nossa cidade este ano e a designação de Macau, a par da China, Destino preferido para 2026, abrem caminho para continuarmos a trabalhar bem”, disse a diretora da Direção dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes.

A principal novidade em 2026 do Destino Preferido vai ser o lançamento de um programa de ‘e-learning’ (aprendizagem eletrónica) sobre Macau para agentes de viagens da Alemanha, Finlândia e Países Baixos, tal como o programa que foi lançado em Portugal em 2024.

O ‘e-learning’ será desenvolvido pela APAVT e pelo Turismo de Macau, em colaboração com a Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos (European Confederation of Travel Agents’ and Tour Operators’ Associations [ECTAA]).

Pedro Costa Ferreira lembrou ainda este congresso tem vários “significados especiais”, desde logo “por ser o sexto” em Macau e porque foi o escolhido “para acabar a comemoração do 75.º aniversário” da associação.

A APAVT diz ter acreditado 1039 congressistas de 172 voos diferentes, congressistas que “vão agora visitar várias províncias da China em colaboração com o Turismo de Macau”.

O número de turistas que passou pelo território foi o mais elevado para qualquer mês de Outubro desde que a Direção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) começou a compilar dados mensais, em 1998, ainda durante a administração portuguesa. A região também já tinha registado no mês anterior um máximo histórico para Setembro: quase 3,8 milhões de visitantes, mais 9,8% do que no mesmo período de 2024.

Em 17 de Janeiro, a directora dos Serviços de Turismo de Macau disse esperar entre 38 e 39 milhões de visitantes este ano. Em Agosto, Maria Helena de Senna Fernandes apontou como meta mais de três milhões de visitantes internacionais em 2025.

Nos primeiros 10 meses do ano, Macau recebeu quase 2,97 milhões de turistas vindos do estrangeiro, mais 14,9% do que no mesmo período de 2024. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Moçambique - Memba: Pobreza e desigualdade estão por trás da insurgência?

Em Moçambique, o distrito de Memba, em Nampula, voltou a ser palco de ataques de grupos armados. Um investigador liga a nova vaga de violência à pobreza extrema e às desigualdades sociais numa zona que já era apontada como corredor de recrutamento para a insurgência de Cabo Delgado. A crise humanitária cresce, enquanto o governo diz estar a reforçar meios militares e prepara o regresso gradual das famílias.


Os primeiros ataques em Memba, no posto administrativo de Chipene, aconteceram em Setembro de 2022, com mortos e destruição. Depois de um período de relativa calma, a violência reapareceu de forma esporádica e intensificou-se nas últimas semanas, empurrando populações inteiras para fora das suas aldeias.

O académico Wilson Nicaquela diz que há sinais de criação de células armadas na fronteira com Cabo Delgado: “Memba foi um dos centros de recrutamento de terroristas que engrossaram as fileiras lá do lado de Cabo Delgado. E é do conhecimento de todos que muitos dos terroristas que foram pressionados de Cabo Delgado preferiram mudar-se de lá e/ou simularam o abandono das suas fileiras. Depois regressaram às zonas de origem”, disse.

Memba tem potencial turístico e recursos naturais, com destaque para reservas de petróleo. Em 2017, segundo noticiou a VOA, a Petrona, uma empresa da Malásia, era apontada como a empresa que iniciaria a prospecção e a exploração de uma área entre Pemba e Memba. Sobre isso, não há informações mais actualizadas. Ainda assim, falta quase um pouco de tudo. A precariedade e falta de infra-estruturas associadas aos difíceis acessos rodoviários são alguns dos maiores problemas que tiram o sossego às populações.

Wilson Nicaquela entende que além dos recursos naturais, com destaque para a provável ocorrência dos hidrocarbonetos, a pobreza extrema e as desigualdades sociais são uma das causas do terrorismo na região.

Mas também há um outro elemento a considerar; uma mensagem política. “Embora o modo de actuação seja similar, no caso de Memba eu acho que tem outras mensagens; uma é a de vincular à pessoa da Presidente da Assembleia da República [Margarida Talapa, nascida na região] e outra de chamar atenção de que se o poder político acha que eles estão confinados, têm condições de alastrar a guerra e ir ao encontro de outros espaços geográficos. Acham que a Presidente da Assembleia tem essa competência necessária para decidir resolver os problemas por iniciativa própria”, disse.

Os recentes ataques já causaram pelo menos uma dezena de mortes e forçaram o deslocamento de mais de 80 mil pessoas, de acordo com dados recentes. Muitos dos deslocados internos foram acolhidos em Alua.

Mariano Saíde Salimo é uma das vítimas deslocadas da região de Mazua, distrito de Memba, acolhido em Alua. Lamenta a situação que se vive na região. Mas a dor aumenta com a fome e as precárias condições que passam para sobreviver diante das incertezas.

“Somos muitos, outros estão nas aldeias. Mesmo se trouxessem três camiões de produtos, podem não resolver. Assim estamos espalhados, numa casa pode encontrar 60 a 70 pessoas”.

Messias Cassimo é um outro deslocado. Saiu de Namajuba junto com a família à procura de abrigo seguro. “Queimaram todas as casas que estão lá, infelizmente ninguém ficou. Estamos a pedir ajuda em alimentação e construção de casas”, pediu.

Apesar disso, a população que foge dos terroristas quer voltar para dar continuidade à sua vida e Mariano Saíde Salimo reforça apelos.

“Nós estamos a pedir ao governo que nos ajude, queremos voltar a casa. Mas aqui [em Alua] receberam-nos bem e agradecemos”, exortou.

As autoridades governamentais continuam a mobilizar apoio para os deslocados nos centros transitórios de deslocados. Na semana passada, um grupo de deputados liderados pela respectiva presidente foi entregar em Alua mais de 60 toneladas de produtos alimentares.

O governador de Nampula, Eduardo Abdula, garantiu que as forças de defesa e segurança trabalham para perseguir e tirar fora de combate os terroristas e que, nesta semana, a região poderá acolher os primeiros regressados.

“Durante a primeira semana de Dezembro, começam a regressar e os primeiros a voltar sou eu e os jornalistas. Vamos entrar lá e vamos trabalhar lá. Eu não vos levaria se não houvesse condições”, assegurou.

Na passada quinta-feira, o governador de Nampula ofereceu às forças armadas de Moçambique drones para uso na perseguição e combate ao terrorismo, nas regiões afectadas na província de Nampula.

“Há traidores dentro das comunidades”, diz governador

No decurso de uma visita a zonas afectadas pelo terrorismo, o governador de Nampula Eduardo Abdula chamou a atenção para possíveis infiltrados entre os residentes. “Há traidores dentro das comunidades, por isso precisamos de maior vigilância”, comentou. Mais de 10 mil pessoas fugiram em dois dias de Memba, Nampula, devido a ataques de grupos terroristas, elevando a 82 mil deslocados desde 11 de Novembro, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Até 23 de Novembro, o total de deslocados ascendia a 14.172 famílias (71.983 pessoas), segundo o relatório anterior da OIM. A província de Cabo Delgado, também no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 5 de Outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Deutsche Welle”


quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Angola - Antologia “Construir amanhã com barro de dentro – vozes do pós-independência” vai ser lançado no Camões – Centro Cultural Português em Luanda

Depois de Moçambique, a antologia de prosa Construir amanhã com barro de dentro – vozes do pós-independência, organizada pelos escritores e jornalistas Eduardo Quive e Israel Campos, e editada pela Catalogus, será lançada em Angola.


Em evento que será no dia 11 de Dezembro, às 17h30, no Camões – Centro Cultural Português em Luanda, a obra que reúne 19 narrativas de 19 autores de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe será apresentada pelo escritor e crítico de arte Adriano Mixinge.

Por ocasião do lançamento do livro, o escritor moçambicano Eduardo Quive participará de uma série de actividades literárias, juntamente com o escritor Israel Campos, juntando-se a eles, os autores angolanos que participam na antologia, Rosa Soares, Oliver Quiteculo e Sérgio Fernandes.

Essas actividades serão, nomeadamente, no dia 05 de Dezembro, às 17h30 na Livraria Kiela, uma sessão de conversa o tema “Pontes literárias nos PALOP: Desafios e Oportunidades”, moderada por Ngoi Salucombo (Programador cultural do Goethe-Institut Angola). No dia 06 de Dezembro, às 10 horas, uma sessão de conversa com autores na Biblioteca Contr’Ignorância, e às 15 horas, do mesmo dia, na 10Padronizada, debate sobre o tema “construindo pontes, sonhando utopias: o livro, a circulação e o acesso em Angola e Moçambique”.

No dia 08 de Dezembro, às 17 horas na União dos Escritores Angolanos (UEA), debate-se sobre o tema “entre a memória e o porvir: os jovens e os livros nos PALOP”, moderado pelo escritor e jornalista Gociante Patissa.

Dia 09 de Dezembro, às 11 horas, na Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto, conversa sobre o livro “Construir amanhã com barro de dentro – Vozes do pós-independência”, com a moderação da professora e escritora Domingas Monte.

A antologia Construir amanhã com barro de dentro – vozes do pós-independência, é editada pela Catalogus com o apoio do Camões – Centro Cultural Português em Maputo, tendo sido lançada na capital moçambicana em Agosto de 2025. Agora ela persegue a utopia em constituir uma ponte de circulação e acesso à literatura contemporânea dos países unidos pela língua portuguesa dentro do continente africano.

A obra contempla escritores nascidos no período pós-independência que, na sua maioria, já são referência na literatura contemporânea africana e outros promissores que têm vindo a destacar-se pelo seu talento. São eles Amadu Dafé, Ailton Moreira, Alice Pessoa, Edson Incopté, Eileen Barbosa, Happy Taimo, Ivanick Lopanza, Janine Oliveira, Jessemusse Cacinda, Luana Cardoso Pereira, Marinho Pina, Maya Ângela Macuácua, Mélio Tinga, Oliver Quiteculo, Pedro Sequeira de Carvalho, Rosa Soares e Sérgio Fernandes, incluindo os contos dos organizadores, Eduardo Quive e Israel Campos.

A antologia conta com o prefácio da consagrada escritora moçambicana Paulina Chiziane e de Inocência Mata, professora de Literatura e Estudos de Cultura na Universidade de Lisboa.

Sobre os organizadores

Eduardo Quive é jornalista e escritor. Publicou, entre outros, A cor da tua sombra (Romance, 2025), Mutiladas (Contos, 2024), Para onde foram os vivos (Poesia, 2022) e O Abismo aos pés – 25 escritores lusófonos respondem sobre a iminência do fim do mundo em 2020 (co-autor, Entrevistas). Co-fundou a Catalogus e é colaborador da Fundação Fernando Leite Couto.

Israel Campos é jornalista e escritor angolano, vencedor da 2ª edição do Prémio Literário Imprensa Nacional/Casa da Moeda (2024) e do Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro (2025). Com quase uma década de experiência na imprensa, colaborou como freelancer para a imprensa internacional em órgãos como a BBC, Voice of America, Al Jazeera e Wall Street Journal. Em 2023, publicou o seu romance de estreia E o Céu Mudou de Cor (Kacimbo, 2023). Actualmente é doutorando em Media e Comunicação na University of Leeds. In “Moz Entretenimento” - Moçambique


Moçambique - Número de deslocados dispara após novos ataques no norte do país

A Acnur precisa de US$ 38,2 milhões para atender às necessidades dos deslocados internos em 2026, cerca 100 mil pessoas foram deslocadas nas últimas semanas devido à propagação da violência na região


A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, está preocupada com a intensificação dos ataques a aldeias do norte de Moçambique e a rápida deterioração do conflito para distritos anteriormente seguros.

Quase 100 mil pessoas foram forçadas a fugir nas últimas duas semanas, segundo uma atualizaçao publicada nesta segunda-feira.

Grupos armados

Pessoas que conseguiram chegar em segurança contaram que fugiram com medo, enquanto grupos armados invadiam as suas aldeias, muitas vezes à noite. Eles incendiaram casas, atacando civis e forçando famílias a fugir sem nada.

À medida que as necessidades aumentam, os esforços coletivos, dos agentes humanitários e governamentais, continuam insuficientes para atender à escala de proteção e assistência necessária no terreno.

Muitos descreveram um cenário caótico de fuga, com pais perdendo os seus filhos de vista e parentes idosos ficando para trás em meio ao pânico.

Para uma boa parte deles, esta é a segunda ou terceira vez que são deslocados somente este ano, com os ataques a alcançar novas áreas.

Insegurança

Muitos deixam as suas áreas de origem sem qualquer documento civil e nem acesso a serviços essenciais, caminhando durante dias em extremo medo. A falta de rotas seguras e de apoio básico deixa as famílias, especialmente mulheres e meninas, em maior risco de exploração e abuso.

Elas são as maiores vítimas da falta de iluminação e privacidade nesses abrigos comunitários, que já enfrentaram jornadas perigosas na procura de segurança.

Os ataques expõem o grupo a novos riscos de violência sexual e de género, enquanto idosos e pessoas com deficiência enfrentam dificuldades em locais que não são acessíveis ou equipados para atender as suas necessidades.

Apoio humanitário

Isadora Zoni é oficial de comunicação do Acnur em Moçambique. Ela cita alguns dos momentos tristes.

“São mães que fugiram à noite com os filhos no colo. Eu mesma conheci uma senhora chamada Filomena e teve um bebé e ela fugiu algumas horas depois desse bebé ter nascido ainda com dores de parto. Então, essa realidade e realmente muito complexa e muito triste. Pessoas com deficiência algumas delas são deixadas para trás, crianças desacompanhadas. A realidade que nós percebemos, inclusive nesses centros de acolhimento, é de uma maioria de crianças."

Para a oficial de comunicação do Acnur em Moçambique, o apoio é urgente.

Apoio urgente

“Para 2026, o Acnur vai precisar de US$ 38,2 milhões. Essa é a estimativa com base nas necessidades de proteção que são observadas no terreno. E essas necessidades elas aumentam agora num momento bastante sensível uma vez que em 2025 nós recebemos apenas 50% daquele que foi o orçamento para responder às necessidades no norte de Moçambique. Então é bastante preocupante o cenário.”

Em parceria com as autoridades locais foram criados postos de atendimento para oferecer aconselhamento e apoio em saúde mental, distribuir kits de dignidade e dispositivos de mobilidade para pessoas com deficiência e auxiliar as famílias na substituição de documentos civis perdidos.

Os atos de violência, que começaram na província de Cabo Delgado em 2017, já deslocaram mais de 1,3 milhão de pessoas.

Em 2025, os ataques espalharam-se para além da área habitual atingindo a província de Nampula e ameaçando comunidades que antes acolhiam famílias deslocadas. Ouri Pota – Moçambique ONU News


Brasil – Entre os 200 anos do nascimento e os 134 anos da morte de D. Pedro II que heranças ficaram?

Historiadores apontam várias 'heranças' do império de D. Pedro II no Brasil atual


Exilado na Europa depois do golpe militar que proclamaria a República no Brasil em 1889, Dom Pedro II, nasceu a 02 de dezembro de 1825, segundo e último imperador brasileiro, redigiu um documento em Cannes, no sul da França, que é visto como seu testamento político.

Intitulado Fé de Ofício, o texto foi o último ato público do monarca deposto. Dom Pedro II morreria em 05 de dezembro de 1891.

Escrito de próprio punho, o documento está datado de 23 de abril daquele ano — e foi publicado no Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, na edição de 28 de maio.

Neste 02 de dezembro, quando se recorda o segundo centenário do nascimento do único imperador brasileiro nascido no Brasil — e alguém que foi chefe de Estado do país independente em praticamente um quarto de sua história, 49 dos 203 anos, reler esta carta é compreender um pouco qual era a nação que Pedro II imaginava ter ajudado a construir.

Se consideramos também o período de regência, quando ele já tinha sido aclamado imperador mas não governava, foram 58 anos sob a coroa de Pedro II.

É praticamente consenso entre estudiosos de sua biografia que o monarca imaginava um Brasil que alcançaria o progresso por meio da ciência e da tecnologia.

Ele também almejava uma nação com instituições políticas e sociais sólidas e demonstrava crer em um futuro republicano, em que o governo seria representativo e o exercício da cidadania por parte dos brasileiros seria mais próximo do universal.

Fé de Ofício deixa pistas interessantes para este pensamento.

Para o ex-imperador, era preciso proteger a economia do país frente à concorrência estrangeira, "até o período do seu próspero desenvolvimento".

E embora se autoclassificasse como alguém que tinha "sentimento religioso", entendia que cabia ao Estado apenas a inspeção "quanto à moral e à higiene, devendo pertencer a parte religiosa às famílias e aos ministros das diversas religiões".

Destacou também a importância do investimento em educação, sobretudo criando e desenvolvendo instituições de ensino superior.

"Igreja livre no Estado livre", pontuou. "Mas isso quando a instrução do povo pudesse aproveitar de tais instituições".

Pedro II acreditava na imigração como ferramenta para o melhor "aproveitamento das terras" e defendia a criação de "um observatório astronômico" no país.

Lembrou que era importante investir no exército e na marinha, "a fim de que estivéssemos preparados para qualquer eventualidade, embora contrário às guerras". "Buscava, assim, evitá-las", sentenciou.

Posicionou-se contrário à pena de morte, enfatizando que acreditava na regeneração do ser humano.

Defendeu eleições livres para os cargos públicos e concursos para postos no judiciário e na administração estatal. Mas acreditava que somente os alfabetizados deveriam poder votar.

Demonstrou sensibilidade às pautas da habitação e da fome, ressaltando a importância de projetos que zelassem pela "sorte física do povo, sobretudo em relação a habitações salubres e a preço cômodo e à sua alimentação".

No documento, Pedro também defendeu a importância das artes, da organização de dioceses para a Igreja Católica e de expedições científicas que se dedicassem a estudar o Brasil.

Especialistas concordam que, mesmo sendo ele próprio um monarca, Dom Pedro II via no regime republicano o futuro do Brasil. Mais exatamente, em um modelo inspirado no que vigorava nos Estados Unidos, independente e República desde 1776.

"Ele considerava que a República era um desenvolvimento natural do sistema político", explica à BBC News Brasil o pesquisador e escritor Paulo Rezzutti, autor da biografia D. Pedro II - A História Não Contada.

"Mas ele achava que o Brasil não estava pronto para ela, precisava de uma melhora na estrutura administrativa antes de dar esse passo."

"Ele é visto por muitos de seus biógrafos como um imperador republicano", comenta à BBC News Brasil a historiadora Bruna Gomes dos Reis, pesquisadora na Universidade Estadual Paulista e professora no Serviço Social da Indústria (Sesi).

"Pessoas que conviveram com ele notavam que ele tinha um espírito bastante republicano. E ele imaginava um certo governo republicano para o Brasil", afirma à BBC News Brasil o historiador Silas Luiz de Souza, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Há diversos registros de comentários de Pedro II no sentido de reconhecer que o regime republicano seria o melhor para um desenvolvimento do sistema político.

"Porém, o republicanismo dele comportava-se mais como um espírito", compara Reis.

"Ele se fazia presente em ações como como a liberdade de imprensa, o amor à pátria, na sua busca pela 'civilização' por meio dos estudos, das artes e da ciência e em lampejos de nacionalismo".

Era um pós-iluminista, defensor da razão. Nesse ponto, o republicanismo parecia se enquadrar melhor em sua própria ideologia.

"Ele era adepto das ideias liberais vindas do Iluminismo, com defesa das liberdades individuais", situa Souza.

"Apesar disso, seu espírito republicano não tocava sua carne", ressalta Reis. "Ou melhor: não tocava nas estruturas políticas e econômicas do Brasil."

A historiadora comenta, por exemplo, que o último imperador brasileiro "desfrutou do poder moderador" até o fim do império. Era aquele instrumento criado no Estado brasileiro por seu pai, Pedro I, que desequilibrava o princípio da tripartição dos poderes entre executivo, legislativo e judiciário, porque situava o imperador como um quarto poder sobreposto aos outros.

O historiador Victor Missiato, pesquisador no Instituto Mackenzie, cobra um pouco de cuidado ao situar Pedro II como "republicano".

"Soa um pouco anacrônico", pondera ele, à BBC News Brasil.

"Embora ele tenha escrito algumas cartas e interpretado a realidade como a inevitabilidade de um regime republicano na história do Brasil, […] associá-lo à pecha de um monarca republicano não cabe em um mundo em que muitas monarquias ainda estavam de pé."

Além disso ele lembra que Pedro teve um reinado longevo e com o exercício do poder moderador. Ambas essas características destoam de uma postura dita republicana.

Mas Missiato reconhece que havia pitadas de republicanismo em seu governo, com "a ideia de maior liberdade religiosa", "críticas à escravidão" e a instituição de órgãos públicos "para a formação do bem comum".

Pedro II também foi beneficiado, como lembra a historiadora Reis, pelas "riquezas produzidas pela escravidão, sem mover-se em direção à transformação desses aspectos que poderiam acelerar a construção da república".

"Ele acreditava que a fase monárquica era necessária para o amadurecimento nacional, e que o regime republicano apareceria em algum momento, como resultado do processo natural de desenvolvimento nacional", esclarece Reis.

Em anotação feita por Pedro II em 31 de dezembro de 1861, ele ressalta que "a ocupar posição política, preferiria a de presidente da República ou ministro à de imperador".

A imprensa da época — que o imperador fazia questão de deixar sob livre funcionamento, sem censurá-la oficialmente — extravasava o estranhamento que seu perfil causava dentro de um regime monárquico.

"Nas cortes da Europa vai passando, republicano, ateu, darwinista e não sei que mais", publicou a Gazeta de Notícias em 19 de agosto de 1883.

"Ele olhava para as Américas e via as repúblicas sendo formadas. Os Estados Unidos tinham já uma força muito grande naquele período", comenta Missiato.

O historiador lembra que Pedro II estava atento a discussões, principalmente europeias, sobre a formação de esfera pública nas sociedades, com maior participação cidadã. E demonstrava simpatia a isso.

Como pontua a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz no livro As Barbas do Imperador: D. Pedro II, Um Monarca nos Trópicos, o titular do trono brasileiro "era dado a novidades […] e a palavra progresso, para ele, vinculava-se à ciência e ao intelecto".

Certamente por isso, a seu modo, o monarca investiu em educação e conhecimento. Era assim que ele enxergava as bases para um país que, no futuro, seria republicano.

"Dom Pedro via a si mesmo como um homem da ciência", diz Rezzutti. "Desde a infância ele considerava os estudos mais prazerosos que as brincadeiras, e esse amor continuou pela vida inteira."

"Ele mandava adquirir equipamentos científicos na Europa, estudou astronomia e matemática avançada e foi um incentivador da fotografia no Brasil, sendo um dos primeiros fotógrafos amadores do país", enumera o biógrafo.

"Também se tornou patrono de diversas instituições científicas e culturais, entre elas o Instituto Pasteur, que graças à sua proteção acabou sendo inaugurado aqui antes do que na França, e a Escola de Minas, criada em Ouro Preto há exatamente 150 anos, em 1875, por iniciativa do imperador."

Também se insere no período de sua coroa a fundação do Colégio Pedro II, em 1837 — na época, sob regência.

O mesmo se aplica ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), mais antiga e tradicional entidade de fomento de pesquisa do país, criado em 1838. Pedro II era um entusiasta do organismo.

Se quando foi criado o instituto, o imperador ainda era menor de idade, durante seu reinado ele investiu no desenvolvimento do mesmo.

"Foi um dos maiores financiadores [da instituição]", diz Souza.

"Tinha uma relação íntima, participando de eventos, fazendo palestras."

Esta imagem do monarca curioso e apaixonado pelo saber não foi uma construção tardia, póstuma, erguida a partir do mito do rei morto. Era algo já presente em seus tempos contemporâneos.

"Muitos cientistas e intelectuais deixaram suas observações sobre a admiração que sentiam a respeito do interesse dele pelas ciências", frisa Rezzutti.

Pai da teoria da evolução, o naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882) declarou que "o imperador faz tanto pela ciência que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais completo respeito".

Já o escritor francês Victor Hugo (1802-1885) comparou o monarca brasileiro ao romano Marco Aurélio — ícone do "rei filósofo".

Claro que também havia críticos notáveis — o abolicionista Luiz Gama (1830-1882), por exemplo.

"Ele dizia que Dom Pedro praticava um liberalismo bastante curto, tacanho", pontua o historiador Souza.

Isto porque o imperador não descuidava dos interesses da elite de sua época — uma elite basicamente constituída por latifundiários e escravocratas, a quem qualquer mudança intempestiva de rumos significava um desfavorecimento.

A historiadora Reis interpreta essa postura de Pedro II como parte do "processo de amadurecimento nacional para receber o regime republicano".

Para isso, ele entendia ser preciso preparar e "educar" os cidadãos.

"Para além dos esforços empregados no desenvolvimento tecnológico, como a implantação do telégrafo, das linhas de ferro, e na invenção de uma nação civilizada, a partir da criação do IHGB, ainda que para um pequeno grupo de brasileiros, Pedro II portava-se como um líder capaz de guiar o Brasil a esse destino, com seu verniz iluminista e moderno", contextualiza a professora.

Contudo, ela ressalva que o próprio imperador não deu um passo decisivo para a República.

"Na prática, o imperador optou por aguardar para ver aquilo que o Brasil poderia se tornar", afirma. "Se a nação não estava pronta o suficiente para se tornar República, não seria por meio de suas ações que isso seria alterado."

Nação do futuro

Mas Rezzutti volta ao documento Fé de Ofício para pensar sobre o Brasil que Pedro vislumbrava como uma nação do futuro.

"Por meio desse texto, é possível compreender qual era o país que Dom Pedro imaginava e que lutou para implantar", diz.

"Entre as diretrizes pelas quais ele afirma ter se interessado enquanto governou, estão o desenvolvimento da indústria nacional; a instrução livre, tendo considerado no estabelecimento de universidades fora dos grandes centros do sudeste; a exploração das riquezas naturais; o melhoramento das Forças Armadas para fins exclusivamente defensivos; a higiene pública, para livrar o Brasil das epidemias; a abolição da pena de morte; a liberdade política; e o melhoramento das comunicações e transportes", enumera o pesquisador.

Há diretrizes interessantes, se observadas de forma anacrônica. Por exemplo: a vocação pacífica das armas brasileiras. Sobretudo ao longo do século XX, o país foi gradualmente ganhando destaque global com um papel contrário ao da guerra.

O Brasil virou a nação da diplomacia, do soft power. E isto transcende ao mundo em episódios que vão desde a participação brasileira na fundação da Organização das Nações Unidas (ONU) até esforços recentes com envio de tropas para missões de paz.

Outro ponto do testamento político de Pedro II que ecoa hoje é quando ele menciona a higiene pública.

Com todos os problemas inerentes principalmente ao fato de ser um instituto público que depende dos cofres de um país em desenvolvimento, o Sistema Único de Saúde (SUS), criado a partir da Constituição de 1988, é visto como modelo mundial de acesso universal e gratuito aos serviços de saúde.

"Além disso, uma herança da visão que Dom Pedro tinha de como o Brasil deveria ser está na democracia, com eleições regulares e liberdade de pensamento e de imprensa. Por mais que tenha sido atacada ao longo dos anos, essa ideia sobrevive e ainda está na base do sistema político brasileiro", acredita Rezzutti.

"Da época de Dom Pedro II, sobreviveram muitas instituições que ainda são importantes para a vida econômica e cultural brasileira", complementa o pesquisador. "Entre elas, estão a própria Escola de Minas, o Colégio Pedro II, criado originalmente para a formação de uma elite política e intelectual, e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro."

Quando ele defendia uma abertura maior aos imigrantes europeus, contudo, aos olhos de hoje é inevitável que a ideia soe com contornos racistas.

Seu ideal civilizatório era alinhado ao pensamento elitista e eurocêntrico de então. Pedro II não só se inspirava nos pensamentos que vinham do velho continente, mas também patrocinou políticas imigratórias que, sob a motivação de substituir a mão de obra do escravizado de origem negra, também tinha o viés de "embranquecer" o brasileiro.

"Ele entendia que trazer pessoas da Europa podia ajudar no progresso do país", explica Souza. "Isso acabou configurando a sociedade brasileira atual, com tantos grupos étnicos distintos."

Outros legados do período imperial sobreviveram ao tempo e implicaram na consolidação do Brasil contemporâneo.

É o caso da própria unidade territorial.

O Brasil poderia, assim como a América Espanhola, ter se esfacelado em diversas pequenas repúblicas. Isso não ocorreu principalmente porque havia um projeto de nação, conduzido por ambos os imperadores, que privilegiava um território robusto, grande, imenso.

Nesse sentido, o historiador Missiato lembra que houve um papel importante do governo imperial ao sufocar revoltas separatistas que pipocavam no território.

Disso também ficou a centralização do poder.

"Com certeza ele foi o líder mais importante da história do Brasil", acredita Missiato.

"Alguns aspectos da sociedade brasileira se formaram ou se fortaleceram no Segundo Reinado e não desapareceram até hoje", diz a historiadora Reis.

"Como a unidade territorial, as bases do Estado nacional, a busca pela liderança na América Latina e o afastamento cultural dos outros países latino-americanos." In “Correio Braziliense” – Brasil com “BBC News Brasil”