Uma
equipa do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra (ISR-UC)
desenvolveu uma microrrede de energia inovadora, que agrega produção
fotovoltaica, armazenamento de energia em baterias de iões de lítio (baterias
de última geração), controlo inteligente de cargas e interação vehicle to grid
(V2G) usando carregadores elétricos com a recente tecnologia “silicon-carbide”
– carregadores especiais que permitem transferência de potência bidirecional de
elevada eficiência.
Uma
microrrede (em inglês, microgrid) é uma rede inteligente de distribuição de
energia com capacidade para funcionar de forma autónoma da rede elétrica
principal, e que permite a integração, monitorização e controlo dos recursos,
proporcionando maior eficiência energética e combatendo o desperdício.
Podemos
imaginar bairros inteiros a funcionarem como microrredes – com telhados
repletos de painéis fotovoltaicos acoplados a um sistema de baterias de
armazenamento de energia e a veículos elétricos, bem como a um sistema
inteligente de controlo e monitorização, permitindo, por exemplo, armazenar o
excesso de produção gerada ao longo do dia para assegurar o fornecimento de
energia à noite, quando não é gerada energia fotovoltaica.
«O
nosso trabalho consistiu precisamente em interligar todos estes ativos e
colocá-los a funcionar em conjunto, para ter uma microrrede que consiga
funcionar autonomamente, só com a sua produção local e capacidade de
armazenamento. O sistema que desenvolvemos é, cremos nós, o primeiro em
Portugal a incluir V2G (vehicle-to-grid) e carregadores “silicon-carbide” e
será usado para desenvolver algoritmos de controlo de microrredes numa panóplia
de cenários», explica Alexandre Matias Correia, investigador principal do
projeto, que faz parte da sua tese de doutoramento, orientado pelo catedrático
Aníbal Traça de Almeida.
A
microrrede desenvolvida no ISR-UC está em teste no Departamento de Engenharia
Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC) e os primeiros resultados indicam uma
eficiência energética entre os 85-90%. O sistema solar fotovoltaico tem uma
potência de 78kWp e foi inteiramente adquirido pelo ISR e oferecido à
Universidade de Coimbra.
Esta
instalação-piloto vai servir de modelo para o próximo passo da investigação:
desenvolver uma microgrid específica para ser utilizada em situações de
catástrofe. «Com base nesta bancada de testes, vamos desenvolver novos
algoritmos e estratégias de controlo que permitam manter e garantir o
fornecimento de energia mesmo durante situações de catástrofe, como incêndios
florestais, furacões, cheias etc.», diz Alexandre Matias Correia.
O
investigador do ISR considera que o paradigma energético está a mudar,
salientado que, «sem dúvida, o futuro passa pelas microrredes. São soluções
tecnológicas que contribuem de forma significativa para o processo de transição
energética, a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) e combate ao
desperdício».
O
projeto, que foi recentemente exposto à comunidade científica, na 56ª
Conferência IEEE “Industrial & Comercial Power Systems”, vai ser
apresentado à EDP Distribuição na próxima segunda-feira, dia de 12 de outubro. Universidade
de Coimbra - Portugal
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