Depois de as rotas marítimas entre as duas Regiões Administrativas Especiais terem sido interrompidas, golfinhos brancos chineses regressaram às águas entre Macau e Hong Kong. Especialistas dizem ter encontrado três diferentes grupos de golfinhos, incluindo seis adultos
Golfinhos
brancos chineses estão a regressar às águas entre Hong Kong e Macau depois de a
pandemia da COVID-19 ter levado à interrupção dos serviços de “ferry” entre as
duas Regiões Administrativas Especiais. Ainda assim, cientistas continuam
“muito preocupados” com a sobrevivência, a longo prazo, desta espécie numa das
rotas marítimas com maior tráfego.
Segundo
a “AFP”, Naomi Brennan começou a aperceber-se da presença dos golfinhos e a
inserir a sua localização num GPS. Conservacionistas como Brennan regularmente
andam de barco no Delta do Rio das Pérolas para avaliar a condição destes
mamíferos. “Hoje [dia 20] encontrámos três diferentes grupos de golfinhos –
seis adultos e dois sub-adultos”, explicou acrescentando que eles nadavam,
alimentavam-se e sociabilizavam.
Ao
longo de vários anos, observar a condição dos golfinhos tem sido uma tarefa
desmotivante. “A população caiu entre 70% e 80% ao longo dos últimos 15 anos,
naquele que é um dos estuários mais industrializados”. Porém, este ano, os
números recuperaram devido à pandemia que levou à suspensão dos transportes
marítimos e os cientistas olham para esta fase como uma oportunidade para
estudar o modo como os mamíferos se adaptaram à “calma sem precedentes”.
“Estamos
a ver grupos muito maiores, bem como muito mais sociabilização, reprodução, o
que não vimos ao longo dos últimos cinco anos”, indicou Lindsay Porter, uma
bióloga marinha que vive em Hong Kong. Segundo a sua equipa, o número de
golfinhos cor-de-rosa aumentou cerca de um terço desde Março. “estas áreas
parecem ser importantes para a alimentação e sociabilização, assim, é óptimo
ver que há um refúgio para eles”, acrescentou Naomi Brennan que integra esta
equipa.
O
Delta do Rio das Pérolas é uma das zonas costeiras mais industrializadas e,
além de um tráfego pesado ao nível de navios cargueiros, o habitat dos
golfinhos tem sentido o impacto de projectos de grande escala como a construção
do Aeroporto de Hong Kong e da Ponte do Delta.
De
acordo com o “World Wildlife Fund” (WWF), só há cerca de 2000 golfinhos
brancos chineses no Delta do Rio das Pérolas, o número mínimo necessário para
manter a espécie, acreditam os conservacionistas. Há um receio de que esta
espécie possa extinguir-se. “Golfinhos, especialmente estes golfinhos num
estuário, têm uma taxa de natalidade baixa, bem como uma lenta taxa de
crescimento e de reprodução” disse Laurence McCook, director de conservação
oceânica do WWF em Hong Kong.
“Agora
identificámos um habitat que pode ser reclamado [pelos golfinhos] e que pode
ser usado para apoiar a população”, sublinhou Naomi Brennan frisando que as
recentes descobertas podem ser uma oportunidade para os conservacionistas no
sentido de reverter a situação da população vulnerável de golfinhos”,
acrescentou ainda. “O facto de termos visto uma mudança tão dramática apesar de
ser tão cedo, é muito positivo”.
Ainda
assim, o responsável alerta que esta espécie está “a ficar sem tempo”. “Eles
[golfinhos] são um ícone da área. São parte da herança cantonense e estão aqui
há milénios. Seria uma tragédia global perder estas criaturas icónicas no
futuro da Grande Baía”. Inês Almeida – Macau in “Jornal
Tribuna de Macau” com “Agências Internacionais”
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