A
viagem do navio-escola Sagres no âmbito das comemorações do V Centenário da
Circum-Navegação por Fernão Magalhães “será retomada” assim que a pandemia da
covid-19 o permitir, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto
Santos Silva.
“A
viagem do navio-escola Sagres será retomada logo que a evolução da pandemia o
permita”, garantiu o ministro, precisamente no dia em que há 500 anos, no
extremo sul da Argentina, Fernão Magalhães virou o Cabo das Onze Mil Virgens,
como o navegador português haveria de batizá-lo, em homenagem ao dia de Santa
Úrsula e às onze mil virgens, e que hoje tem o seu nome.
“O
nosso plano é utilizar a viagem da Sagres de forma a que, em cada porto a que
acostar, haver atividades culturais e comemorativas da viagem de
circum-navegação e foi o fato de isso se ter tornado impossível que ditou a
suspensão da viagem”, explicou o governante, numa conferência de imprensa que
se seguiu à terceira reunião da Comissão Nacional para as Comemorações do V
Centenário da Circum-navegação, em que estiveram igualmente presentes o
ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, e José Manuel Marques, presidente da
Estrutura de Missão do V Centenário da 1.ª Circum-Navegação.
“Continua
a ser nossa intenção recriar a viagem de circum-navegação, estamos articulados
com o Governo de Espanha, que também tem o compromisso de recriar a viagem de
circum-navegação com o seu próprio navio-escola”, sublinhou Santos Silva, e a
prova disso, reforçou, é que na proposta do Orçamento do Estado para 2021 “está
lá prevista a verba financeira necessária”.
A
pandemia causou impactos substanciais no programa das comemorações, mas a
circunstância de estar repartido por três anos, “dá alguma margem de manobra ao
projeto”, disse, por seu lado, Serrão Santos.
“O
fato de estas comemorações terem sido planificadas para durar três anos
está-nos a dar oportunidade de adaptar as comemorações às circunstâncias deste
impacto inesperado da covid-19, que, ao contrário da viagem de Magalhães, deu a
volta ao mundo em muito pouco tempo”, disse o ministro do Mar.
O
programa destas comemorações, reforçou Serrão Santos, “está focado no percurso
de exploração” feito pelo navegador português, que “foi orientado pelo comércio
das especiarias e que permitiu, não só provar que todos os oceanos estão
unidos, como é possível circum-navegar a terra. Começou aí a globalização”,
disse.
É,
portanto, “um projeto que comemora uma expedição que demorou três anos. Está
focado na partida, também no evento único e fantástico que hoje se assinala, que
é a passagem do Estreito das Onze Mil Virgens, que é como Fernão de Magalhães
lhe chamou; não está focado na chegada”, disse ainda o ministro do Mar.
O
presidente da Estrutura de Missão do V Centenário da 1.ª Circum-Navegação
reconheceu também que, se a recriação da viagem de Magalhães iniciada com a
partida de Lisboa em janeiro do navio-escola Sagres, era “o projeto bandeira”
das comemorações, “a suspensão da viagem comprometeu todo o conjunto de
iniciativas que estavam previstas”.
Nesta
fase, a estrutura de missão está empenhada num “processo de reprogramação”
junto com as instituições e parceiros associados às comemorações em todos os
territórios onde o navio deverá passar quando a viagem for retomada.
Investimento
Oito
projetos financiados com um total de 2,3 milhões de euros, nas áreas de
observação da Terra, clima, mobilidade e biodiversidade, foram apresentados na
sessão comemorativa do V centenário da viagem.
Os
projetos, a realizar durante três anos (ou quatro em casos justificados), são
financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que lançou em 2019
um concurso no âmbito das comemorações dos 500 anos da primeira viagem à volta
ao mundo, feita entre 1519 e 1522 pelos navegadores português Fernão de
Magalhães e espanhol Juan Sebastián Elcano.
As
propostas de trabalho selecionadas propõem-se, por exemplo, aplicar a
inteligência artificial à previsão de ondas (Instituto Superior Técnico),
“desenvolver a próxima geração de sensores geoquímicos para a monitorização em
tempo real do movimento do magma em profundidade” (Fundação Gaspar Frutuoso) e
explorar dados da expedição de circum-navegação antártica para “um melhor
conhecimento de nuvens e precipitação” (Universidade de Aveiro), segundo o
Ministério da Ciência.
Outros
projetos incidem sobre a monitorização e gestão de recursos pesqueiros ao longo
da rota Atlântica de Magalhães-Elcano (Universidade do Minho), as toxinas de
serpentes da Amazônia (Requimte – Rede de Química e Tecnologia), aditivos de
base nanotecnológica para revestimentos anticorrosivos marítimos (Universidade
de Aveiro), a gestão da polinização e agricultura sustentável (Ciimar – Centro
Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental) e genética, história e
cultura humanas no espaço da circum-navegação (Ipatimup – Instituto de
Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto).
Cada
projeto vai receber até 300 mil euros, totalizando os oito 2,3 milhões de
euros, de acordo com o ministério.
Ao
concurso, aberto entre março e abril de 2019, podiam concorrer equipas de
pesquisadores de universidades, empresas, laboratórios ou instituições sem fins
lucrativos.
O
programa das comemorações do V centenário da viagem Magalhães-Elcano incluía o
lançamento de um concurso para projetos de investigação e inovação nas áreas
associadas à circum-navegação. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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