Ao
estudarem pequenas aves migratórias com dispositivos de geolocalização, os
cientistas observaram que estas abandonaram uma zona para se reproduzirem pouco
depois da sua chegada e dois dias antes de uma forte tempestade. As mariquitas
d’asa amarela (“Vermivora chrysoptera”) já viajaram 1.500 km em cinco dias para
escaparem de uma tempestade nos EUA, disseram os autores do estudo, publicado
na revista especializada ‘Current Biology’.
Ao
longo do estudo dos dados apurados, os investigadores encontraram algo estranho
com cinco dos pássaros que estavam a ser monitorados: quatro deles desviaram a
sua rota pela Carolina do Norte, Geórgia e desceram rumo à Flórida, antes da
tempestade. Um quinto pássaro seguiu pela costa da Flórida até Cuba, antes de
retornar à sua rota, nas montanhas do Tennessee. Isso foi tido como estranho
pelos cientistas, já que esses pássaros não são conhecidos por tal
comportamento, mas sim, pelo facto de obedecerem a uma rota clara, marcando o
seu território e criando os seus filhos.
Primeiro,
achavam que se trataria de um erro de posicionamento, mas depois, ao reverem os
dados, não acharam nada que atestasse isso. Foi então que procuraram uma
explicação alternativa. “O mais curioso é que estes pássaros abandonaram o
lugar muito antes da chegada das chuvas”, estimou Henry Streby, um ecologista
da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
“Quando
os especialistas do canal meteorológico disseram que a tormenta se dirigia para
nós, os pássaros preparavam-se para sair da zona”, explicou. Segundo os
pesquisadores, as aves, ao contrário dos humanos, são capazes de ouvir
infrassons de baixíssima frequência que se propagam em longas distâncias e são
gerados principalmente por perturbações meteorológicas severas.
“Os
meteorologistas e físicos já sabiam que as tempestades que geram tornados
produzem fortes emissões de infrassons, que viajam milhares de quilómetros e a
frequências as quais estes pássaros são mais sensíveis”, explicou o ecologista.
Os
investigadores também mostraram que esta espécie, que segue as mesmas rotas
migratórias todos os anos, pode também efectuar deslocamentos fora dos seus
períodos de migração quando necessário. Este sexto sentido dos pássaros é uma
boa notícia para a sua sobrevivência em resposta ao aquecimento climático, que
conduzirá a um aumento da intensidade e frequência de tempestades e tornados,
destacaram.
“Isso
significa que, face ao aquecimento climático, os pássaros deverão adaptar-se
melhor do que alguns previam”, afirmou Streby. Algumas habilidades dos animais
são percebidas pela sabedoria popular, o que se deve a contínua observação ao
longo do tempo. Agora, as pesquisas científicas surgem para comprovar estas
teses. In “Green Savers Sapo” - Portugal
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