Privadas da sua atividade normal, as associações
lusófonas em França multiplicam esforços dentro e fora da comunidade,
fabricando máscaras, dando apoio social, telefonando para os mais frágeis e até
entregando material hospitalar também em Portugal
“Estamos
a continuar o nosso trabalho. Todas as pessoas que pedem auxílio, fazemos o
possível para ajudar e distribuir bens alimentares […] Não há nenhum
confinamento que nos impeça de dar ajuda às pessoas que precisam”, afirmou
António Fernandes, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paris, em
declarações à agência Lusa.
Esta
instituição, com mais de 25 anos de ação na capital francesa, continua a
atender todos os pedidos por telefone e a levar bens alimentares aos que mais
precisam, cumprindo todas as regras de segurança.
Para
já, António Fernandes está surpreendido pela pouca solicitação que têm tido,
mas considera que é normal por haver “um certo medo” da situação.
Outras
estruturas portuguesas não têm tido mãos a medir. É o caso da associação
Hirond’Ailes, que está a produzir máscaras de tecido e a entregá-las em
hospitais, clínicas e a pessoas de risco da região parisiense que as usam nas
curtas saídas de casa.
A
ideia partiu da presidente Suzette Fernandes, que é representante dos utentes
de um grupo hospitalar na região de Paris, e decidiu trocar a confeção de
artigos em tecido para arrecadar fundos para o fabrico de máscaras.
“Eu
recebo os pedidos, encomendo os tecidos e mando entregar nas casas das
costureiras, mas está muito complicado. Elas não recebem os tecidos a tempo e
estão a usar tudo o que têm em casa”, relatou Suzette Fernandes, assegurando
que as máscaras em algodão seguem todas as normas indicadas pelas autoridades e
servem como “uma primeira barreira” ao contágio.
As
sete costureiras que trabalham com a Hirond’Ailles já produziram cerca de 500
máscaras, com cerca de 100 a serem distribuídas este fim de semana. Os pedidos
podem ser feitos através das redes sociais da associação.
A
associação Dimitri Francisco, presidida por Gilberto Mota, radicado em França,
está a produzir viseiras para distribuir nos hospitais portugueses.
“Como
estou em França, telefonei às pessoas da associação em Portugal e disse que
gostava que fizéssemos um donativo, mas disseram-me que dar dinheiro era
complicado, portanto era preferível dar máscaras ou viseiras. Comprámos então
uma máquina 3D para produzir viseiras”, contou Gilberto Mota.
Em
Portugal, a associação Dimitri Francisco distribui prendas de Natal nos
hospitais, mas Gilberto é também vice-presidente da associação Les Amis Du
Plateau que em França está atualmente a arrecadar donativos para distribuir a
hospitais e bombeiros na região parisiense.
Já
a CHEDA – Crianças de hoje e de amanhã, que apoia crianças em Cabo Verde, está
mobilizada para contactar pessoas de risco na comunidade cabo-verdiana em Paris
e arredores.
“Estamos
a tentar acompanhar o maior número de pessoas, a ligar e a saber como estão. A
nível de associação, mas também a nível pessoal”, indicou Annie Lacerda, que
integra esta associação.
Annie
Lacerda diz que as pessoas lhe relatam se têm ou não sintomas, mas também que
querem que o período de quarentena acabe e que “estão ansiosas” e
“preocupadas”, tendo até medo de ir às compras.
O
apoio também se estende aos autarcas de origem portuguesa, com a Civica,
associação que agrupa todos os eleitos de origem portuguesa em França, a
divulgar informação oficial sobre o combate ao vírus em todas as frentes.
“Já
tínhamos uma plataforma desde o início do ano com informação geral sobre
saneamento ou urbanismo que permite aos autarcas uma informação rápida, com a
pandemia apercebemo-nos que havia muitas perguntas sobre o dia a dia, incluindo
informações oficiais, então todas as noites atualizamos essa plataforma”,
indicou Paulo Marques, autarca em Aulnay-sous-Bois e presidente da Civica.
Além
dos números oficiais da pandemia em França, a Cívica põe também à disposição
dos autarcas de origem portuguesa outro tipo de informação ligada a esta crise
como as medidas económicas para apoiar as empresas ou as atualizações oficiais
do estado de emergência sanitária atualmente vigente em França. In “Revista
Port. Com” - Portugal
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