O Ministério da Educação de Angola manifestou hoje “surpresa e desagrado” face à decisão tomada pela Escola Portuguesa de Luanda (EPL) de suspender o regresso presencial dos alunos àquela instituição, onde foi detetada uma infeção pelo novo coronavírus
Num
comunicado de imprensa, o Ministério da Educação angolano refere que a decisão
tomada pela instituição portuguesa não vincula o órgão governamental angolano,
que atestou o cumprimento dos requisitos pedagógicos e de biossegurança na
escola.
A
Escola Portuguesa de Luanda anunciou num comunicado, divulgado no sábado
através da sua página da Internet, que na primeira semana de regresso às aulas
presenciais “um elevado número de alunos não compareceu”, revelando
“insegurança por parte expressiva dos pais”, apesar de terem sido adotadas
todas as medidas de segurança e prevenção, pelo que decidiu regressar ao regime
não-presencial a partir de hoje.
Além
disso, foi registado um caso positivo de uma aluna da escola.
A
direção pedagógica da EPL referiu ainda no documento que a evolução da situação
epidemiológica no país, com um progressivo aumento do número de casos, bem como
a debilidade de resposta em termos de assistência médica, foram fatores que
pesaram na decisão.
Sobre
esta observação, o Ministério da Educação de Angola entende que, “em primeiro
lugar, não cabe à EPL emitir juízos de valor sobre o Sistema Nacional de
Saúde”.
“Adicionalmente,
em termos comparativos, a nível da CPLP (Comunidade de Países de Língua
Portuguesa), os dados oficiais indicam que Angola (com 7622 casos), está em 5.º
lugar em número de casos, abaixo do Brasil (5224362), Portugal (99911),
Moçambique (10866) e Cabo Verde (7752), um número que revela os esforços do
executivo em lidar de forma responsável com a pandemia, bem como o controlo que
se tem sobre a mesma, especialmente se tivermos em conta o rácio da população
vs número de casos nos vários países”, sublinha o documento.
Angola
é entre os países africanos lusófonos o que regista maior número de óbitos
(247), seguindo-se Cabo Verde (85 mortos), Guiné Equatorial (83), Moçambique
(73), Guiné-Bissau (41) e São Tomé e Príncipe (15).
Na
opinião do Ministério da Educação, o registo de um caso positivo de covid-19 em
uma aluna “não é elemento bastante para decidir suspender o regime misto,
porquanto o protocolo do Governo português, e por extensão da EPL, não prevê
encerramento de escolas à base de ter sido diagnosticado um caso ou dois de
covid-19”.
Segundo
“o documento português que define as regras para a educação, o fecho de uma
escola só deve ser ponderado em situações de elevado risco no estabelecimento
de ensino”, refere ainda o comunicado, que apela à EPL e todas as escolas
estrangeiras no país a pautarem pelo diálogo com o Ministério da Educação “na
base das boas práticas e respeito pelas regras vigentes, num espírito de
responsabilidade”
O
Ministério da Educação de Angola exorta ainda a EPL a “estabelecer uma relação
de confiança com os pais e encarregados de educação, permitindo que sintam mais
confortáveis com a ideia de enviarem os seus educandos para as aulas
presenciais”.
Angola
contabilizou até às últimas 24 horas um total de 7622 casos do novo
coronavírus, dos quais 247 mortes, 3030 doentes recuperados, estando ativos 4345,
dos quais nove em estado crítico, com ventilação mecânica invasiva, 20 graves,
101 moderados, 411 com sintomas leves e 3804 assintomáticos.
A
pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40
milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela
agência francesa AFP.
A
doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de
2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois
de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o
continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes. In “Angola
24 Horas”
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