O
ministro das Relações Exteriores equato-guineense, Simeón Esono Angue, apelou aos
empresários portugueses e do resto da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) para investirem no país, ajudando-o a diminuir a dependência
do petróleo.
Com
1,3 milhões de habitantes, a Guiné Equatorial é um dos principais produtores de
petróleo de África, tem o maior rendimento per capita do continente, mas o
Estado vive somente das receitas do setor, pelo que tem em curso um programa —
Horizonte 2035 — para diversificar a economia.
O
governo da Guiné Equatorial concebeu um programa de desenvolvimento e de
construção até 2035, estamos abertos para que venham investimentos portugueses
e brasileiros, de todo o mundo, para a sua efetivação”, afirmou Simeón Esono
Angue, em entrevista à Lusa, à margem da cimeira da CPLP, que decorreu em São
Tomé.
Esse
foi o tema da sua intervenção no conselho de ministros da organização, na
sexta-feira, recordou.
“No
meu discurso, falei que a Guiné Equatorial está a trabalhar para a
diversificação económica do país. Estamos abertos para receber empresários
portugueses, brasileiros, são-tomenses, de todo o mundo, para atingirmos os
nossos objetivos de desenvolvimento”, acrescentou o governante, salientando que
o seu país está também preocupado com a pirataria no Golfo da Guiné, que afeta
as rotas marítimas mercantes.
Portugal
e agora o Brasil têm navios empenhados na vigilância dessas águas, com
operações a partir de São Tomé e Príncipe.
“O
tema da pirataria marítima é um tema global e temos de trabalhar juntos. Não é
um tema que só um país deve enfrentar. Um problema global necessita de soluções
globais”, salientou o governante.
A
CPLP, que integra Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, realizou a 14.ª
conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, no passado
domingo, sob o lema “Juventude e Sustentabilidade”.
Cooperação económica
Já
o secretário para África do Ministério das Relações Exteriores do Brasil
afirmou que o país quer estender às empresas o pilar económico proposto por
Angola para a CPLP.
Carlos
Duarte, secretário para África e do Médio Oriente do Ministério das Relações
Exteriores brasileiro, afirmou que o pilar económico proposto pela Presidência
cessante (Angola) deve incluir também empresas e não apenas parcerias
económicas dos estados.
Segundo
o diplomata, “África também é uma região em evolução em desenvolvimento e essa
vertente económica e empresarial é algo que é muito forte no âmbito do
continente” e, mesmo dentro da CPLP, “há um potencial de cooperação e de
atuação nessas áreas que é muito expressivo”.
“Já
há uma cooperação na área, por exemplo, aduaneira e na área de bancos centrais”,
mas esse é o “embrião de uma cooperação económica” que se pode “desenvolver
mais para o lado empresarial”, afirmou à Lusa, dando o exemplo da visita a
Angola, com 150 empresários brasileiros.
“É
claro que, com o caso com Angola, o Brasil tem uma relação económica já
bastante forte, mas com os demais países de expressão portuguesa isso também
pode ocorrer”, aproveitando o “efeito catalisador da língua portuguesa” que
favorece “não apenas grandes empresas, mas também pequeno e micro empresário,
aquele que desenvolve certo tipo de bem ou de serviço que pode ser facilmente
reproduzido noutros países, ainda mais com a mesma expressão linguística”.
O
fato de cada país da CPLP estar inserido em regiões económicas autónomas e com
tendência para desenvolver projetos de livre-comércio pode ser visto como uma
oportunidade porque a instalação de uma empresa lusófona noutro país “tem um
mercado muito maior e mais global”.
Alguns
países já anunciaram fortes investimentos nos próximos anos do setor do
petróleo e diversificação económica, como é o caso dos futuros leilões de poços
em Angola, e Carlos Duarte considera que o Brasil tem condições para aproveitar
essas oportunidades de investimento.
“As
empresas brasileiras, em termos de construção civil ou de participação no setor
de petróleo e gás, são competitivas. São empresas que têm um conhecimento
técnico e uma experiência” e “devem ser levadas em conta dentro dos critérios”
dos concursos públicos de investimento nos países da CPLP.
No
seu entender, “as oportunidades que existem hoje na África são muito
significativas. É um continente jovem, é um continente que tem um potencial de
crescimento muito grande e o Brasil tem tecnologias e atividades empresariais”
que podem ser úteis. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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