Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Japão - Nagasaki pede abolição de armas nucleares mesmo para efeitos de dissuasão

As autoridades de Nagasaki aproveitaram ontem o 78.º aniversário do bombardeamento atómico da cidade japonesa pelos Estados Unidos para exortar as potências mundiais a abolir as armas nucleares, mesmo para efeitos de dissuasão. O apelo foi feito depois de o grupo das sete potências industriais (G7) ter adoptado, em Maio, um documento sobre o desarmamento nuclear que apelava para utilização das armas nucleares como meio de dissuasão. O Japão integra o G7, juntamente com Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido. “Enquanto os Estados dependerem da dissuasão nuclear, não poderemos construir um mundo sem armas nucleares”, afirmou o presidente da câmara de Nagasaki, Shiro Suzuki, citado pela agência norte-americana AP.

A ameaça nuclear da Rússia encorajou outros países a acelerar ou a aumentar as capacidades nucleares, elevando ainda mais o risco de uma guerra nuclear, disse Suzuki. Desde que invadiram a Ucrânia, em 24 de Fevereiro de 2022, as autoridades russas têm avisado o Ocidente de que um envolvimento no conflito pode levar a uma guerra nuclear. Os Estados Unidos lançaram a primeira bomba atómica do mundo sobre a cidade japonesa de Hiroshima em 6 de Agosto de 1945, destruindo a cidade e matando 140 mil pessoas. Três dias depois, um segundo ataque contra Nagasaki matou mais 70 mil pessoas. O Japão rendeu-se seis dias depois, em 15 de Agosto, pondo fim à Segunda Guerra Mundial e a quase meio século de agressão na Ásia.

Às 11:02 locais, no momento em que a bomba explodiu sobre a cidade do sul do Japão, os participantes na cerimónia ontem realizada por ocasião da efeméride guardaram um momento de silêncio com o som de um sino da paz. Suzuki manifestou a preocupação dos sobreviventes com o facto de a tragédia ser esquecida à medida que o tempo passa e as memórias se desvanecem. A preocupação aumentou depois de uma reação generalizada de indignação no Japão às publicações nas redes sociais sobre “Barbenheimer”, uma combinação dos títulos dos filmes “Barbie” e “Oppenheimer”, lançados no Verão. A associação da boneca a J. Robert Oppenheimer, que ajudou a desenvolver a bomba atómica, foi vista por muitos japoneses como uma forma de minimizar o número de vítimas dos bombardeamentos. Shiro Suzuki, cujos pais eram ‘hibakusha’ (pessoas afectadas pela explosão), disse que os testemunhos dos sobreviventes são uma verdadeira dissuasão do uso de armas nucleares. Numa mensagem vídeo, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, reconheceu que o caminho para um mundo sem armas nucleares se tornou mais difícil devido ao aumento das tensões e dos conflitos, incluindo a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Kishida, que representa Hiroshima no parlamento, irritou os sobreviventes por justificar a posse de armas nucleares para fins de dissuasão e por se recusar a assinar o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares. Suzuki exigiu a aprovação rápida do tratado “para mostrar claramente a determinação do Japão em abolir as armas nucleares”, apesar das tensões provocadas pela China e Coreia do Norte. In “Ponto Final” - Macau

 

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