Séculos depois de os portugueses terem passado pela Ásia,
o património fisionómico ainda é visível e o arquitecto João Palla Martins
começou a fotografá-lo há três anos. Como resultado, os retratos dos
luso-descendentes de Macau foram agora compilados num livro que foi lançado no
passado sábado
O
arquitecto João Palla Martins está há três anos a fotografar os rostos
luso-descendentes herdados pela Ásia ao longo dos séculos. As fotografias dos
descendentes dos portugueses que ficaram em Macau são mostradas no livro
“Retratos Luso-Asiáticos de Macau”, lançado no passado sábado. Este álbum, com
cerca de 70 fotografias, só contém rostos de Macau. João Palla Martins quer, no
futuro, lançar outros livros com retratos das suas passagens por outros pontos
da Ásia.
Este
livro agora lançado resulta da “constatação de que existe um património além do
património cultural, gastronómico, linguístico, religioso, etc.; também existe
um património que são os rostos – o património fisionómico – de origem
portuguesa”.
O
arquitecto deu início ao projecto numa viagem que fez ao Myanmar: “Acabei por
fazer um registo de imensos rostos e esses rostos são, de facto, rostos
híbridos, rostos que mostram mistura de culturas e em que, após 400 anos, ainda
se distinguem as feições de uma mistura portuguesa com birmanesa”. Após a
viagem, o arquitecto quis continuar a passar por sítios na Ásia com
descendentes de portugueses para fotografar os habitantes de cada sítio. O
projecto começou em 2017 e João Palla Martins reuniu cerca de 500 retratos no
total.
“Constatando
que existem estas comunidades de luso-descendentes pela Ásia toda, comecei a
fazer algumas viagens neste sentido, chegar lá, fotografar as pessoas e saber
como é que elas vivem. Então, fui a Goa, Sri Lanka, fui à Indonésia, aos ditos
portugueses de Hong Kong, fui à Tailândia, e claro que Macau também interessa”,
explicou. Os luso-descendentes de Macau são os protagonistas do primeiro livro
de retratos de João Palla Martins. Este livro inclui um texto trilingue da
investigadora Sheyla Zandonai. As fotografias do livro já estiveram em
exposição na Universidade de Aveiro e também na Universidade de Macau.
O
próximo livro de retratos deverá ser lançado no próximo ano, mas a comunidade
de luso-descendentes a ser protagonista ainda não está escolhida: “Estou a ver
qual é que estará em melhores condições para sair. Mas ou será o de Malaca, na
Malásia, ou o do Myanmar, que foi a minha primeira viagem. Ainda não sei”.
O projecto de João Palla Martins começou há três anos, mas ainda não terminou. “Ainda tenho de tirar fotografias em Timor-Leste, tenho de voltar à Tailândia, tenho de voltar à Índia, tenho de ir a Singapura, tenho de ir à ilha das Flores. Ainda faltam uma série de viagens para se considerar que este projecto está acabado”, referiu. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”
andrevinagre.pontofinal@gmail.com
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