Fruto da sua residência artística na Fundação Oriente, a
designer Clara Brito concebeu em parceria com outros artistas locais uma
exposição que recorre ao desenho, colagem e caligrafia chinesa para explorar
“sentimentos interiores” e promover a literacia emocional, pegando ainda em
diferentes formas de artesanato tradicional do Delta do Rio das Pérolas
Em
colaboração com outros artistas locais, a exposição de artes visuais de Clara
Brito “She Left Her Body” poderá ser visitada na Casa Garden a partir de 23 de
Setembro. Com o objectivo de promover a literacia emocional, a exposição
apresenta obras bidimensionais, com recurso a um conjunto de técnicas que vão
desde o desenho, colagem, caligrafia chinesa e ‘lase’, bem como peças
tridimensionais para serem usadas em instalações e espectáculos, indicou a nota
da organização. O processo de colaboração entre Clara Brito, curadora e artista
principal, e Elsa Lei Pui Mio, designer de luz, Lora Lo Iok Iong, designer de
moda, e Mandy Cheuk, maquilhadora, resultou numa uma exposição de artes visuais
sobre “emoções, sentimentos interiores e comportamentos, que utiliza diferentes
formas de artesanato tradicional desta parte do mundo”.
A
exposição é organizada pela Associação Cultural +853 e pela Fundação Oriente,
na sequência da actual residência artística da designer, e conta ainda com o
apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura, da Casa de Portugal em Macau, do
Centro de Produtividade de Transferência de Tecnologia de Macau, da Faculdade
de Gestão da Universidade da Cidade de Macau, e da Livraria Portuguesa.
A
ideia nasceu em 2021, fruto de uma experiência própria de Clara Brito. “Estava
a fazer leituras e a escrever sobre uma fase da minha vida em que estava
bastante infeliz, e as emoções que conseguia visualizar nesses momentos
assemelhavam-se quase a um sentimento que eu tinha saído do meu corpo, para
poder sair daquele momento e desligar as minhas emoções”, recorda. Em
Psicologia, a artista aprendeu que isso se chama dissociação, um termo usado
para identificar a sensação em que se abandona o corpo para ultrapassar
situações muito desafiadoras. Isso levou-a a este projecto, que visa informar
as pessoas sobre literacia emocional para “permitir que os outros tenham uma
vida melhor”.
Tomando
como base a utilização de materiais de artesanato tradicional da região, Clara
Brito explicou que aproveitou a oportunidade da exposição para “fazer uma
pesquisa mais aprofundada desses materiais e utilizá-los como ferramenta
mediática para fazer um trabalho artístico e explorar esses conceitos”.
A
exposição “She Left Her Body” está sob a alçada do projecto “Tomorrow’s
Heritage”: co-criado por uma comunidade de criativos, investigadores, designers
e indústrias tradicionais de artesanato e têxteis sediadas na área da Grande
Baía e nos Países de Língua Portuguesa, “Tomorrow’s Heritage” tem como
objectivo “especular, investigar e documentar, nestes diferentes cantos do
mundo, as crenças culturais vivas e os padrões de comportamento dos seus
cidadãos e do seu património cultural secular de artesanato e indústria
têxtil”.
O
objectivo é de “não só documentar e mapear as indústrias tradicionais de Macau
e do Sul da China – que são alguns dos materiais que tenho trabalhado ao longo
do meu trabalho como designer nos últimos 20 anos – mas também explorar e
documentar as indústrias tradicionais de Portugal e dos Países de Língua
Portuguesa, e usar essas pesquisas e esses materiais numa abordagem mais
contemporânea”, explica.
Fundada
em 2006, a Associação Cultural +853 tem desenvolvido, todos os anos, projectos
criativos e culturais em Macau, indicou a associação em nota. Desde 2010, começou a desenvolver projectos
culturais e criativos com Portugal. Em 2015 “deu os primeiros passos para
exportar o património histórico cultural de Macau para as cidades mais
relevantes do Delta do Rio das Pérolas”. No seu portefólio de experiências, a
Associação Cultural +853 organizou o “This Is My City”, um festival que
acontece anualmente, desde 2006, e a exposição de fotografia “Língua Franca”,
organizada em 2019 em cooperação com o Instituto Cultural de Macau. Em 2020,
organizou também a exposição “Outros Portos – Outros Olhares” na galeria dos
Maus Hábitos na cidade do Porto em Portugal. Rita Gonçalves – Macau in “Ponto
Final”
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