Vem aí o 12.º Festival Literário de Macau: entre os dias 6 e 15 de Outubro, Macau vai acolher os autores Francisco José Viegas, Valério Romão e Yara Monteiro, depois de três anos sem um programa internacional. No dia 14 de Outubro, a ópera samba “Samba de Guerrilha”, de Luca Argel, vai ser apresentada no Teatro Broadway, e o festival contará ainda com as habituais apresentações de livros de autores locais, exposições, projecções de filmes, e ainda com homenagens póstumas a Luís de Camões, Henrique de Senna Fernandes, Pablo Neruda, W’H Auden e J.R.R. Tolkien
Entre
os dias 6 e 15 de Outubro, a cidade volta a abraçar a literatura lusófona e não
só, com mais um Festival Literário de Macau. Na sua 12ª edição, há três anos
que o Rota das Letras não acolhia artistas internacionais. A ópera samba do
brasileiro Luca Argel é o espectáculo de destaque: “Samba de Guerrilha –
História do Brasil em três actos” subirá ao palco do Teatro Broadway a 14 de
Outubro, com legendas em chinês e inglês. Os bilhetes já se encontram à venda.
A
organização do festival revelou os primeiros nomes de escritores lusófonos que
vêm a Macau: Francisco José Viegas,
Valério Romão e Yara Monteiro. Estes e outros escritores vão participar em
diversas palestras que este ano irão decorrer maioritariamente na Casa Garden e
na Livraria Portuguesa. A programação do Festival Literário incluirá ainda
diversos eventos de lançamento de livros de autores locais, projecções de
filmes, e exposições, num programa que será divulgado nos próximos meses,
indicou a organização.
Como
habitualmente, o festival também vai celebrar escritores conceituados do
passado: Luís de Camões, Henrique de
Senna Fernandes, Pablo Neruda, W’H Auden e J.R.R. Tolkien são os autores de
relevo na edição deste ano. O festival vai celebrar o 500.º aniversário do
nascimento do maior poeta português, Luís de Camões, o autor da obra épica ‘Os
Lusíadas’, que foi parcialmente escrita em Macau. Henrique de Senna Fernandes,
respeitado escritor macaense e contador de histórias do Macau antigo, como na célebre
obra “A Trança Feiticeira”, completaria 100 anos de idade no dia 15 de Outubro,
data em que o festival também encerra. O legado de Pablo Neruda, W’H Auden e
J.R.R. Tolkien, três escritores e poetas que coincidentemente faleceram há 50
anos, também será assinalado no Rota das Letras.
Ópera samba
Música,
história e imagem irão conjugar-se em cena para contar a História do Brasil, e
a luta das populações negras e periféricas em busca de reconhecimento, direitos
e dignidade. O espectáculo conta com a narração de Nádia Yracema, cenografia
multimédia desenhada em tempo real por António Jorge Gonçalves, e música a
cargo de Luca Argel e a sua banda, que estarão no palco do Teatro Broadway no
próximo dia 14 de Outubro. Com bilhetes já à venda, e com descontos “early-bird”,
“Samba de Guerrilha – História do Brasil em três actos”, de Luca Argel, funde
música e literatura.
O
espectáculo criado pelo artista carioca radicado no Porto, é “uma ópera-samba” dividida em três actos:
composto por versões de clássicos do samba, que se revelam um “interessante
instrumento de pesquisa histórica”, “Samba de Guerrilha” parte da premissa de
demonstrar como “as velhas questões dos tempos coloniais e dos primeiros anos
do Brasil enquanto nação, em especial a escravatura, continuam, ainda hoje, a
condicionar a vida de milhões de pessoas, sob a forma de racismo, pobreza e
todo o tipo de discriminação social”, indicou a organização em nota.
O
primeiro acto começa com o “Samba do Operário, tema escrito pelo mítico Cartola
em parceria com um português de Alfama, chamado Alfredo, que se estabeleceu no
morro da Mangueira em fuga à ditadura de Salazar”. Cada canção é antecedida por uma narração que
faz a contextualização histórica e social de cada momento. “O contraste entre a
voz que canta, de um homem branco e brasileiro, e a que conta, de uma mulher
negra e africana, é bastante simbólico”, destacou a organização. O segundo acto
recorda a abolição da escravatura, mas os dois “jongos” (estilo musical
anterior ao samba) que se seguem demonstram “como tudo ficou quase igual, ou
pior, levando ao êxodo para as grandes cidades, onde a marginalização continuou,
como se percebe ao ouvir ‘Direito de Sambar’ ou ‘Agoniza mas Não Morre’”. No
terceiro acto, os espectadores são introduzidos a João Cândido, marinheiro
negro que, em 1910, liderou a Revolta da Chibata contra os castigos físicos
ainda em vigência na armada. O “almirante negro” ficaria imortalizado no samba
com o mesmo nome, samba proibido na altura pela censura, por a patente de
almirante não poder ser associada à palavra negro.
Luca
Argel nasceu em 1988 no Rio de Janeiro, Brasil, e é licenciado em música pela
UNIRIO e mestre em Literatura pela Universidade do Porto. Tem livros de poesia
publicados no Brasil, Espanha e Portugal, um dos quais foi semi-finalista do
Prémio Oceanos 2017. Entre o trabalho como vocalista e compositor, seja em
projectos colectivos ou bandas sonoras para cinema e dança, e a assinatura de
programas de rádio dedicados à música brasileira, tem vindo a desenvolver a sua
carreira a solo a um ritmo consistente e crescente, com êxitos como “Samba de
Guerrilha” e “Anos Doze”.
António
Jorge Gonçalves é um autor português de banda desenhada, cartoonista, performer
visual, ilustrador, cenógrafo e professor. É autor de várias obras de desenho
gráfico, e tem colaborado com vários escritores como Rui Zink, Ondjaki ou Mário
de Carvalho na criação de livros onde texto e imagem se relacionam de forma
exploratória. Recebeu em 2013 o Prémio Nacional de Ilustração em Portugal pelo
livro “Uma escuridão bonita”, com Ondjaki. Fez cenografia e figurinos para
várias peças de teatro. Através do método de Desenho Digital em Tempo Real e da
manipulação de objectos em Transparency Overhead Projetor, tem criado
espectáculos com músicos, actores e bailarinos. Recentemente, escreveu e
realizou o filme/espectáculo “Lisboa quem és tu?” para ser projectado nas paredes
do Castelo de São Jorge em Lisboa.
Nádia
Yracema nasceu em Luanda, Angola. Começou a aprender e a representar com o
Teatro Universitário de Coimbra, concluindo a sua formação no ano lectivo de
2007/2008, enquanto frequentava a licenciatura em Direito na Universidade de
Coimbra. Ingressou no curso de representação da Escola Superior de Teatro e
Cinema de Lisboa em 2012. Rita Gonçalves – Macau in “Ponto
Final”
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