A alga vermelha "Sphaerococcus coronopifolius" da costa de Peniche possui compostos com atividade antitumoral que podem contribuir para o desenvolvimento de novos fármacos ou potenciar o efeito de fármacos de combate ao cancro já existentes, anunciaram investigadores
"Conseguimos
perceber que duas das sete moléculas estudadas conseguem inibir o crescimento
de esferas tumorais, pelo que prosseguimos com o estudo para uma avaliação mais
aprofundada até à possível descoberta de um potencial fármaco", explicou à
Lusa Celso Alves, Investigador do MARE- Politécnico de Leiria que liderou a
investigação.
Os
compostos desta alga também "poderão ter potencial para serem utilizados
em conjunto com as terapias atuais, potenciando o efeito dos fármacos" já
existentes, acrescentou.
A
equipa de investigadores, que integra biólogos, bioquímicos, químicos e
farmacêuticos, estudou 27 macroalgas da costa de Peniche, no distrito de
Leiria, até conseguir "isolar os compostos responsáveis pelo potencial
antitumoral e perceber que tipo de ação induzem", disse Celso Alves.
A
"Sphaerococcus coronopifolius" revelou ser a alga com maior potencial
antitumoral quando testada em linhas celulares humanas derivadas do cancro
hepático e cancro colorretal.
Durante
o projeto, com duração de quatro anos, os investigadores conseguiram descobrir
compostos que conseguem inibir o crescimento de células tumorais, tendo isolado
sete moléculas, das quais duas novas de origem marinha eram desconhecidas dos
cientistas.
O
estudo, também da autoria de Eurico Serrano, Carlos Rodrigues, Maria Alpoim
(Universidade de Coimbra), Luís Botana (Universidade de Santiago de
Compostela), Susete Pinteus, Helena Gaspar, Joana Silva e Rui Pedrosa
(Politécnico de Leiria), foi publicado em abril na revista científica
"Biomedicine & Pharmacotherapy" e será apresentado na terça-feira
no Encontro de Ciência 2020.
O
estudo integrou investigações mais amplas, que foram financiadas em 174 mil
euros pela Fundação para a Ciência e Tecnologia ("Red2Discovery") e
em dois milhões de euros pelo programa comunitário Compete
("POINT4PAC").
A
primeira fase do trabalho foi concluída e os resultados obtidos
"abriram" novas oportunidades de investigação para continuar a
avaliar e a compreender o verdadeiro potencial terapêutico destes compostos
nesta área.
A
equipa voltou a candidatar o projeto a novas fontes de financiamento, para
continuarem a estudar, com o intuito de "validar o resultado em modelos
mais complexos, usando vários tipos de células e tecidos tumorais para
compreender o efetivo efeito antitumoral". In “Jornal
de Notícias” – Portugal com “Lusa”
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