Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Internacional - O boicote às universidades israelenses

Quatro universidades brasileiras, a Unicamp, a Federal do Rio de Janeiro, a Federal do Ceará e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de São Paulo decidiram romper seus convênios de cooperação com as universidades israelenses de Haifa, de Ben Gurion e com o Instituto Tecnológico Technion, em reação às violências cometidas por Israel na Faixa de Gaza, depois do ataque terrorista do Hamas no 7 de outubro de 2023.

Esses convênios previam intercâmbio de alunos, professores e projetos mútuos de pesquisa. Esse mesmo tipo de boicote tem a participação de universidades da Noruega, Irlanda, Bélgica e Espanha.

Na Suíça, onde as universidades de Lausanne e Genebra também aderiram ao boicote, o jornal Le Temps procurou saber quais consequências negativas podem resultar desse movimento tanto para Israel como para as universidades israelenses e estrangeiras. Para isso, foi entrevistado Shlomi Kofman, responsável pela parceria de Israel com o programa Horizon Europe.

A síntese dessa entrevista é a de que "o boicote a Israel é contraproducente" no domínio da pesquisa científica, havendo riscos tangíveis para a ciência, segundo os cientistas israelenses. desde 1996, Israel e a europa se beneficiam dessa parceria em ciência e tecnologia, envolvendo estudantes, pesquisadores e empresas europeias.

Até hoje, Horizon Europe tem favorecido de maneira apolítica a pesquisa e a política, evitando ser envolvido pela política concentrado no objetivo de inovação e progresso para a humanidade.

A revista K, preocupada com os judeus na Europa e com o ressurgimento do antissemitismo, integrada por universitários e jornalistas, abriu um grande espaço dedicado "aos universitários israelenses face ao apelo pelo boicote de suas universidades.

Três professores contribuíram com suas respostas: Itai Ater e Alon Korngreen, do grupo Universitários pela democracia israelense, e o prof. Eyal Benvenisti, membro do Fórum dos professores de direito israelenses pela democracia.

Sobre os impactos decorrentes dos boicotes às universidades israelenses, acham que são muitos limitados. O governo israelense considerará serem ataques a Israel, hostilidade internacional, e reforçará as posições atuais.

O boicote será proveitoso ao governo atual e prejudicará as universidades, reforçará também a ideia de que "o mundo está contra Israel" levando o governo a um isolacionismo. O boicote prejudicará no que se refere às iniciativas de pesquisa e colaborações internacionais, reduzindo financiamentos e impedindo avanços universitários, limitando as trocas de ideias.

Muitas universidades israelenses - contam eles - participam de pesquisas inovadoras nos campos da medicina, tecnologia e meio ambiente. O boicote causará a perda de parceiros internacionais importantes para o progresso dos projetos e impedirá seus avanços.

Eles enumeram os prejuízos para os universitários israelenses, mas é também importante considerar a perda correspondente para os estudantes das universidades boicotadoras, privados de pesquisas e de experiências internacionais. Resta a dúvida se a aplicação do boicote tem algum resultado positivo. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é Jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.

 

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