O Presidente timorense condecorou ontem o escritor Luís Cardoso com o Colar da Ordem de Timor-Leste, em reconhecimento pelo seu trabalho literário e pelo papel que teve durante a luta pela autodeterminação do país
José
Ramos-Horta destacou o “privilégio e o prazer de trazer de volta a Timor-Leste,
à sua terra natal, o grande escritor timorense ‘Takas’”, que comparou com “Mia
Couto, o Pepetela e outros grandes escritores de Cabo Verde, Brasil e
Portugal”.
“’Takas’
orgulha-nos e enriquece a cultura e a literatura timorense. Temos procurado
incentivar a leitura e através do escritor ‘Takas’ queremos também tentar
incentivar ainda mais a leitura entre os nossos jovens”, destacou.
Intervindo
na cerimónia, Luís Cardoso, conhecido como ‘Takas’, expressou o seu profundo
agradecimento pela condecoração, admitindo que o momento o deixou
“profundamente emocionado”, especialmente por considerar que o seu contributo
ao país tem sido apenas literário.
“Um
prémio literário acontece na vida de um escritor quando se acredita no valor e
qualidade do seu trabalho. Uma condecoração é algo que o Estado concede aos
seus cidadãos por serviços relevantes”, afirmou. “Não tenho feito nenhum
trabalho relevante pelo meu país durante estes 20 anos, a não ser prestar o meu
contributo para a existência de uma literatura timorense”, disse.
Luís
Cardoso deixou agradecimentos aos pais, que lhe deram “uma educação dedicada,
apesar de todos os esforços”, à mulher e à filha, que o acompanharam nesta
visita ao país, e em especial aos professores. “Aceito esta condecoração como
homenagem aos meus professores timorenses que me ensinaram a ler e a escrever”,
afirmou, recordando depois, por nome, os seus ‘mestres’, nas escolas onde
estudou na ilha de Ataúro, em Soibada, em Fuiloro. E depois deixou um apelo,
mostrando-se otimista que a literatura timorense possa expandir-se e crescer.
“Juntos engrandecemos a literatura do nosso país. Timor tem um povo
extraordinário, tem uma história extraordinária, uma liderança extraordinária
que conduziu o povo à independência, tem uma literatura oral extraordinária.
Acredito que mais cedo ou mais tarde teremos também escritores extraordinários
em Timor-Leste”, afirmou.
No
decreto de condecoração, o chefe de Estado recorda, além do trabalho literário,
o papel de Luís Cardoso durante a luta pela independência, período em que
exerceu funções de representação do Conselho Nacional da Resistência Maubere
(CNRM) em Portugal, quando trabalhou diretamente, entre outros, com o próprio
Ramos-Horta.
A
condecoração foi entregue numa cerimónia no Palácio Presidencial que marca a
primeira visita de Cardoso a Timor-Leste em quase uma década e durante a qual o
vencedor do Prémio Oceanos visitará várias regiões do país. In “Ponto
Final” – Macau com “Lusa”
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