Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 19 de outubro de 2025

Terra









Vamos aprender português, cantando

 

Terra

 

Eu vou embora, vou deixar a minha terra.

Vou à procura de um lugar para morar.

Levo na mala este sonho que me espera,

e a saudade pronta para me apertar.

 

Lá na cidade ainda ninguém sabe o meu nome,

mas sei de cor o que me faz caminhar.

Há tanta gente sem saber pra onde corre,

todos perdidos a tentar respirar.

 

Eu fui arrancado das raízes lá da terra,

pois o meu sonho não tem espaço lá no lar.

Pouco vagar pra filas de muita espera...

Ai, e o tempo vai.

 

Eu trabalho cedo, volto tarde e calado.

Forço o sorriso só pra não me veres chorar.

Levo no bolso um retrato amarrotado,

no coração, a vontade de voltar.

 

Já me disseram que ser do sul não me ajuda,

só me chamavam por cortesia.

Mas sou teimoso e não largo a minha luta,

vim pra provar que sonhar não é fantasia.

 

Eu fui arrancado das raízes lá da terra,

pois o meu sonho não tem espaço lá no lar.

Pouco vagar pra filas de muita espera...

 

Eu fui arrancado das raízes lá da terra,

pois o meu sonho não tem espaço lá no lar.

Pouco vagar pra filas de muita espera...

Ai, e o tempo vai.

 

Não me contento com migalhas,

trabalho árduo pra ver o sol raiar.

Mesmo com a alma em remendos,

eu sei que um dia vou lá chegar.

 

Não sou homem de me queixar,

um passo à frente ou dois atrás.

Se falhar, que seja a tentar.

Vais ver, avô, que sou capaz.

 

Eu fui arrancado das raízes lá da terra,

pois o meu sonho não tem espaço lá no lar.

Pouco vagar pra filas de muita espera...

 

Eu fui arrancado das raízes lá da terra,

pois o meu sonho não tem espaço lá no lar.

Pouco vagar pra filas de muita espera...

 

Ai, e o tempo vai.

Deixei no sul a minha mãe,

para o sonho não ficar aquém.

 

Edmundo Inácio - Portugal


 

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