Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

França - Paris homenageia Natália Correia

Uma exposição com obras de artistas plásticos que dialogam com a obra literária de Natália Correia (1923-1993), enriquecendo o contexto histórico e estético da poetisa e deputada, vai ser inaugurada a 8 de setembro, em Paris


Intitulada “Natália Correia – Confissão poética em torno de Mulher Atlante”, a mostra de artes plásticas com cerca de 30 autores terá lugar na Casa de Portugal – André de Gouveia, da Cité Internationale Universitaire de Paris – Fundação Calouste Gulbenkian em França.

Mário Cesariny, Agostinho Gonçalves, Cruzeiro Seixas, Fernando Lemos, Isabel Meyrelles, Matilde Marçal, João Rodrigues, José Escada, Júlio Resende, Margarida Madruga, Eduardo Gageiro, Benjamim Marques, Raul Perez, Mário-Henrique Leiria e Borderlovers são alguns dos criadores representados, segundo um comunicado da organização.

Trata-se de uma iniciativa enquadrada no centenário do nascimento de Natália Correia, escritora portuguesa nascida no arquipélago dos Açores que foi deputada à Assembleia da República, destacando-se pela intervenção política nas áreas da cultura, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres.

A iniciativa, comissariada por Rui A. Pereira, tem como objetivo evocar a vida e obra da pensadora, o seu universo criativo e os caminhos artísticos que estimulou, segundo a organização, a cargo de Carlos Cabral Nunes, da Perve Galeria.

No texto de introdução ao catálogo da exposição, o comissário refere que as memórias de infância e adolescência marcaram Natália Correia: “Ter vivido nos Açores até aos seus 16 anos, com a circunstância de, desde muito cedo, ter um pai ausente; assumir que a presença materna junto de si foi basilar na construção da sua consciência no Feminino; viver o ‘espanto’ permanente em contiguidade com a presença da imensidão do mar foram, certamente, fatores determinantes na formação da sua personalidade”.

A observação das sucessões de marés inspirou “visões de encanto e reverência tão bem celebradas por ela [Natália Correia] e muitos outros criadores, os poetas, pintores…”.

A Casa de Portugal organizará ainda um ciclo de eventos no âmbito desta comemoração do centenário, nomeadamente um colóquio internacional em parceria com as Universidades de Paris Sorbonne, Paris Nanterre, Paris 8, Universidades Nova de Lisboa e de Göttinghem, nomeadamente com a Cátedra Almada Negreiros.

Marcada para dia 08 de setembro, às 18:00, a exposição ficará patente até 28 de outubro.

Durante esta iniciativa decorrerá a pré-estreia internacional do filme “O aplaudido dramaturgo curado pelas pílulas pink”, conto de Natália Correia adaptado para cinema pela Marginal Filmes, com realização de Jo Monteiro. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


Lançamentos dos livros vencedores do Prémio Revelação Literária UCCLA – CMLisboa

A Feira do Livro do Porto vai acolher, dia 6 de setembro, às 15h30, os lançamentos dos livros “Breviário de Medo e Malícia” de Leonel Barbosa e “O Sentido Litoral” de A. B. Bueno - vencedores ex aequo da última edição do Prémio Revelação Literária UCCLA-CMLisboa: Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa. O evento contará com a presença do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, e do Secretário-geral da UCCLA, Vitor Ramalho.


Mais informações sobre os resultados da última edição do Prémio:

https://www.uccla.pt/noticias/premio-literario-uccla-com-duas-obras-premiadas

O livro “Breviário de Medo e Malícia” de Leonel Barbosa é composto por 19 contos, a obra do otorrinolaringologista minhoto está povoada de personagens memoráveis que protagonizam histórias em que a realidade e a ficção se tocam. Uma experiência de evasão deste mundo e do outro. Leonel Barbosa conduz-nos pelos mistérios da malícia, a grande e a pequena, a dos mortais e a dos divinos; e explora as variações do medo - o da insuficiência e o do esquecimento, acima de tudo. O livro é composto por contos que nos remetem tanto para um lugar de exuberância e entusiasmo, quanto para o interior desolado de uma mente céptica.

O Sentido Litoral”, do autor baiano A. B. Bueno, é inspirado pelo encontro do sujeito poético com o mar. A obra do autor brasileiro, que vive no litoral da Bahia, leva-nos a despertar os cinco sentidos, remetendo o leitor para paisagens, texturas, aromas, sons e cheiros costeiros. Do encontro da pele (quase) nua com o litoral, e especialmente com a praia tropical, nasce O Sentido Litoral, um livro que reúne 50 poemas sensoriais estimulados pelo Sol, a Lua, o vento, o marulho, a areia, a maresia, a linha do horizonte, as cores do céu e da terra, o cheiro das algas, as formas das nuvens, o sal na boca e a água no corpo. O sentido litoral não é literal nem figurado. É o sentido que a palavra poética activa no corpo sensorial.

O Prémio de Revelação Literária UCCLA - CMLisboa - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, criado em 2015, é uma iniciativa da UCCLA em conjunto com o Movimento 800 anos da Língua Portuguesa. Em 2020 foram estabelecidas duas parcerias: uma com a editora Guerra e Paz, que passará a responsabilizarse pela edição da obra premiada e outra com a Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do Festival Literário de Lisboa 5L. UCCLA


Macau – De regresso o Concurso Internacional de Fogo de Artificio

Macedos Pirotecnia é o nome da empresa portuguesa que, este ano, vai a concurso na primeira edição do Concurso Internacional de Fogo de Artificio de Macau após a pandemia, com actuação marcada para dia 1 de Outubro, Dia Nacional da China. A 31.ª edição do evento conta com dez apresentações de empresas de pirotecnia de todo o mundo


Uma empresa portuguesa vai estar presente no regresso do Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau, entre 9 de Setembro e 7 de Outubro, após uma pausa de três anos devido à pandemia, foi ontem anunciado.

A 1 de Outubro, Dia Nacional da China, a Macedos Pirotecnia vai apresentar o espectáculo “Supernova”, que vai “permitir ao público estabelecer uma ligação emocional com Portugal”, afirmou a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau, em conferência de imprensa.

A Macedos Pirotecnia, com sede no concelho de Felgueiras, no distrito do Porto, vai participar pela quinta vez no concurso, tendo vencido em 2000, a 12.ª edição, a primeira realizada depois da transição de administração de Macau de Portugal para a China.

Além de Portugal, a 31.ª edição vai contar com 10 espectáculos, cada um com uma duração de 18 minutos, a combinar fogo de artifício e música, de companhias vindas da Austrália, da Suíça, da Áustria, da Rússia, das Filipinas, do Japão, do Reino Unido, da Alemanha e da China.

A DST recomenda as melhores localizações para ver o fogo de artificio e captar fotografias, nomeadamente na Avenida Dr. Sun Yat-Sen do Centro Ecuménico Kun Iam até à Zona de Lazer Marginal da Estátua de Kun Iam, no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau, no Anim’Arte Nam Van, na Avenida de Sagres (ao lado do Hotel Mandarin Oriental, Macau) e na Avenida do Oceano, Taipa. A música de fundo dos espectáculos será transmitida, em tempo real, no canal chinês da Rádio Macau (FM100.7). Por sua vez, a TDM, Ou Mun e TDM Entretenimento irão transmitir o evento. Os espectáculos decorrem às 21h e 21h40 de cada noite.

O concurso inclui ainda outras actividades, nomeadamente uma votação online “para aumentar o envolvimento dos residentes e visitantes”, e um arraial que acontece durante as cinco noites do concurso entre as 17h e as 23h junto à Torre de Macau com um programa que combina gastronomia e espectáculos.

Por outro lado, pela primeira vez este ano, associações comunitárias organizam no Anim’Arte Nam Van e na Zona de Lazer da Marginal da Taipa, uma feira do festival de fogo-de-artifício, para que os residentes e visitantes possam escolher diferentes locais para apreciar cada noite de exibição de fogo de artifício, saborear petiscos, participar em jogos e assistir a espectáculos de animação. Destaque ainda para a realização de concursos de fotografia e desenho para estudantes e amantes da fotografia, organizados pela Associação Fotográfica de Macau e Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau. O prazo de entrega das obras decorre de 9 de Setembro a 31 de Outubro.

A directora da DST, Maria Helena de Senna Fernandes, afirmou que, após a pandemia de covid-19, período em que “não havia condições para realizar o concurso”, o regresso do evento “é um símbolo do reforço das ligações entre Macau e o exterior”.

Boas expectativas

Em Dezembro, o território anunciou o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos de rigorosas restrições, que incluíam a proibição da entrada de turistas vindos do estrangeiro.

Com o fim das restrições, Macau recebeu 14,4 milhões de visitantes nos primeiros sete meses de 2023, quatro vez mais do que em igual período do ano passado, mas ainda longe do registado em 2019: 23,8 milhões. A 12 de Agosto, a cidade recebeu quase 140 mil turistas, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia.

À margem da conferência de imprensa, Senna Fernandes disse à Lusa esperar que Agosto termine com uma média acima de 100 mil visitantes por dia, que seria o número mais alto desde Outubro de 2019.

A directora da DST previu ainda uma média diária de 90 mil visitantes para a chamada ‘semana dourada’, no início de Outubro. Antes da pandemia, Macau recebeu 140 mil turistas por dia nesse período, que concentra vários feriados, entre 1 e 7 de Outubro. Senna Fernandes disse que o número de visitantes da China continental já ultrapassou 60 por cento dos valores registados em 2019, mas admitiu que Macau tem de “continuar a lutar” para atrair mais turistas internacionais.

A DST tem promovido o território sobretudo no Sudeste Asiático, em países com ligações aéreas directas a Macau. No entanto, a directora sublinhou que a cidade poderá apostar em outros países após o lançamento, em breve, de um serviço de autocarro directo do aeroporto da vizinha região de Hong Kong, um dos mais movimentados do mundo. In “Hoje Macau” - Macau


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

UCCLA - Apresentação do livro "As Minhas Elucubrações" de Mário d’Almeida Kasesa

Relatos, na primeira pessoa, da jornada de vida, das experiências, dos desafios, das conquistas, das lutas em que foi protagonista é o que nos traz Mário Afonso d’Almeida “Kasesa” na sua obra "As Minhas Elucubrações", que será apresentada no auditório da UCCLA, no dia 8 de setembro, às 18 horas.


Um livro que é o resultado da compilação de textos sobre diversos temas e que foram publicados no Novo Jornal, e que tem a chancela da Whereangola Editora.

A apresentação do livro estará a cargo de Manuel Videira, com transmissão em direto através da página do Facebook da UCCLA em:

https://www.facebook.com/UniaodasCidadesCapitaisLinguaPortuguesa

Sinopse do livro:

As Minhas Elucubrações foram escritas com muito prazer espelhando a vida rica, variada e variegada do autor. Os textos, que relatam lugares, acontecimentos e pessoas, vivas ou falecidas, foram escritos em diferentes cidades - Luanda (Angola), Acra (Gana), Londres (Reino Unido) e Lisboa (Portugal). Alguns escritos são pedaços da vida testemunhada e vivida por Kasesa. Enfim, de tudo um pouco: “(…) amalgamado, como digo acima, escrito acintosamente, como aprendi nos bancos de escola nas aulas de português do antigamente, e lendo clássicos da leitura camoniana; não como vemos e lemos hoje, nas publicações e traduções literárias, nos media, na net e nas televisões”.

Biografia do autor:

Mário Afonso d’Almeida Kasesa nasceu na Gabela a 6 de setembro de 1931. Fez a instrução primária e a liceal em Luanda. Licenciou-se em Medicina na Faculdade de medicina da Universidade de Lisboa e graduou-se em Saúde Pública em Portugal, de onde saiu em 1961 para integrar as feiras da Luta de Libertação contra o colonialismo.

Ao longo da sua vida, o autor exerceu as funções de médico assistente no Centro Hospitalar e Universitário de Alger, na Argélia, onde foi autor e coautor de diversas publicações científicas. Foi clínico e responsável no Hospital Militar Central, Chefe dos Serviços de Assistência Médica (SAM); Chefe Adjunto da Logística das Forças Armadas com o posto de Major, Tenente-Coronel, Coronel, posterior e sucessivamente graduado a Major-General e Tenente-Coronel. Foi o primeiro Ministro da Saúde no pós-independência.

Fez parte da OMS (Organização Mundial da Saúde), integrando os quadros da Organização como quadro sénior; membro e presidente do Conselho Científico e representante residente da Organização no Congo Brazzaville.

No final dos anos 90 decidiu tornar-se escrevente, começando a publicar artigos sobre diversos temas no Novo Jornal.

As Minhas Elucubrações é o resultado da compilação desses artigos e outros textos, escritos ao longo dos anos.


Angola - Exporta para Portugal a maior quantidade de fio de algodão de sempre

A fábrica Textang II vendeu a uma empresa de Guimarães a maior quantidade de fio de algodão da história de Angola, num total de 44 toneladas, marcando assim o arranque das exportações da indústria têxtil angolana

A encomenda, no valor de 90 mil dólares, deverá ser entregue em 10 dias à Lagent e assinala o início das vendas para fora de Angola, disse à Lusa o presidente do grupo Alcaal, proprietário da fábrica, Jorge do Amaral.

A Textang II, a maior fábrica de tecidos finos de Angola e uma das maiores de África, com uma área de 110 mil metros quadrados localizada no Cazenga (Luanda), emprega cerca de 400 pessoas e tem uma capacidade de produção de até 10 000 000 de metros de tecidos por ano.

“Nunca nenhuma outra indústria têxtil no país exportou esta grande quantidade de fio de algodão, descaroçado, limpo, fiado e acabado em Angola”, salientou o empresário.

Segundo Jorge do Amaral, o grupo, que vai fazer agora a primeira exportação para Portugal está a estudar mercados e estratégias de entrada noutros países e a negociar a possibilidade de exportar tecido para Portugal e Espanha, bem como as oportunidades no mercado dos Estados Unidos.

Embora o algodão utilizado para a produção tenha sido importado, o grupo que opera principalmente em Angola e na Argentina, iniciou recentemente um projeto de produção de algodão na província angolana de Malanje.

A Alcaal explora ativos agroindustriais em mais de 70000 hectares, principalmente vocacionados para o milho, soja e arroz, bem como os seus derivados industriais. In “Milénio Stadium” - Canadá com “Lusa”


Europa - Bélgica, França, Alemanha: Gigantes dos pesticidas estão a exportar produtos químicos proibidos através de lacunas europeias

Dos “falsos” argumentos de perda de emprego às misteriosas rotas de trânsito: Eis o que precisa de saber sobre o comércio europeu de pesticidas proibidos


Acompanhar o comércio europeu de pesticidas proibidos é um trabalho a tempo inteiro para Laurent Gaberell, especialista em agricultura e alimentação da ONG suíça Public Eye.

A UE tem os regulamentos mais rigorosos do mundo para substâncias de controlo de pragas. Mas os produtos químicos tóxicos que são proibidos no bloco devido ao seu impacto na saúde humana e no ambiente ainda são exportados para outros países, muitas vezes mais pobres.

Para Gaberell, isso é uma violação “inaceitável” da justiça global. Alguns países europeus estão a tentar remediar a situação através de proibições nacionais à exportação de pesticidas proibidos, mas subsistem lacunas significativas.

“Para nós, é uma questão de princípio e de justiça que não se possa fechar os olhos ao que acontece”, disse o ativista suíço à Euronews Green.

Uma investigação recente da unidade Unearthed da Public Eye e da Greenpeace UK revela quão atentamente as empresas agroquímicas também estão a observar estas rotas comerciais. Concluiu que as exportações alemãs de pesticidas proibidos quase duplicaram em 2022, à medida que o governo se esforça para proibir a prática.

Se a lei proposta for aprovada, a Alemanha tornar-se-á o terceiro Estado da UE a combater esta “hipocrisia”, depois da França e da Bélgica – que aprovaram um Decreto Real para o efeito em Junho de 2023. A Suíça também proibiu a exportação de cinco pesticidas perigosos desde 2021.

A dinâmica está a crescer, mas, diz Gaberell, “cada uma dessas proibições de exportação tem as suas próprias lacunas, o seu próprio âmbito e os seus próprios problemas”.

Ele também suspeita que exista uma “grande lacuna” que só será colmatada quando a UE agir em conjunto como um todo.

Por que aumentaram as exportações alemãs de pesticidas proibidos?

O governo alemão anunciou a sua intenção de parar a exportação de pesticidas proibidos em Setembro do ano passado.

Antes de enviarem os seus pesticidas para o estrangeiro, as empresas devem notificar a autoridade nacional – que depois informa a Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) – das quantidades que planeiam enviar. Estas notificações de exportação são os únicos dados públicos que mostram a extensão do comércio internacional destes produtos químicos proibidos.

Em 2022, os registos mostram que mais de 18 000 toneladas de pesticidas proibidos foram exportadas da Alemanha para uso agrícola – quase o dobro da quantidade notificada em 2021.

28 produtos químicos diferentes estavam na lista - incluindo insecticidas e pesticidas que “matam as abelhas”, proibidos pelo seu potencial de causar cancro e poluir as águas subterrâneas.

Este aumento nas exportações deve-se em parte ao facto de a gigante agroquímica Syngenta parecer ter deslocalizado algumas das suas exportações para a Alemanha a partir de outros países como a França e a Bélgica. Leia mais aqui. Euronews.green


Nova Zelândia - Ave pré-histórica que chegou a ser declarada extinta voltou à natureza

O regresso do takahē às encostas alpinas da Nova Zelândia assinala uma vitória da conservação no país. E, no futuro, mais aves podem ser libertadas na natureza


O takahē, uma ave grande e que não voa, foi declarado extinto durante décadas. Mas tudo mudou: 18 aves foram libertadas no vale do Lago Whakatipu Waimāori, uma zona alpina da Ilha do Sul da Nova Zelândia, na semana passada, conta o The Guardian.

As aves tinham sido formalmente declaradas extintas em 1898, tendo a sua população, já reduzida, sido devastada pela chegada dos companheiros animais dos colonos europeus: arminhos, gatos, furões e ratos. Após a sua redescoberta em 1948, o número de aves é atualmente de cerca de 500, crescendo cerca de 8% ao ano.

Inicialmente, os conservacionistas recolheram e incubaram artificialmente os ovos, para evitar que fossem comidos por predadores. À medida que nasciam, as crias eram alimentadas e criadas por trabalhadores.

Depois de passar a criar as aves em cativeiro, o Departamento de Conservação (DOC) introduziu-as gradualmente em alguns santuários insulares e parques nacionais, investindo fortemente em armadilhas e na eliminação de pragas para tentar proteger as aves.

Para os Ngāi Tahu, a tribo a que pertencem as terras onde agora foram libertadas e que enfrentou uma longa batalha legal para as devolver à natureza, este facto é particularmente significativo, marcando o regresso das aves com que os seus antepassados viveram, em terras que lutaram para reconquistar.

"Têm um aspeto quase pré-histórico", explicou Tūmai Cassidy, um dos elementos da tribo. De frente, os seus corpos podem parecer quase perfeitamente esféricos, com uma plumagem azul-esverdeada e pernas longas e vermelhas brilhantes.

"Alguém nos chamou, uma vez, a terra dos pássaros que andam. Poucas coisas são mais bonitas do que ver estes grandes pássaros a galopar de volta para as terras onde não andam há mais de um século", acrescentou outro elemento. In “MadreMedia” – Portugal com “The Guardian”


terça-feira, 29 de agosto de 2023

Moçambique - No translúcido mar infinito do Luís Cezerilo

Luís Cezerilo é uma individualidade que dispensa qualquer tipo de apresentação no universo sócio-cultural, académico e político em Moçambique.


No seu mais recente livro, “Mar, espelho líquido do infinito”, lançado no dia 28 de Agosto do ano em curso, transborda o eflúvio natural do amor enquanto um mar infinito, um elemento da vida como uma fagulha, numa essência superior do ser. Neste livro, o amor e o mar formam a alga que nos inunda. Ele, o poeta, “rasga” de forma minuciosa, delicada e reverberante, o que lhe vai na alma, no seu mais íntimo e translúcido âmago. Este breve texto, através do qual busco tecer algumas humildes linhas, é uma pequena amostra deste mar líquido do escritor.

Cezerilo está além do tempo, por isso chama todos para o entendimento de que o “amor é algo genuíno” e todo o ser deve gozá-lo, independentemente do percurso de cada um, do seu extracto social, porque o amor é a esperança, alegria, o prazer das sereias denominadas nhamussoros no Sul do país, esse amor que consegue mesclar-se na brisa dos verdadeiramente constituídos.

Nas lentes do autor, nestas dezenas de poemas muito bem seleccionados, somos remetidos sobretudo ao amor, à beleza do mar, à nossa história, à contemporaneidade, aos descasos, ao misticismo da magia, da ternura e do encanto do povo.

O mar é infinito.

O mar é pleno, esbelto, tem as suas tonalidades e os seus percursos e, neste livro, o poeta Cezerilo soube pincelá-las tão perfeitamente, começando com a primeira estrofe do primeiro poema, que nos suscita a imersão dos segredos que o mar transmite na sua vastidão, a solitude, que depois desagua com o quinto poema que nos traz a sensação do poderio e da extravagância do amor, dos seus relevos ludibriantes, da vastidão e dos devaneios que nos pode transmitir.

Cezerilo traduz nas suas metáforas tudo o que o universo propõe sobre o encanto da beleza e do som das sereias, denominados no sul do país, de nhamussoros, que conseguem mesclar-se na brisa dos ventos que o Índico traduz de forma poética. O livro Mar, espelho líquido do infinito, é sem dúvidas uma concha em forma de livro, que promete suscitar a todos “os sentidos mais humanos que possam existir”. Huwana Rubi – Moçambique in “O País”

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Luís Abel dos Santos Cezerilo - É Pós-Doutorado em Estudos Literários pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, UNESP-Campus de Araraquara (2009); Doutor em Letras em Estudos Comparados de Literatura Africana de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) em (2005); Possui um mestrado e graduação pela Universidade de Évora (1999). Actualmente é Professor Auxiliar na Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique Faculdade de Letras e Ciências Sociais e na Academia de Ciências Policias (ACIPOL); Foi Assessor da Ministra da Justiça para Área Prisional; Membro Fundador do Núcleo de Pesquisa de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Universidade Camilo Castelo Branco. Possui várias publicações nas áreas de Sociologia, Literatura e Turismo. Poeta. Foi Assessor do Ministro da Educação e Cultura e membro do Task-Force do Governo de Moçambique (2006).


Guiné Equatorial - Pede investimento português para diminuir dependência do petróleo

O ministro das Relações Exteriores equato-guineense, Simeón Esono Angue, apelou aos empresários portugueses e do resto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para investirem no país, ajudando-o a diminuir a dependência do petróleo.

Com 1,3 milhões de habitantes, a Guiné Equatorial é um dos principais produtores de petróleo de África, tem o maior rendimento per capita do continente, mas o Estado vive somente das receitas do setor, pelo que tem em curso um programa — Horizonte 2035 — para diversificar a economia.

O governo da Guiné Equatorial concebeu um programa de desenvolvimento e de construção até 2035, estamos abertos para que venham investimentos portugueses e brasileiros, de todo o mundo, para a sua efetivação”, afirmou Simeón Esono Angue, em entrevista à Lusa, à margem da cimeira da CPLP, que decorreu em São Tomé.

Esse foi o tema da sua intervenção no conselho de ministros da organização, na sexta-feira, recordou.

“No meu discurso, falei que a Guiné Equatorial está a trabalhar para a diversificação económica do país. Estamos abertos para receber empresários portugueses, brasileiros, são-tomenses, de todo o mundo, para atingirmos os nossos objetivos de desenvolvimento”, acrescentou o governante, salientando que o seu país está também preocupado com a pirataria no Golfo da Guiné, que afeta as rotas marítimas mercantes.

Portugal e agora o Brasil têm navios empenhados na vigilância dessas águas, com operações a partir de São Tomé e Príncipe.

“O tema da pirataria marítima é um tema global e temos de trabalhar juntos. Não é um tema que só um país deve enfrentar. Um problema global necessita de soluções globais”, salientou o governante.

A CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realizou a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no passado domingo, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”.

Cooperação económica

Já o secretário para África do Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que o país quer estender às empresas o pilar económico proposto por Angola para a CPLP.

Carlos Duarte, secretário para África e do Médio Oriente do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, afirmou que o pilar económico proposto pela Presidência cessante (Angola) deve incluir também empresas e não apenas parcerias económicas dos estados.

Segundo o diplomata, “África também é uma região em evolução em desenvolvimento e essa vertente económica e empresarial é algo que é muito forte no âmbito do continente” e, mesmo dentro da CPLP, “há um potencial de cooperação e de atuação nessas áreas que é muito expressivo”.

“Já há uma cooperação na área, por exemplo, aduaneira e na área de bancos centrais”, mas esse é o “embrião de uma cooperação económica” que se pode “desenvolver mais para o lado empresarial”, afirmou à Lusa, dando o exemplo da visita a Angola, com 150 empresários brasileiros.

“É claro que, com o caso com Angola, o Brasil tem uma relação económica já bastante forte, mas com os demais países de expressão portuguesa isso também pode ocorrer”, aproveitando o “efeito catalisador da língua portuguesa” que favorece “não apenas grandes empresas, mas também pequeno e micro empresário, aquele que desenvolve certo tipo de bem ou de serviço que pode ser facilmente reproduzido noutros países, ainda mais com a mesma expressão linguística”.

O fato de cada país da CPLP estar inserido em regiões económicas autónomas e com tendência para desenvolver projetos de livre-comércio pode ser visto como uma oportunidade porque a instalação de uma empresa lusófona noutro país “tem um mercado muito maior e mais global”.

Alguns países já anunciaram fortes investimentos nos próximos anos do setor do petróleo e diversificação económica, como é o caso dos futuros leilões de poços em Angola, e Carlos Duarte considera que o Brasil tem condições para aproveitar essas oportunidades de investimento.

“As empresas brasileiras, em termos de construção civil ou de participação no setor de petróleo e gás, são competitivas. São empresas que têm um conhecimento técnico e uma experiência” e “devem ser levadas em conta dentro dos critérios” dos concursos públicos de investimento nos países da CPLP.

No seu entender, “as oportunidades que existem hoje na África são muito significativas. É um continente jovem, é um continente que tem um potencial de crescimento muito grande e o Brasil tem tecnologias e atividades empresariais” que podem ser úteis. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

 

Expedição luso-brasileira refaz caminhos percorridos por Dom Pedro I

Começa nesta terça-feira (29), no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte (MG), a expedição luso-brasileira que vai refazer os passos do príncipe regente Dom Pedro I. A expedição resultou na proclamação da Independência do Brasil de Portugal, em 7 de setembro de 1822, às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.


Refazendo os caminhos de Dom Pedro I, a comitiva, integrada por dez pessoas dos dois países, passará por 24 cidades nos estados de Minas Gerais, São Paulo e do Rio de Janeiro. O final da expedição ocorrerá no dia 7 de setembro próximo, no Museu do Ipiranga, na capital paulista. A comitiva é coordenada pela Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, idealizadora do projeto Heróis Portugueses do Brasil, e celebra os 200 anos da Independência, completados no ano passado.

O coordenador do projeto, Vittorio Lanari, disse à Agência Brasil que o plano foi concebido entre 2013 e 2014, com a ideia de resgatar nomes de cidadãos portugueses que foram importantes para a concepção do Estado brasileiro na forma como é hoje. O primeiro homenageado foi Pedro Teixeira, responsável por ampliar as divisas da Amazônia brasileira para além do Tratado de Tordesilhas da época. Seguiu-se o capitão-mor português Martins Soares Moreno, que ajudou a expulsar os franceses e holandeses do Nordeste do país e foi fundador do estado do Ceará. O terceiro é Dom Pedro I, responsável pela Independência do Brasil, “que nós estamos comemorando com um ano de atraso”, afirmou Lanari.

A expedição 200 anos – Os caminhos da Independência do Brasil vai refazer os passos de Dom Pedro, não só em agosto e setembro, quando ele foi do Rio de Janeiro para São Paulo. “A gente começa por Ouro Preto, porque entre março e abril de 1822, Dom Pedro I fez a primeira viagem para o interior do Brasil, a fim de conter uma possível rebelião separatista que podia ocorrer naquela província de Ouro Preto. Esse foi o primeiro passo”, disse o coordenador.

Em maio, ocorreu uma rebelião em São Paulo, devido à morte de alguns militares. “A coisa começou a piorar e aí ele resolveu fazer uma viagem também para aquele estado, com o mesmo motivo, de neutralizar uma possível rebelião, e acabou declarando a Independência”. Segundo o coordenador, “esse é o grande objetivo da expedição: resgatar a memória desses portugueses que foram importantes para o Brasil”.

Novas demandas

Já existem várias demandas de nomes de cidadãos portugueses que agiram em favor do Brasil. Elas procedem do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Centro-Oeste do país. Vittorio Lanari explicou que será feita uma análise histórica do que cada um dos nomes sugeridos tem de importante.

“Acredito que todos estarão na mesma balança, com o mesmo peso, e aí deverá ser por sorteio”. A tendência, porém, é que seja escolhido um nome do Sul brasileiro. Apesar de a região ter colonização europeia, com destaque para alemães e poloneses, tem também uma colônia açoriana muito grande, explicou.

A decisão será dada pelo conselho da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, entidade que idealizou o projeto. A expectativa é que, até o fim do ano, será conhecido o nome do quarto homenageado, quando historiadores iniciarão um trabalho de pesquisa mais aprofundado, examinando os roteiros que foram importantes para aquela pessoa, para que possa ser preparada toda a logística da próxima expedição luso-brasileira. Os patrocinadores são empresários dos dois países.

Livros

A cada expedição, são publicados dois livros diferentes. Um, de cunho didático, conta a história do que ocorreu de forma lúdica e é destinado para crianças e alunos do ensino fundamental. Os livros são doados para a comunidade por meio das secretarias municipais de Educação e bibliotecas públicas. Em algumas cidades, é feita uma performance, contextualizando o livro e a expedição para as crianças do local.

Em uma segunda etapa, é publicado o livro da expedição que, além de abordar a parte histórica do evento, inclui o diário de bordo da comitiva e sua relação com as comunidades por onde passa. A ideia é fazer também um documentário cinematográfico sobre a expedição de Dom Pedro I que, além de proclamar a Independência do Brasil, outorgou a primeira Constituição em 1824.

A terceira jornada tem liderança de Raul Penna, vice-presidente do Conselho Consultivo da Câmara Portuguesa de Minas Gerais, e por Fernando Meira Ribeiro Dias, presidente do Conselho Consultivo da Câmara Portuguesa do estado.

O roteiro histórico com todas as localidades visitadas por D. Pedro inclui Belo Horizonte, Ouro Preto, São João Del Rei, Tiradentes, Fazenda Borda do Campo, Barbacena, Juiz de Fora, Fazenda São Mateus – todas em Minas Gerais – Sebollas, Petrópolis, Rio de Janeiro, Fazenda Imperial de Santa Cruz – no Rio de Janeiro – e Fazenda 3 Barras, em Bananal, Fazenda Pau d’Alho, em São José do Barreiro, Areias, Silveiras, Cachoeira Paulista, Lorena, Guaratinguetá, Aparecida, Pindamonhangaba, Taubaté, Jacareí, Mogi das Cruzes, Santos e São Paulo em São Paulo. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Agência Brasil”

Brasil - Novo estudo da Apex aponta Portugal como “maior destino das exportações” brasileiras no cenário da CPLP

Os países da CPLP apresentam mais de 1400 oportunidades para as exportações brasileiras, segundo estudo


A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) lançou o Perfil CPLP, um estudo que traz análises e informações sobre comércio, questões de acesso a mercado e investimentos entre os países que fazem parte desta Comunidade. O anúncio foi feito durante a XIV Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que teve lugar no último dia 27 de agosto, em São Tomé e Príncipe.

A seguir a publicação dos perfis bloco Mercosul, União Europeia e BRICS, a Inteligência da ApexBrasil lançou esta semana o Perfil CPLP, com informações sobre o cenário do comércio internacional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e os seus nove países-membros.

Comércio exterior

O estudo aponta que entre os desafios a serem superados na relação comercial entre os países da CPLP está a questão da logística para possibilitar “maior circulação de produtos e pessoas”. Outro desafio identificado é a “promoção de uma maior integração de negócios entre os diversos países e ainda a possibilidade da criação de um banco de fomento”.

Hoje, a CPLP é o 14° principal destino das exportações brasileiras, e os dados mostram que “há espaço para crescimento”. O Mapa de Oportunidades da ApexBrasil identificou 1451 oportunidades comerciais para empresas brasileiras nos países-membros da Comunidade, com destaque para óleos brutos de petróleo, tubos de ferro ou aço, produtos laminados, produtos alimentícios e máquinas e equipamentos de transporte.

Exportações brasileiras

As exportações do Brasil para a CPLP ainda concentram-se em bens de menor valor agregado. Óleos brutos de petróleo, soja e milho não moído representam 62% das exportações. Outros produtos com destaque são laminados de ferro ou aço, açúcares, carnes de aves e preparações de carne, que contam com exportações acima de US 100 milhões.

Entre os parceiros comerciais do Brasil na CPLP, Portugal aparece destacadamente como o maior destino das exportações, com participação de 84,3% em 2022, expressivamente maior que o segundo destino, Angola, com 12,6%.

Segundo o Perfil, o comércio brasileiro com a CPLP mostra tendência de crescimento. Entre 2018 e 2022, as exportações brasileiras para os países da Comunidade apresentaram um crescimento médio anual de 26,6%. Para o biénio 2022-2024, é esperado crescimento médio anual de 3,6%.

Importações de países da CPLP

As importações brasileiras provenientes da CPLP também são relativamente concentradas: os cinco principais grupos de produtos representam cerca de 75% da pauta, com destaque para Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos crus (28,8%), Gorduras e óleos vegetais, “soft”, bruto, refinado ou fracionado (17,8%), no segmento de commodities, e no segmento de produtos com maior valor agregado: aeronaves e outros equipamentos, incluindo as suas partes (7,1%), e Bebidas alcoólicas (3,7%).

Em 2022, Portugal foi também a maior origem das importações brasileiras, com participação de 56,3%. Entre os principais produtos estão azeite de oliva e partes e peças de aeronaves, sendo estes últimos devido à operação de subsidiária da Embraer naquele país. Após Portugal, Angola segue como a segunda maior origem de importações, com 43,6%, com, basicamente, Óleos brutos de petróleo.

Entre os principais fornecedores para o mercado brasileiro, os Estados Unidos concorrem com os países da CPLP em Óleos brutos e Óleos combustíveis de petróleo.

Acesso a mercados

Segundo informações de entidades ligadas ao governo do Brasil, “não existe acordo de comércio entre todos os membros da CPLP. Da mesma forma, nenhum dos países da CPLP possui acordo comercial com o Brasil. No entanto, Mercosul e União Europeia concluíram, em 2020, as negociações para a criação de uma área de livre comércio. Atualmente, os textos do acordo estão em fase de revisão jurídica para posterior assinatura e processo de internalização”.

Entre os grupos de produtos mais protegidos, destacam-se alíquotas incidentes nos grupos “bebidas e tabaco” com tarifas variando entre 15,8% e 56,6%, considerando cinco dos noves países analisados. O grupo “vestuário” aparece como um dos mais protegidos em quatro dos nove países analisados, com variação tarifária entre 20% e 35%. Dentre os países da CPLP, Timor-Leste é o que possui menor tarifa simples NMF, média de 2,5%.

Em termos comparativos, a CPLP, como um conjunto, ocuparia a 18ª posição no ranking de stock de investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil em 2021.Entre 2012 e 2015, o stock de IED da CPLP no Brasil teve uma redução, voltando a crescer a partir de 2016. Em 2021, alcançou US 11,9 mil milhões, impulsionado pelo crescimento do stock de IED português no país.

Pela ótica do número de empresas que operam no Brasil, houve um aumento significativo da quantidade de empresas portuguesas entre 2010 e 2020, com redução do número de empresas angolanas. Além destes, entre os membros da CPLP, apenas Cabo Verde tem empresa operando no Brasil. No total, o número de empresas de países da CPLP que atuavam no país em 2020 era de 796.

Na perspectiva dos investimentos greenfield anunciados, destacam-se os vários investimentos da EDP (Portugal) no Brasil entre os quais a fábrica de hidrogênio verde em São Gonçalo do Amarante-CE (2022), e a abertura do Data Center da Angola Cables em Fortaleza-CE, em 2023.

Quanto aos investimentos do Brasil em países da CPLP, o stock de IED brasileiro cresceu 38% entre 2020 e 2021, registando US 6,97 mil milhões em 2021, distribuídos entre Portugal (US 5,6 mil milhões), Angola (US 1,2 mil milhões), Moçambique (US 68,4 milhões) e Guiné Equatorial (US 39,5 milhões).

Em termos comparativos, o conjunto dos países da CPLP ficaria na 13ª posição no ranking de destino do stock de IED brasileiro em 2021. Essa posição já chegou a ser a décima entre 2012 e 2013.

Na perspectiva dos investimentos greenfield anunciados, destacam-se o anúncio da fábrica de motores elétricos da WEG em Santo Tirso, Portugal, estimada em US 27 milhões em 2022; a abertura da sede regional da TV Miramar (Record) em Maputo, Moçambique em 2023, estimada em US 65 milhões, e a sede regional da Transdata em Luanda, Angola em 2023, estimada em US 27 milhões.

“Os estudos Perfil País oferecem visão panorâmica e análises sucintas sobre os principais mercados mundiais, permitindo às empresas brasileiras rápido acesso aos aspetos mais relevantes para comércio e investimentos. Estão disponíveis informações como oportunidades para negócios brasileiros no país, macroeconomia, balança comercial, principais concorrentes e fornecedores, governança, investimentos e acordos em comércio internacional, entre outras”, informou a ApexBrasil.

Aposta da FUNCEX Europa

Em maio deste ano, a nossa reportagem revelou que o espaço económico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai contar com o maior banco de dados de comércio exterior alguma vez já produzido. Foi o que assegurou, na altura, Higor Ferro Esteves, diretor geral da FUNCEX Europa, entidade localizada em Portugal, e que serve de base de atuação, no velho continente e na África, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior – FUNCEX, com sede no Brasil. Nelma Fernandes, presidente da Confederação Empresarial da CPLP (CE-CPLP), é uma das impulsionadoras desta solução que promete dar “maior qualidade” às conexões comerciais das nações lusófonas.

O projeto foi anunciado no último dia 24 de abril em Lisboa, durante um evento que discutiu as “Relações Comerciais – Brasil – CPLP” e que foi organizado pela FUNCEX, em parceria com a CE-CPLP e o banco português Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras. Esta iniciativa decorreu no âmbito da Cimeira Luso-Brasileira e teve como intuito “fortalecer as relações comerciais e de cooperação entre o Brasil e a CPLP”.

Segundo apurámos, o banco de dados vai surgir fruto de um protocolo assinado entre a FUNCEX e a CPLP e vai possibilitar cruzar os dados comerciais dos nove países aderentes à CPLP. A ideia é fomentar o comércio dos Estados-membro da CPLP entre si e com outros países.

António Pinheiro, presidente da FUNCEX, disse que a parceria com a Confederação Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa é “fundamental” no processo de internacionalização da Fundação que preside e que um dos objetivos da entidade é “estabelecer conexões ainda mais profundas com a CPLP, tendo como parceira fundamental a CE-CPLP, uma organização fundada em Lisboa em 2004 e que visa incentivar a cooperação económica entre os Estados-membros com foco nos seis espaços económicos onde estão inseridos”.

Entenda a CPLP

A CPLP destaca-se por ser um foro multilateral de cooperação entre os países de língua portuguesa, integrado por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor-Leste. Criado em 1996, o grupo procura “fomentar a concertação política entre os seus membros, a cooperação em todos os domínios e a difusão da língua portuguesa”.

O ponto de partida para a formação da CPLP foi a língua portuguesa e o seu significado como herança cultural partilhada. A partir destes laços culturais, os países membros articularam crescente cooperação multitemática, na qual as questões económicas ganham crescente importância. In “Mundo Lusíada” - Brasil


segunda-feira, 28 de agosto de 2023

São Tomé e Príncipe - Os pontos mais relevantes da Declaração Final da Cimeira da CPLP

São Tomé – A recondução de Zacarias da Costa no cargo Secretário Executivo da CPLP, a aprovação de Paraguai como novo observador da organização, a escolha da Guiné-Bissau para próxima conferência, são dentre outros pontos relevantes na Declaração Final da 14ª Cimeira da CPLP, domingo em São Tomé e Príncipe que recebeu nota positiva pela qualidade na organização do evento.


De acordo com a declaração final os chefes dos Estado e de governo da CPLP “felicitaram as autoridades santomenses pela excelente organização e expressaram o seu agradecimento pelo acolhimento e pela hospitalidade dispensada a todos os participantes na XIV Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP”.

“Saudaram a escolha do lema (Juventude e Sustentabilidade na CPLP) para a XIV Conferência de Chefes de Estado e de Governo e comprometeram-se a promover o diálogo político, a troca de experiências e a cooperação com vista a elevar as realizações da CPLP em todas as áreas; setores de educação e do emprego”, – lê-se no documento.

Nesta declaração de São Tomé, os líderes da CPLP “felicitaram a presidência cessante de Angola da CPLP pela condução dos trabalhos da Organização com vista ao alcance dos objetivos preconizados, em particular a consolidação da cooperação económica e empresarial entre os Estados-Membros da CPLP”.

O documento acrescenta que os líderes da CPLP “saudaram a disponibilidade da República da Guiné-Bissau para acolher a XV Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em 2025, diz o documento, sublinhando que “reconduziram, com satisfação, o Secretário Executivo da CPLP, Dr. Zacarias Albano da Costa, indicado pela República Democrática de Timor-Leste, para o segundo mandato (2023-2024)”.

Decidiram ainda “aprovar concessão da categoria de Observador Associado da CPLP à República do Paraguai, reiterando a importância do reforço da cooperação e das parcerias com os Observadores Associados para a projeção internacional da Organização e a difusão da Língua Portuguesa”.

Além de reafirmarem “apoio à aspiração do Brasil de ocupar um assento permanente no Conselho Segurança das Nações Unidas, ampliado, o Chefes de Estado da CPLP “felicitaram a Guiné Equatorial pela abolição da pena de morte, com a entrada em vigor do novo Código Penal em novembro de 2022”.

Os líderes da CPLP reafirmaram o empenho na projeção internacional da CPLP através da apresentação de candidaturas dos seus Estados-Membros a cargos e funções em organizações multilaterais bem como o compromisso com a defesa e a promoção dos direitos humanos no âmbito da CPLP, enquanto pilares da dignidade humana e do bem-estar das populações dos Estados Membros.

Os chefes de Estado “reconheceram a necessidade de reformar a governança do Fundo Global para o Meio Ambiente, de modo a assegurar plena participação dos países em desenvolvimento”

Por outro lado, “reconheceram a importância de empresas e organizações que trabalham na transição para uma economia azul sustentável e no alcançar do ODS 14 da Agenda 2030 da ONU, e, por conseguinte, da importância da segunda edição do Sustainable Blue Economy Investment Forum (II SBEIF), a ter lugar no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, no dia 4 de outubro de 2023”.

Diz o documento que os líderes “sublinharam que a crise climática e ambiental representa um dos mais relevantes desafios globais da humanidade para o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e da Agenda Africana de Desenvolvimento 2063, e que os seus impactos atingem de forma desigual e com maior severidade as populações mais vulneráveis, nomeadamente nos países em desenvolvimento, incluindo os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento;

“Reafirmaram que a urgente necessidade de contribuir para a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, se mantém como o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável”, – lê-se no documento.

No plano regional, o documento diz que “condenaram o golpe de Estado de 26 de julho no Níger e manifestaram o seu total apoio à União Africana e à CEDEAO nos seus esforços de resolução da crise e da restauração da ordem constitucional, privilegiando o uso de meios pacíficos”.

Do âmbito internacional, a declaração final sublinha que os Chefes de Estado e do governo da CPLP “expressaram profunda preocupação com o conflito em curso na Ucrânia, e apelaram à retoma do caminho da paz e das relações pacíficas entre os Estados”.

Composta por 64 pontos em 17 páginas, a declaração final da Cimeira da CPLP em São Tomé, contou com assinaturas dos sete Chefe de Estados presentes no evento, nomeadamente, Carlos Vila Nova de São Tomé e Príncipe, João Lourenço de Angola, José Maria Neves de Cabo-Verde, Lula da Silva de Brasil, Sissoco Embaló da Guiné-Bissau, Teodoro Nguema da Guiné-Equatorial e Marcelo Rebelo de Sousa de Portugal.

Assinaram ainda o documento, a Presidente do Parlamento de Timor-Leste, Maria Fernanda Lay, e três Primeiros-ministros, nomeadamente, António Costa de Portugal, Ulisses Correia e Silva de Cabo-Verde e Patrice Trovoada de São Tomé e Príncipe bem como o Ministro da Ciência de Moçambique, Daniel Nivagara. Ricardo Neto - São Tomé e Príncipe in “STP-Press”


Timor-Leste - Líder da oposição critica decisão de Myanmar e reafirma defesa de princípios

O líder do maior partido da oposição timorense, a Fretilin, criticou a decisão “extrema” da junta militar de Myanmar expulsar o encarregado de negócios de Timor-Leste, vincando que toda a liderança é consistente na defesa dos mesmos princípios

“A questão da junta militar não participar nas reuniões da ASEAN demonstra que é a junta que está a excluir Myanmar da ASEAN e por isso mesmo a nossa posição é coerente”, disse à Lusa o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri.

“Queremos ser membro da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) mas não queremos trair os valores e princípios pelo que lutamos, a afirmação de liberdade, paz, democracia e respeito pelo Estado de direito e pelos direitos universalmente reconhecidos”, considerou.

Alkatiri, contactado telefonicamente em Lisboa, onde se encontra em visita, reagia à decisão da junta militar do Myanmar ordenar a expulsão do encarregado de negócios de Timor-Leste, em protesto com posições recentes das autoridades timorenses sobre aquele país.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros em nome do Governo da República da União de Myanmar pede ao encarregado de negócios da embaixada da República Democrática de Timor-Leste, senhor Avelino Fernandes Ximenes Pereira, para deixar o Myanmar o mais tardar até 1 de Setembro”, refere-se numa nota da diplomacia daquele país a que a Lusa teve acesso.

Na nota de duas páginas, a junta militar aponta o que considera ser vários atos cometidos pelas autoridades timorenses, incluindo referências à situação no país pelo Presidente da República timorense, José Ramos-Horta.

Alude ainda a declarações do primeiro-ministro Xanana Gusmão que a 03 de agosto disse que Timor-Leste poderia não aderir à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) se o organismo regional for incapaz de encontrar uma solução para o conflito no Myanmar. “Enquanto for primeiro-ministro não entra na ASEAN se a ASEAN não convence a junta militar, se não encontrar uma solução. Somos uma democracia. Podemos ter problemas, mas não há golpes de Estado, há respeito pelas eleições presidenciais e parlamentar, mostrando ao mundo que nós temos uma cultura democrática”, disse Xanana Gusmão na altura.

Esses comentários levaram o Governo de Myanmar a convocar o encarregado de negócios, para um voto de protesto a 15 de Agosto. “As declarações imprudentes e irresponsáveis do primeiro-ministro não são apenas prejudiciais par a manutenção das relações bilaterais entre Myanmar e Timor-Leste, mas também negligenciam de forma grosseira os contínuos ataques violentos do grupo terrorista chamado de Governo de Unidade Nacional (NUG)”, refere a nota datada de 25 de Agosto.

Mari Alkatiri disse que a posição de Timor-Leste demonstra coerência e respeito pelos “princípios e valores e convenções internacionais que o país ratificou”, considerando a decisão de expulsão uma “posição extrema”. E considera que a decisão de expulsão “só veio comprovar que o regime não entendeu a posição de Timor-Leste, expressa pelo primeiro-ministro”.

O líder da Fretilin disse que Timor-Leste mantém, há décadas, a vontade de ser membro da ASEAN – organização regional de que Myanmar faz parte e onde Timor-Leste tem estatuto de observador – e que todos devem compreender a posição do país, vincada na sua própria história.

“Nós, os líderes de liberação nacional, viemos de uma luta muito difícil, mas conseguimos rapidamente entender-nos com o Governo indonésio, reconciliamo-nos com a Indonésia, depois deste prolongado conflito de 24 anos demonstramos sentido de Estado”, afirmou. “Isso foi uma demonstração de coerência e consistência do nosso lado de que questões do passado, ainda que pendentes, não são de conflito e problemas. E acho que toda a ASEAN deve compreender isso”, afirmou. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”