Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Brasil - Escâner de contêiner traz mais segurança às cargas transportadas pelo Porto de Natal

 


Imprescindível à segurança das cargas transportadas pelo Porto de Natal, o escâner de contêiner chegou ao local nesta quinta-feira (8), após mais de dois anos de tratativas em torno da viabilização da aquisição do equipamento, cujo aluguel custará em torno de R$ 400 mil mensais. Para entrar em operação, porém, é necessário um licenciamento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), solicitada pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), administradora do Porto, que espera utilizar o equipamento a partir da próxima semana. A expectativa do diretorpresidente da Codern, almirante Elis Treidler Öberg, é que o equipamento dificulte o esquema de tráfico internacional de drogas através do terminal portuário.

A CNEN, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, é a autoridade responsável por emitir autorizações para instalações de equipamentos radiativos no país. O diretor-presidente da Codern afirmou que o licenciamento faz parte do trâmite burocrático, mas que “o escâner deve começar a operar o mais rápido possível”. As próximas cargas devem começar a chegar ao Porto de Natal a partir deste sábado (10) para exportação, mas ainda não deverão passar pelo novo escâner.

Segundo a Polícia Federal e a Receita Federal, a ausência do escâner no Porto de Natal era o principal facilitador para a atuação de traficantes de drogas no local. Sem o equipamento, o procedimento de segurança para verificar o conteúdo dos contêineres é limitado. As primeiras apreensões de drogas no local mostraram que era através das cargas que os entorpecentes entravam no Porto, camufladas em caixas de frutas com destino à Europa.

Desde que o esquema foi revelado, com a primeira apreensão em fevereiro de 2019, a Codern tenta adquirir o escâner, mas os alertas emitidos pela Receita Federal sobre a necessidade do equipamento são anteriores. No entanto, a Companhia tem dificuldades financeiras e acumula uma dívida de R$ 42 milhões, computada até 2019, com a União. A informação é da Procuradoria da Fazenda Nacional. O débito inviabiliza a destinação de recursos para investimentos e melhorias no terminal portuário. O equipamento atualmente à disposição do porto foi alugado por um ano pela Progeco, empresa terceirizada que opera no Porto de Natal.

Os valores não foram revelados pela empresa e a Codern afirmou que não sabe detalhes do contrato. Entretanto, o diretor-presidente da companhia disse que o aluguel custa de R$ 350 mil a R$ 400 mil por mês. Esse valor também inclui a operação do equipamento. “O aluguel é o resultado de um esforço que contou com a participação de todas empresas que atuam junto à Codern, desde os operadores até as empresas de fruticultura”, disse o almirante Öberg nesta quinta-feira (8), à Tribuna do Norte.

Mais segurança

O escâner dificulta o tráfico de drogas através do local, mas isso não significa que o esquema foi totalmente desarticulado. A apreensão de cocaína no sábado (3) revelou uma mudança no modo de operação dos traficantes, já que a tentativa foi entrar com a droga no Porto através da carroceria de um caminhão e não mais diretamente dentro do contêiner, como foi observado nas apreensões ao longo de 2019.

Na nova estrutura, a inserção das drogas na carga aconteceria dentro da zona portuária, após o contêiner passar pelas inspeções de segurança, e não antes. “A presença do escâner dificulta que o contêiner já entre aqui contaminado. Ele fatalmente precisa ser contaminado aqui dentro, o que já é mais complicado”, destacou o diretor presidente da Codern.

Essa técnica é chamada de “rip/on-rip/off” e é utilizada pelos criminosos em outros portos brasileiros que possuem o escâner de contêiner para burlar o equipamento. É o caso do Porto de Santos, em São Paulo, onde 29 toneladas de cocaína foram apreendidas em 2019.

“Sabendo do esforço para ter o escâner e das constantes apreensões que ocorreram, o esquema se modificou. É uma luta contínua e precisamos ficar vigilante quanto a isso”, continuou Öberg. Luiz Gomes – Brasil inTribuna do Norte”

 

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