Quatro
universidades brasileiras, a Unicamp, a Federal do Rio de Janeiro, a Federal do Ceará e a Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas de São Paulo decidiram romper seus
convênios de cooperação com as universidades israelenses de Haifa, de Ben
Gurion e com o Instituto Tecnológico Technion, em reação às violências
cometidas por Israel na
Esses
convênios previam intercâmbio de alunos, professores e projetos mútuos de
pesquisa. Esse mesmo tipo de boicote tem a participação de universidades da
Noruega, Irlanda, Bélgica e Espanha.
Na
Suíça, onde as universidades de Lausanne e Genebra também aderiram ao boicote,
o jornal Le Temps procurou saber quais
consequências negativas podem resultar desse movimento tanto para Israel como
para as universidades israelenses e estrangeiras. Para isso, foi entrevistado
Shlomi Kofman, responsável pela parceria de Israel com o programa Horizon Europe.
A
síntese dessa entrevista é a de que "o boicote a Israel é contraproducente"
no domínio da pesquisa científica, havendo riscos tangíveis para a ciência,
segundo os cientistas israelenses. desde 1996, Israel e a europa se beneficiam
dessa parceria em ciência e tecnologia, envolvendo estudantes, pesquisadores e
empresas europeias.
Até
hoje, Horizon Europe tem favorecido de maneira apolítica a pesquisa e a
política, evitando ser envolvido pela política concentrado no objetivo de
inovação e progresso para a humanidade.
A revista K,
preocupada com os judeus na Europa e com o ressurgimento do antissemitismo,
integrada por universitários e jornalistas, abriu um grande espaço dedicado
"aos universitários israelenses face ao apelo pelo boicote de suas
universidades.
Três
professores contribuíram com suas respostas: Itai Ater e Alon Korngreen, do
grupo Universitários pela democracia israelense, e o prof. Eyal Benvenisti,
membro do Fórum dos professores de direito israelenses pela democracia.
Sobre
os impactos decorrentes dos boicotes às universidades israelenses, acham que
são muitos limitados. O governo israelense considerará serem ataques a Israel,
hostilidade internacional, e reforçará as posições atuais.
O
boicote será proveitoso ao governo atual e prejudicará as universidades,
reforçará também a ideia de que "o mundo está contra Israel" levando
o governo a um isolacionismo. O boicote prejudicará no que se refere às
iniciativas de pesquisa e colaborações internacionais, reduzindo financiamentos
e impedindo avanços universitários, limitando as trocas de ideias.
Muitas
universidades israelenses - contam eles - participam de pesquisas inovadoras
nos campos da medicina, tecnologia e meio ambiente. O boicote causará a perda
de parceiros internacionais importantes para o progresso dos projetos e
impedirá seus avanços.
Eles
enumeram os prejuízos para os universitários israelenses, mas é também
importante considerar a perda correspondente para os estudantes das
universidades boicotadoras, privados de pesquisas e de experiências
internacionais. Resta a dúvida se a aplicação do boicote tem algum resultado
positivo. Rui Martins – Suíça
__________
Rui Martins é
Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador
do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas,
que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos
emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da
corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto
Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do
Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de
Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de
Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso
de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
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