“Histórias contadas, criadas e abensonhadas” é um workshop para crianças, de seis sessões, onde serão apresentados contos de histórias do mundo lusófono com o intuito de despertar a importância da relação com o livro como objecto, o cultivo do hábito de leitura e do uso da imaginação
Amanhã
realizar-se-á o segundo workshop do projecto “Histórias contadas, criadas e
abensonhadas”, organizado por Elisa Vilaça, na Livraria Portuguesa, havendo
posteriormente ainda mais quatro sessões, que se realizarão nos sábados
seguintes, no mesmo local.
O Ponto
Final falou com Elisa Vilaça que explicou um pouco sobre este projecto de
contos de histórias para crianças. “O workshop funciona, no fundo, um
pouco para incentivar os jovens à leitura e à familiarização também com o
objecto livro, porque hoje em dia, mais do que nunca, as crianças têm uma série
de elementos, novas tecnologias, e isso tudo que normalmente se sobrepõe à
leitura, à história, ao estar atento, ao imaginário… por isso é fundamental que
não seja esquecido, não é?”, disse a antiga professora primária.
Elisa
Vilaça explica que uma actividade destas vem no contexto de criar um pouco de
“magia” através do conto de histórias, da metodologia que é aplicada no conto,
no próprio momento de contar a história, com a presença do próprio livro. O
mostrar das imagens ou ilustrações do livro são também um aspecto importante
para que o conto se vá desenvolvendo, considera Elisa Vilaça, juntamente com o
tipo de linguagem muito especial, própria do estilo literário.
A
responsável pelo workshop disse que haverá também histórias inventadas,
criadas e contadas pela própria e recriadas a partir de histórias existentes,
algo que também é importante para o desenvolvimento das crianças, considera
Vilaça, como “contos que muitas vezes são alterados no imaginário dos miúdos”.
Outro exercício será o processo da história contada e imaginada também pela
própria criança, como uma forma de explorar o seu imaginário.
O workshop
terá a duração de uma hora e contará com inscrições limitadas a apenas oito
lugares, para crianças dos 5 aos 9 anos de idade. A antiga professora explicou
que a razão deve-se não só às limitações do próprio espaço da Livraria
Portuguesa, como também atendendo aos problemas em relação ao confinamento e
regras relacionadas com a pandemia.
Ao
Ponto Final, Elisa Vilaça explicou o funcionamento do workshop: “As
crianças chegam ao espaço, têm as suas próprias almofadas para se sentarem e eu
começo a contar-lhes as histórias. Falo um bocadinho, faço uma breve
apresentação, que muitas vezes é um exercício extra com as crianças. O início
da sessão depende muito como eles chegam, se estão bem dispostos, se estão
excitados… e realmente, neste contexto, é instigado por mim um pouco, tentar
cativá-los para aquilo que vai ser feito nesse dia, porque todos os dias varia
um bocadinho. O contexto é importante para determinar que tipo de história se
vai fazer e como é que se pode começar a criar aquela situação de espanto nas
crianças e deixá-las interessadas no que irá acontecer”, explicou a responsável
pelo workshop, acrescentando que atendendo às faixas etárias, “o nível de
dificuldade não pode ser muito grande”.
Elisa
Vilaça trabalha com crianças há 40 anos e está também bastante envolvida no
teatro de marionetes. Para a própria, trabalhar com crianças é quase como “uma
rotina”, e sente-se à vontade para trabalhar com os mais jovens. Em Macau,
explica, o maior desafio é que a maioria das crianças são de língua materna
chinesa, isto é, crianças de etnia chinesa que estão interessadas em aprender o
português.
Na
primeira sessão do workshop, que decorreu no sábado passado, teve seis
crianças inscritas que aderiram, sendo que quatro delas eram de língua materna
chinesa e que pretendiam aperfeiçoar o português. “Isso é um desafio muito
grande, porque é pô-las um pouco à prova e pedir-lhes para serem elas a contar,
serem elas a explicar as coisas. É um desafio maior para uma criança que não
domina completamente o português, do que para outra que domina, por isso, na
própria selecção de histórias e na forma como elas são exploradas, tem que se
ter atenção a essa capacidade de compreensão por parte das crianças que estão envolvidas
no projecto”, prosseguiu.
Questionada
acerca da ligação de Mia Couto a esta iniciativa, Elisa Vilaça esclarece que o workshop
terá contos de “histórias do mundo”, principalmente de histórias ligadas aos
países lusófonos, uma vez que Macau tem estado com “um trabalho e uma
preocupação de uma interligação no processo das línguas lusófonas”. A menção a
Mia Couto é apenas como uma inspiração para a própria, pois a organizadora tem
um “apreço e uma dedicação muito especial” ao trabalho realizado pelo escritor
moçambicano, especialmente devido ao imaginário e o tipo de linguagem que
utiliza, e admite ser uma “leitora compulsiva” do escritor.
O
workshop “Histórias contadas, criadas e abensonhadas” tem ainda duas vagas
disponíveis, com um custo de 625 patacas por criança. Os interessados podem
dirigir-se à Livraria Portuguesa para se inscreverem. Joana Chantre – Macau in “Ponto
Final”
Joanachantre.pontofinal@gmail.com
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