Lisboa – A jornalista portuguesa Sandra Inês Cruz lança, no dia 01 de Novembro, em Lisboa (Portugal), o seu primeiro livro Tarrafal, 1975. O Campo do Silêncio, sob as chancelas de Almedina e Edições Afrontamento.
“(…)
Os discursos oficiais e a historiografia dão por encerrado o Campo de
Concentração do Tarrafal a 01 de Maio de 1974, como pode-se comprovar nas
várias publicações dedicadas ao tema. Acontece que em Dezembro de 1974, 58
homens, quase todos naturais de Cabo Verde, foram encarcerados no Tarrafal por
motivos políticos”, declarou a autora, em entrevista à Inforpress.
Conforme
explicou, “sem acusação formal ou processos conhecidos” estes homens que não se
reviam no projecto de união de Cabo Verde com a Guiné-Bissau estiveram presos
durante meses e foram libertados a 06 de Julho de 1975, no dia seguinte à
independência de Cabo Verde.
Fez
saber ainda que entre estes 58, 19 foram transferidos para Lisboa durante o mês
de Junho de 1975, onde continuaram presos até Setembro, já Cabo Verde era
independente.
Estas
“vozes discordantes do caminho acordado entre Portugal e o Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo-verde (PAIGC)” reclamavam um referendo para que a
população fosse consultada sobre o processo de independência, segundo Sandra
Cruz.
Numa
abordagem puramente jornalística com levantamento de notícias de jornais,
arquivos e informação obtida através de entrevistas feitas a vários presos,
viúvas, filhos e irmãs “que até hoje esperam uma explicação”, Sandra Cruz
revela quem são os últimos presos do Campo de concentração.
E
ainda “Porque foram silenciados? Como puderam ser detidos numa prisão que já
tinha festejado o fim? Acima de tudo, porque é que ninguém diz os seus nomes?”,
questionou.
“Portanto
o livro é sobre um Tarrafal que tem sido ocultado da memória colectiva e da
esfera pública. Um Tarrafal que foi reaberto depois do 25 de Abril, quando em
Portugal se respirava liberdade. O meu objectivo e o deste livrinho que publico
enquanto jornalista e não como académica, é acrescentar memória ao Campo. Nada
mais”, finalizou Sandra Cruz.
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