O grupo de teatro LusoScena, do Centro Português de Caracas, venceu o primeiro prémio no XXX Festival de Teatro Interclubes da Venezuela, que reuniu 11 agrupamentos, várias delas de comunidades estrangeiras radicadas no país, anunciou hoje a instituição
“Nós
ganhámos prémios, especialmente o 1.º prémio no Festival de Teatro Interclubes
e fomos nomeados em quase todas as categorias, sobretudo nas de atores e
atrizes. Também ganhámos um prémio pela música que tem um papel importante no
ritmo desta peça”, disse Armando Andrés González.
A
peça, Máquina da Felicidade, explicou, aborda “uns avós que estão cansados de
viver num lar onde chega um personagem que os encoraja a viver de novo,
ajudando-os a fazer ressurgir a alegria de viver”.
“Na
peça, os homens interpretam as mulheres e as mulheres interpretam os homens,
porque a peça tem um tom ‘de farsa’. Isso realça a comédia e distancia os
factos da realidade para que o público se possa identificar de uma forma mais
amena”, disse.
Segundo
Armando González, “os atores conseguiram fazer a interpretação muito bem,
porque em modo de farsa brincaram com os clichés não apenas do outro sexo, mas
da idade de cada uma das personagens”.
“Esta
peça é uma farsa divertida, contemporânea, escrita por um dramaturgo
venezuelano (Daniel Dannery) para um grupo de teatro muito parecido com o
LusoScena, estável, de adultos que fazem teatro com muita experiência”, disse.
Por
outro lado, sublinhou o apoio recebido do Centro Português, “o nosso produtor executivo,
a nossa casa, o nosso apoio”. Agora, “queremos chegar a Portugal para
apresentar a nossa peça”.
Há
16 anos no LusoScena, o luso-venezuelano Mike Suárez Ferreira, ganhou o prémio
de “melhor ator caraterístico”.
Em
declarações à Lusa, explicou que “foi a primeira vez que interpretou uma
mulher”, uma experiência que descreveu como “muito divertida”.
“Nós
brincamos muito nos ensaios e ao fazer a apresentação. Eu fiz de uma velhota
galega que gostava de dançar (…) É difícil fazer uma personagem de outro
género, ser homem e fazer de mulher, ter de adaptar a voz, para um tom mais
agudo, mais de mulher”, explicou.
Além
disso, disse, teve de “manter o sotaque galego”, que foi facilitado porque
tinha também avós galegos e na personagem “via a avó”.
Sobre
a preparação, explicou que durante mais de dois meses ensaiaram três vezes por
semana, e quatro vezes nas últimas duas semanas, um trabalho que compensou, já
que “o público ficou emocionadíssimo, gostou muitíssimo do espetáculo”.
Ao
ser “uma farsa”, disse, “não ter conhecido a vida das mulheres e homens anciãos
com profundidade”, mas que a peça deixa a mensagem de que “quer sejamos
crianças ou velhotes temos de viver a vida como se for o último dia”.
A
jornalista e atriz Mayra Chirino, explicou à Lusa que interpretou o papel de
Salvador Cox, um ancião que chega ao lar para mudar tudo o que faziam os avós
que lá vivem, para os motivar, e passar-lhe a ideia de que não há que esperar
que o tempo passe, que o fim chegue, que ainda há oportunidades para viver,
para brincar, e os incita a recriar as suas fantasias de infância.
“Eu
olho sempre para as personagens do ponto de vista da mensagem que me deixam, e
a mensagem do Salvador Cox é muito forte, quando diz aos outros que se
concentrem no que lhes faz feliz, que o tempo está a correr muito depressa. Que
a única coisa má da vida é que é muito curta e não a estamos a aproveitar”,
explicou.
Por
outro lado, explicou que foi “complicado, mas divertido”, envolveu desafios
como o de mudar a voz para uma “mais grossa” (de homem) e ter de estudar as
posições dos homens, a forma como ficam de pé, como abrem as pernas, para
tentar recriar isso.
O
XXX Festival de Teatro Interclubes decorreu no “Hogar Canário Venezolano” e
neles participaram o Centro Asturiano de Caracas, o Centro Social
Ítalo-Venezuelano de Valência, o Clube Campestre Pão de Açúcar, o Centro
Catalão, o Centro Português, a Irmandade Galega de Venezuela, o Valle Arriba
Athletic Club, A Casa Portuguesa do estado de Arágua, o Clube Santa Paula, o
Centro Italiano-Venezuelano de Caracas y o Clube Porto Azul. In “Bom dia
Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
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