Uma delegação da Guiné Equatorial está a documentar mais de 4000 peças em museus de Barcelona e Madrid, um passo antes da sua restituição
O
Governo da República da Guiné Equatorial, por meio do Conselho de Pesquisa
Científica e Tecnológica (CICTE), realizou uma missão oficial à Espanha,
especificamente a Barcelona e Madrid, com o objetivo de identificar, registar e
avaliar os bens culturais e naturais de origem equatorial guineense preservados
em instituições espanholas desde a época colonial.
A
delegação visitou cinco centros importantes: o Museu de Etnologia e Culturas do
Mundo, o Museu de Ciências Naturais de Barcelona, o Fundo Sabater Pi da
Universidade de Barcelona, o Arquivo Regional de Osona e o Museu Nacional de
Antropologia (MNA) em Madrid.
De
acordo com os dados coletados, somente o Museu de Etnologia e Culturas do Mundo
abriga cerca de 2204 peças de origem guineense equatorial, a maioria do povo
Fang, embora também haja objetos Bubi, Hauçá e Anobonese. O Museu Nacional de
Antropologia regista cerca de 2000 itens adicionais, mais de 1500 também
ligados à cultura Fang.
O
Diretor Geral de Ciências Humanas, Tradições, Arqueologia e Artes Visuais do
CICTE, José Juan Mañana Nva, explicou que o objetivo central desta missão é
"entender o que foi transportado para a Espanha durante o período
colonial, com o objetivo de recuperar a nossa independência cultural e
conseguir a restituição dos objetos que pertencem ao nosso povo e à nossa
identidade cultural histórica".
A
delegação também incluiu Teodoro Oló Fernández, Diretor de Cooperação e
Relações Internacionais do CICTE, e Cristeta Mangue Ona, Chefe de Coordenação
Administrativa, que destacaram a atitude aberta e colaborativa demonstrada
pelas instituições espanholas durante todo o processo.
No
âmbito da missão, o Museu de Ciências Naturais de Barcelona e o CICTE
concordaram em estabelecer uma colaboração técnica focada na troca de
conhecimento sobre a conservação de coleções naturais, enquanto o Museu
Nacional de Antropologia expressou a sua disposição de manter um diálogo ético
e direto com as comunidades de origem dos artefatos.
Esta
é a primeira missão oficial da Guiné Equatorial com o objetivo de lançar as
bases para um processo de restituição patrimonial, que representa um passo
decisivo na descolonização cultural do país. Nos próximos meses, o CICTE
processará as informações coletadas para apresentar formalmente as
reivindicações às autoridades competentes e promover a restituição de bens que
fazem parte da identidade e da memória histórica do povo guineense. Marisa
Okomo – Guiné Equatorial in “Real Equatorial Guinea”
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