Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Trump pode deportar até os indígenas americanos

Em paralelo às expulsões de imigrantes dos Estados Unidos aplicadas pelo ICE (Immigration and Customs Enforcement), geralmente com o uso da força e, se necessário, da violência, agora são os próprios indígenas norte-americanos, como os Navajos, que temem ser presos pelo ICE e deportados não sabem para onde.

De acordo com dados oficiais, mais de 400 mil imigrantes sem papéis já foram expulsos, entre eles mais de dois mil brasileiros. Outros, num total de um milhão e seiscentos mil chamados de ilegais, preferiram sair voluntariamente, alguns recebendo uma ajuda de custo.

De acordo Jonathan Nez, ex-presidente dos Navajos do Arizona, numa reportagem do Le Temps, jornal suíço, muitos indígenas mais velhos têm medo de sair do território da reserva e serem apanhados pelo ICE, pois não têm nenhum documento, nasceram em casa e ficaram sem uma certidão de nascimento.

Assim, os ameríndios dos Estados Unidos temem serem deportados de suas terras ancestrais. A administração Trump está anulando todas regras antes existentes entre as diversas populações ameríndias e mesmo questionando sua cidadania.

Como aconteceu no Brasil, os indígenas foram dizimados ou transferidos para outras regiões menos produtivas pelos colonizadores. Foi assim com os Cherokees, removidos para o Oeste pelo Indian Removal Act de 1830. Seguido do Indian Appropriation Act.

Enquanto no Brasil são missões religiosas norte-americanas encarregadas da assimilação dos indígenas da Amazônia, houve nos EUA uma assimilação forçada de crianças ameríndias em pensionatos, onde eram proibidas sua língua, religião e sua cultura.

Uma esperança surgiu com Joe Binden, responsável pela nomeação de uma primeira ameríndia como ministra do Interior, Deb Haaland, responsável por utilizar bilhões de dólares para melhorar as condições de vida nas reservas. Ela também criou uma unidade especial para investigar os milhares de casos de desaparecimento e assassinatos de indígenas.

Donald Trump, no seu retorno à presidência, justamente no primeiro dia, revogou a cidadania norte-americana por nascimento. Esse decreto visa também os ameríndios que só tiveram direito a um passaporte em 1924. Trump cortou também subvenções à cultura, escolas e universidade para ameríndios e anulou investimentos em infraestruturas e energias limpas nas reservas, muitas delas ainda sem eletricidade. Está programado o fim dos serviços médicos gratuitos nas reservas com sua privatização.

E assim chegamos ao livro Enterrem Meu Coração na Curva do Rio, de Dee Brown,1970, traduzido pelo conhecido jornalista do Estadão, JT, Veja, Geraldo Galvão Ferraz, o Kiko, trazido à atualidade pelo Eduardo Bueno, também jornalista, tradutor e influencer.

Esse livro conta uma parte da história de crimes cometidos pelos descobridores e colonizadores imigrantes no que seriam os Estados Unidos, na chamada Conquista do Oeste. Essa história da colonização dos Estados Unidos foi levada ao cinema hollywoodiano, cujos filmes faroestes transformaram em heróis os massacradores de ameríndios. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu “Dinheiro Sujo da Corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, “A Rebelião Romântica da Jovem Guarda”, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.



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