Um restaurante de gastronomia mediterrânica abre oficialmente este sábado na Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin. Localizado no centro comercial Huafa, o restaurante Vivo é um Projecto de dois portugueses que viram uma oportunidade de aproximar duas geografias – China e sul da Europa.
Não
se trata de culinária de fusão. Ainda assim convivem neste restaurante várias
tradições: culinárias portuguesa, espanhola e italiana, preparadas por um chef
de Xangai com matéria-prima chinesa.
“Estamos
na China, queremos apostar em produtos frescos chineses”, diz à Lusa um dos
sócios, João Maria Pegado.
Tanto
é que no menu não se encontra, para já, o tradicional polvo à lagareiro. Há que
continuar a percorrer os mercados locais até encontrar o produto ideal, explica
Pegado.
“Poderíamos
ir a Macau buscar o polvo congelado, mas o nosso grande objectivo era trabalhar
com produtos frescos na China. Em termos de custo, torna muito mais rentável,
mas queremos também aproveitar e fazer esta fusão entre produtos chineses e
pratos portugueses”, diz.
O
Vivo está em modo ‘soft opening’ desde 18 de Julho. E João Maria Pegado
não se queixa do trajecto percorrido até aqui, apesar da dificuldade da língua.
À
Lusa, diz que vai concorrer em breve aos apoios do Governo de Macau, numa
altura em que as autoridades incentivam o investimento na Zona de Cooperação
Aprofundada, uma área económica especial, criada em 2021 com vista à
diversificação económica e integração regional da RAEM no resto do país.
E
Hengqin atrai cada vez mais visitantes de Macau, refere o investidor. Nesta
área gerida pelos dois lados da fronteira, já é permitida, por exemplo, a
circulação de condutores de Macau, mediante pedido de licença, lembra Pegado.
Mas
há outros atractivos: a gasolina é mais barata – “os carros de Macau vêm
abastecer-se ao fim de semana, parecemos nós [portugueses] em Badajoz” – os
supermercados mais em conta, mais espaço e mais áreas verdes. “Espaço aberto
onde se pode relaxar sem se estar no meio da cidade. Essa é a grande razão que
faz com que as pessoas troquem Macau por Hengqin ao fim-de-semana e às vezes
até durante a semana, à hora do almoço”, reflecte.
Também
Hengqin parece ser uma opção mais económica para os chineses que visitam Macau,
onde, de acordo com dados referentes a Agosto, o preço médio de um quarto de
hotel é 1461 patacas.
“Hengqin
tem sido cada vez mais um ponto de concentração, de dormida, utilizado por
muitos visitantes. Muitos dos prédios que foram feitos como escritórios, o
Governo deu licenças (…) para se fazerem hotéis ao estilo de Airbnb [alojamento
local]”, disse.
Hong
Kong e Macau são, para já, origem do grosso dos visitantes do restaurante, mas
João Maria Pegado espera também alcançar mais consumidores do Interior da
China.
“Ainda
há poucas pessoas que sabem o que significa [o conceito] mediterrânico”,
salienta, referindo, no entanto, que, para muitos dos que visitaram o Vivo, a
paella negra tem sido escolha recorrente.
A
este prato juntam-se outras especialidades da casa, como arroz à pescador,
camarões à guilho ou frango no churrasco, nomeia Pegado, que deixou uma
carreira ligada ao desporto para se dedicar ao negócio da restauração.
“É
especial”, assume. “Sentia que faltava um restaurante de comida ocidental, e
que poderia ter sucesso nessa parte (…). Vivo em Hengqin há três anos e é um
local que aprecio bastante, permite-me estar perto de Macau, cidade onde cresci
e com a qual me sinto identificado”, conclui. In “Jornal
Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”
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