Um grupo de cientistas espanhóis deu um passo importante na luta contra o cancro ao conseguir eliminar, em laboratório, mutações genéticas responsáveis por alguns dos tumores mais agressivos. O avanço foi possível graças a uma técnica de edição de ADN de alta precisão.
Investigadores
da Universidade de Granada, em Espanha, conseguiram detetar e eliminar mutações
no gene KRAS que podem impulsionar o desenvolvimento de vários tipos de cancro,
avançou esta semana a Europa Press.
"O estudo representa um marco ao demonstrar que é
possível eliminar mutações-chave diretamente do ADN tumoral. (...) Pode
redefinir a forma como abordamos certos tipos de cancro", disse o
professor da Universidade de Granada e líder da investigação do Genyo, Pedro P.
Medina.
O
gene KRAS atua como um interruptor molecular que informa as células sobre
quando devem crescer e dividir-se, segundo os investigadores do Centro de
Investigação Genómica e Oncológica da Pfizer da Universidade de Granada e do
Governo Regional da Andaluzia, que realizaram o estudo, em Espanha.
“Interruptor molecular” fora de controlo
De
acordo com o estudo, publicado na revista científica Nature Communications,
quando o KRAS sofre uma mutação, "este interruptor fica preso na posição
ligado", causando uma multiplicação descontrolada" que resulta em
tumores agressivos e um mau prognóstico (previsão sobre o desenvolvimento de
uma doença), refere a Europa Press.
As
mutações do gene KRAS causam cancro do pulmão, do pâncreas e do cólon, alguns
dos mais letais, segundo a investigação.
Para eliminar as mutações associadas ao crescimento tumoral, os investigadores desenvolveram uma terapia baseada no sistema de edição genética HiFi-Cas9.
"Em vez de bloquear a proteína já produzida pela
célula, pensamos eliminar a mutação na sua origem genética. Desta forma, o
tumor perde a base para o seu crescimento", indicou Medina.
Edição genética de "alta-fidelidade" mostra
resultados promissores
O
sistema utilizado permite aos cientistas editar o DNA com precisão, cortando e
modificando genes específicos para tratar doenças, sendo este, uma versão de
"alta-fidelidade do sistema de edição genética CRISPR-Cas9", segundo
a Europa Press.
A
estratégia foi validada em testes com células e em tecidos de ratos com cancro
do pulmão.
Nas
células, a edição genética "reduziu drasticamente a viabilidade das
células tumorais portadoras do KRAS mutado", segundo a Europa Press.
Nos
tecidos de ratos, a edição com HiFi-Cas9 atrasou "significativamente o
crescimento tumoral" e em alguns casos, a eficácia foi ainda superior à do
medicamento para o cancro do pulmão Sotorasibe, segundo a mesma fonte.
Medina
indicou que a terapia ainda não pode ser usada nos pacientes e destacou que é
necessário descobrir como utilizar a edição com HiFi-Cas9 de forma eficiente,
garantindo a segurança dos utentes a longo prazo. In “Sapo” – Portugal com “Europa Press” e “Lusa”
Sem comentários:
Enviar um comentário