Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 19 de março de 2025

China - Mentor do teatro em patuá nomeado “herdeiro” do património nacional

Numa altura em que os Dóci Papiaçám di Macau preparam mais um espectáculo de teatro em patuá, incluído na edição deste ano do Festival de Artes, o grande mentor do grupo, Miguel de Senna Fernandes, foi seleccionado como “herdeiro representante do património intangível a nível nacional”. O Ministério da Cultura e do Turismo da China nomeou ainda John Lo como embaixador da crença e costumes de Tou Tei. Miguel de Senna Fernandes disse ao Jornal Tribuna de Macau que esta distinção é um “reconhecimento do trabalho” desenvolvido pelos Dóci Papiáçam. O título atribuído à pessoa responsável pelo item listado em 2021 como Património Cultural Intangível da China, dá também “maior relevância à cultura e comunidade macaenses”, sublinha. Face à crescente projecção dos espectáculos em patuá, o responsável pretende levar o grupo a Portugal em 2026 e realizar sessões na diáspora



O teatro em patuá acaba de receber mais uma honrosa distinção das entidades culturais da República Popular da China, desta feita na pessoa do seu grande mentor. Miguel de Senna Fernandes foi designado “herdeiro representante do Património Intangível a nível nacional”, numa nomeação divulgada pelo Ministério da Cultura e Turismo da China, que indicou igualmente John Lo como embaixador para a crença e os costumes de Tou Tei. A sexta lista de representantes do património nacional, que integra 942 pessoas, elevou para nove o total de embaixadores da RAEM.

No caso do teatro em patuá, cujos membros já estão em grande azáfama nos preparativos para apresentar mais um espectáculo no Festival de Artes de Macau, Miguel de Senna Fernandes considera que o título é “o reconhecimento do trabalho que tem sido feito”. Surge também na sequência da integração do teatro em patuá na lista do Património Cultural Intangível da china, em Junho de 2021.

“Esta distinção muito nos honra”, salienta o responsável do grupo Dóci Papiaçám di Macau, notando que a nomeação tem a ver com a confirmação da pessoa que está por detrás dos itens nomeados pela China para património intangível. “Neste caso, sou eu o elemento humano que representa o teatro em patuá”, afirma Miguel de Senna Fernandes.

Sobre o que daqui poderá resultar, o macaense diz que, pelo menos, fica consolidada a garantia de que haverá sempre teatro em patuá. “As entidades chinesas dão muita importância a este tipo de distinções, o que pode também ser interpretado como um polo importante, numa altura em que se fala tanto no intercâmbio entre o Ocidente e o Oriente e agora mais concretamente entre a China e, por exemplo, os países de língua portuguesa”.

Para Miguel de Senna Fernandes, o reconhecimento agora vincado pelo Ministério da Cultura e Turismo da China, “deve ser entendido nessa vertente e dá relevância à comunidade e cultura macaenses”.

Reconhecendo que a comunidade macaense é pequena, em comparação com a população em geral, entende que “continua a ser relevante no diálogo entre a China e outros países de língua portuguesa”, algo que “também é bom para a própria comunidade portuguesa”.

Certamente motivado por mais uma referência ao teatro em patuá, Miguel de Senna Fernandes fala na “necessidade de o grupo ter mais mobilidade” e, por isso, quer ver concretizada já para 2026 a terceira deslocação a Portugal.

“Vamos apostar nesta presença em Lisboa no próximo ano, depois de ali termos actuado em 1996 e 1999 e de no ano passado termos feito deslocar o nosso coro”, frisa o responsável.

Apresentar o teatro na diáspora

Para além de Portugal, a ideia é que o teatro se exiba noutras paragens. “Na diáspora, por exemplo, o que também é importante, na sequência dos vários pedidos feitos por membros das Casas de Macau espalhadas pelo mundo”, frisa.

O Continente chinês poderá também ser contemplado. “Aí a estratégia seria outra, uma vez que o espectáculo terá de divergir daquilo que costumamos fazer, pois temos de ter cuidado com a língua veicular e outros aspectos”, assume Miguel de Senna Fernandes.

Recorde-se que a exibição dos Dóci Papiaçám di Macau esteve perto de acontecer na Expo Xangai, em 2008.

O teatro em patuá foi, como referimos, acompanhado pela crença e costumes de Tou Tei na nova listagem de herdeiros dos representantes dos itens pertencentes ao Património Cultural Intangível da China, com John Lo Chung Seng a receber o título. Tou Tei é um deus chinês responsável pelos assuntos terrenos.

Ao jornal “Ou Mun”, o dirigente da Associação Cheok Chai Un Fok Tak Chi Tou Tei Mio Chek Lei Wui de Macau, declarou ter sido muito difícil conseguir incluir a crença e costumes de Tou Tei, na lista do património imaterial nacional e agora, como herdeiro deste projecto, sente que há uma missão importante pela frente. “Como herdeiro, irei reforçar a cooperação com os outros templos de Tou Tei em Macau, com o objectivo de fazer plena campanha desta boa crença e levar mais jovens a prestarem atenção à Festa de Tou Tei”, disse John Lo.

O embaixador da crença e costumes de Tou Tei espera continuar a contar com o apoio do Governo e de diferentes sectores, para poder integrar os elementos da festa de Tou Tei no turismo comunitário.

John Lo pretende também combinar mais culturas sobre os templos de Macau, com produtos culturais e artísticos, no sentido de ser divulgada a história do evento festivo. “Queremos que este património ganhe uma maior vitalidade na nova era”, adiantou.

O dirigente associativo afirma que, para este reconhecimento nacional, foi indispensável o apoio do respectivo ministério chinês e da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura de Macau, incluindo do Instituto Cultural. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


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