Na opinião dos dirigentes das associações de matriz portuguesa, os subsídios atribuídos pela Fundação Macau são considerados satisfatórios e permitirão que, de uma forma geral, todas as actividades programadas para este ano sejam realizadas. Apesar dos montantes terem ficado um pouco aquém do que foi solicitado, “vão possibilitar que praticamente tudo se consiga fazer”, disse ao Jornal Tribuna de Macau Amélia António. “Foi até um pouco melhor do que no ano passado”, salientou, por seu lado, António Monteiro, enquanto Miguel de Senna Fernandes frisa que o orçamento para o Arraial de São João “é magro”, mas o evento “será organizado”. Jorge Fão manifesta-se igualmente satisfeito com a aprovação dos apoios, “fundamentalmente para pagar aos funcionários”. Enquanto isto, há organismos que dispensam para já os subsídios, ou desistiram de os pedir
Todas as associações de matriz lusa contactadas pelo Jornal Tribuna de Macau consideram que a atribuição dos subsídios por parte da Fundação Macau (FM) correspondeu de uma forma geral às expectativas criadas. Muito embora os montantes solicitados não abranjam o total das propostas apresentadas – situação que tem acontecido anualmente, mas já esperada pelos dirigentes associativos -, consideram que os valores concedidos vão permitir que os eventos programados se possam realizar.
“Com mais ou menos dinheiro, o importante é que todas as actividades por nós pensadas vão ser efectuadas”, começou por referir ao Jornal Tribuna de Macau Amélia António, para quem “a concessão de todos os subsídios pretendidos é um sinal do reconhecimento do trabalho e da qualidade daquilo que temos vindo a fazer”.
A presidente da Casa de Portugal diz que a Fundação tem agora “uma espécie de critério uniforme para determinadas actividades, em especial as exposições, havendo um montante mais ou menos igual para tudo isso”.
A responsável da Casa afirma que, a partir de agora, os eventos para os quais a associação aguardava a concretização dos subsídios vão começar a ser organizados, mediante os apoios que existem. “Nós, por princípio, levamos a efeito tudo aquilo que agendamos, desde que tenhamos subsídios atribuídos”, refere, acrescentando que “a forma de os fazer é que pode variar, por causa dos montantes que dispomos, havendo a necessidade de proceder, nalguns casos, a certas adaptações”.
Também António Monteiro, presidente da Associação dos Jovens Macaenses (AJM), ficou satisfeito com os subsídios concedidos para todos os programas agendados, considerando que “foram até um pouco melhores do que aconteceu no ano passado”.
Por sua vez, Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses (ADM), fala em satisfação geral pela aprovação, sem, no entanto, “estar assim tão satisfeito pelos montantes atribuídos”. Apesar de tudo, diz, “os apoios cobrem as principais actividades”, uma das quais é o Arraial de São João. Sobre esta festa popular, o líder da ADM considera que “o orçamento é magro e uma sombra do que seria o fundamental”, mas mesmo assim a organização estará assegurada “nos mesmos moldes do ano passado, na Torre de Macau”.
Jorge Fão, presidente da assembleia-geral da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), confirmou a aprovação dos apoios monetários solicitados à Fundação para a maioria das actividades. “Com a excepção de alguns projectos, de pequena importância, os restantes tiveram subsídios autorizados, em especial para aquilo que é necessário para as despesas correntes de funcionamento, pagamento aos funcionários e realização dos eventos anuais, como os passeios que habitualmente organizamos”, aponta.
No que respeita a outras necessidades, Jorge Fão lamenta que a FM já tenha anteriormente respondido negativamente a um pedido de apoio financeiro para a realização de obras de beneficiação na sede do organismo. “Isto é bastante urgente e eu vou insistir com um pedido adicional, eventualmente até dirigido ao próprio Chefe do Executivo”, sublinha.
Tendo conhecimento de que a Fundação “não tem rubricas para atribuir subsídios para este tipo de despesas”, Jorge Fão vai solicitar ao Governo para que este indique qual a entidade mais adequada para isso.
A instalação onde se situava a clínica, há alguns anos encerrada por falta de apoios financeiros, deverá servir para organizar palestras.
“O nosso pedido de subsídio para as obras tem a sua razão de ser, ainda por cima porque nós cedemos uma boa parte do espaço como acesso para que os residentes daquele edifício pudessem utilizar o nosso elevador”, expressa, acrescentando que “as pessoas que vivem naquele edifício, que andam de cadeira de rodas, já podem, a partir de agora, descer e ir até à rua através de um dos elevadores” da APOMAC.
Vinda de músico Paulo Soares é projecto ainda incerto
Ao contrário da APOMAC, que tem um menor fluxo de actividades, a Casa de Portugal desenvolve, há vários anos, projectos diversificados. Para 2025, e agora que os subsídios foram todos aprovados, a associação vai procurar tornar realidade tudo o que preconizou, dando especial enfoque às exposições, para as quais convida com regularidade pessoas do exterior, assim como outros eventos, como a festa de Santo António.
“Temos verba para pôr de pé mais uma vez essa tradição popular, tudo apontando para que o local escolhido volte a ser a Escola Portuguesa, em Junho”, salienta Amélia António.
Por outro lado, e além de colaborações no Arraial de São João e no Festival da Lusofonia, assim como no “Junho, mês de Portugal” – para o qual já começaram a ser discutidos alguns dos pontos do programa – a Casa de Portugal pretende trazer ao território Paulo Soares, considerado um dos mais versáteis guitarristas de sempre no panorama da guitarra portuguesa.
A vinda do músico está (ou estava) inicialmente prevista para Abril, “mas ainda não temos resposta a um pedido de subsídio da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, uma vez que este tipo de apoios, por parte de Macau, pertence ao Fundo de Desenvolvimento da Cultura, para onde dirigimos o pedido, entretanto negado”, esclarece Amélia António.
O objectivo desta iniciativa é assinalar os 100 anos do nascimento do guitarrista Carlos Paredes, falecido em 2004. “Já estamos muito em cima da data em que queríamos realizar o espectáculo, por isso provavelmente vai ter de ser mais tarde, o que implica mais dificuldades, como a disponibilidade do artista, que virá acompanhado de um outro elemento, e do espaço onde terá lugar”, frisa a dirigente.
Exibição de “caretos” no desfile internacional
Enquanto aguarda pela concretização deste projecto, a Casa de Portugal está presentemente empenhada nos preparativos para o Desfile Internacional de Macau que irá decorrer no dia 23 de Março.
A associação vai ter uma representação de cerca de 20 a 30 elementos e o tema é os “caretos”, constituídos por personagens mascaradas do Carnaval de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal, com destaque para Podence. Este género de bonecos misteriosos será acompanhado por tambores e música ao vivo.
Amélia António faz questão de dizer que todos os “caretos”, um dos quais gigante, foram produzidos localmente pela Escola de Artes e Ofícios. “As figuras são naturalmente adaptadas à cultura de Macau, mas sem deixar de relevar a tradição portuguesa”, afirma, enaltecendo o trabalho “incansável” das pessoas que fazem este tipo de produções e outras actividades, “muitas vezes com grande dificuldade de espaço para desenvolverem as suas obras”.
A dirigente lamenta não ter ainda conseguido outro local, mais central, para a realização dos trabalhos da Escola. “A situação já não era famosa, mas agora está infernal”, admite. “Aquelas instalações na Areia Preta estão fora-de-mão e as pessoas têm dificuldade, no acesso e na falta de estacionamento, em deixar os seus filhos para os eventos que nós organizamos”, lamentou.
Enquanto isto, há duas associações ligadas à cultura macaense que prescindem de subsídios da FM. São elas a Confraria da Gastronomia Macaense e a Associação de Estudos da Cultura Macaense (MACRA).
Carlos Anok, presidente da Confraria, disse ao JTM que desistiu de solicitar apoios à Fundação Macau. “Não somos contemplados, porque só temos pessoas a trabalhar de forma voluntária, daí que, segundo os regulamentos, não podem ser pagos”. Por isso, “desistimos de pedir subsídios”, remata.
Sobre a MACRA, a sua principal responsável, Elisabela Larrea, justifica com o facto de a associação ser relativamente nova. “Gostaríamos de aprender primeiro a fazer as coisas passo a passo”, explica. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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